sábado, 12 de dezembro de 2009

A Polêmica Nuclear Chega ao Nordeste

Inicialmente, a Eletronuclear vai instalar duas usinas no mesmo local, mas o terreno deve ser grande, para comportar mais quatro, conforme o cronograma de expansão. Um dos grandes problemas é o lixo nuclear que ainda não tem destinação segura.

ANGRA DOS REIS (RJ) - A velha polêmica sobre a energia nuclear volta à tona. Agora, no Nordeste. A estatal Eletronuclear pretende divulgar, até o próximo dia 20, um levantamento indicando os 20 lugares que estão na disputa para receber uma central com duas usinas nucleares a serem construídas na região. Cada usina representa um investimento de cerca de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 6,8 bilhões) a serem bancados pelo governo federal.

A decisão sobre a localização do empreendimento será política e vai ocorrer no próximo ano, quando serão realizadas eleições para presidente e governador. A polêmica ocorre porque muitos ambientalistas acreditam que poderiam ser implantados empreendimentos mais verdes, como usinas eólicas ou geração de energia com biomassa.

Cada uma das usinas previstas para se instalar no Nordeste terá a capacidade para gerar 1 mil megawatts (MW), unidade que mede a energia. Na disputa pela central nuclear estão Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas. Até agora, o Estado que está tendo uma postura mais ativa na prospecção do empreendimento é Alagoas, cujo governador, Teotônio Vilela Filho, já visitou as usinas de Angra acompanhado do seu secretariado.

Vários são os fatores a favor da implantação de um empreendimento desse tipo: o investimento é alto, a energia gerada é considerada limpa, porque não emite gás carbônico. Depois que a Eletronuclear concluir o estudo com os nomes das 20 localidades será feito um novo levantamento para escolher cinco locais e a Eletronuclear vai fazer o estudo de impacto ambiental de cada um deles. A decisão final será sobre esses cinco locais.

O lugar a ser escolhido deverá ser próximo ao litoral, porque o empreendimento vai precisar de uma grande quantidade de água para resfriar os seus equipamentos, e tem que estar perto de um grande centro consumidor de energia. O terreno disponível para receber o empreendimento deve comportar, inicialmente, duas usinas nucleares e ser adequado para a implantação de mais quatro usinas em futuras expansões.

O impacto econômico de um empreendimento desse tipo é grande. A receita bruta de uma das usinas a ser instalada é de R$ 1 bilhão por ano e a sua implantação provoca um aumento na arrecadação de impostos estaduais e municipais, além de gerar cerca de 1,7 mil empregos diretos, quando entrar em operação.

O Brasil também tem uma grande disponibilidade da matéria-prima usada para fazer o combustível nuclear: o urânio, um mineral que é extraído de uma mina em Caetité, no interior da Bahia. A sexta maior reserva desse minério é brasileira. O grande problema de uma usina nuclear continua sendo o lixo. O combustível usado é a pastilha de urânio enriquecida, um material radioativo, o qual deve ser isolado e acondicionado por muitos anos. Ele não pode ficar exposto ao meio ambiente.

“O resíduo nuclear já pode ser reprocessado e isso já é feito em países como Japão, França e Inglaterra”, explicou o responsável pelo escritório da Eletronuclear no Nordeste, Carlos Mariz. A França faz o reprocessamento para aproveitar melhor o produto, já que não é produtora de urânio. Depois de reprocessado, fica um resíduo que corresponde a 2,5% do total.

O resíduo da usina nuclear é dividido em alta radioatividade e média radioatividade. Nas usinas de Angra, o primeiro é armazenado em piscinas, enquanto o segundo é guardado em tonéis. Ambos estão dentro da empresa. A primeira usina de Angra começou a fazer testes com combustível nuclear em 1982. Desde então, já foram acumulados 2,2 mil metros cúbicos de rejeito industrial que estão guardados no local.

Fonte: Jornal do Comércio (Angela Fernanda Belfort)
Data: 06.12.09
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