sábado, 25 de dezembro de 2010

Eis que acionamos a economia da morte

Hoje é Natal e celebramos o nascimento, a maternidade, a paternidade. Longe de ser acolhedora da vida, nossa sociedade aciona a economia da morte. Os empreendimentos que fazem crescer o Produto Interno Bruto de cada país nem sempre acalentam a vida. Antes, tiram-lhe as condições de possibilidade.

Eis alguns:

Produção de motos gera empregos, mas, junto com eles, inúmeros acidentes mortais para jovens na faixa dos 20 e poucos anos, mutilações em milhares de outros;

Da indústria do fumo nem se há de comentar;

O Ceará acaba de determinar o recolhimento de mais imposto sobre as bebidas alcoólicas importadas -- para não ficar em situação desigual perante outros Estados! kkk! Pode?

Os incentivos às montadoras e as facilidades de crediário fizeram crescer exponencialmente a venda de automóveis. Resultado: engarrafamentos homéricos até em cidades pequenas como Fortaleza, mais queima de combustível fóssil, mais CO2 na atmosfera, mais acidentes, tudo isso encoberto pela louvação ao crescimento do PIB.

A indústria de eventos traz copa e olimpíada para o Brasil, o que causa uma reestruturação dos territórios de nossas cidades-sede, pouco importando se multidões de pobres são afastados de seus locais de vida e jogados para bairros periféricos inóspitos. Importa ao capital que desempregados, desdentados, desclassificados fiquem invisíveis. E que em seus locais de origem se instalem edifícios para moradia da classe média abastada, vias suntuosas, infra-estrutura para turista fruir, por exemplo, usando sexualmente nossos meninas e meninos.

A propaganda incentiva o consumo exacerbado, torna massa as pessoas que deveriam ser pensantes. A imbecilização geral é necessária para esta economia alcançar seus objetivos.

Ademir Costa