sábado, 31 de julho de 2010

COMEÇA O FÓRUM TRANSNACIONAL EMANCIPAÇÃO HUMANA

O Instituto Crítica Radical, a Universidade Federal do Ceará – UFC e a Universidade Estadual do Ceará – UECE, com o apoio de várias instituições, promoverão, entre os dias 1º e 5 de agosto, na Quadra do CEU da Universidade Federal do Ceará (Benfica/UFC), o Fórum Transnacional da Emancipação Humana – Desafios da Humanidade e do Planeta, cujo principal objetivo é debater idéias sobre o atual momento de crise do sistema capitalista, o qual constitui hoje uma ameaça à humanidade e ao planeta.

O esforço dos organizadores do Fórum é a construção de um ambiente favorável para o pensar e o agir emancipatórios, contribuindo para que integrantes dos movimentos sociais de vários países, e também locais, apropriem-se da problemática, difundindo novas idéias e conceitos, com base na crítica radical do valor e do fetichismo, debatendo as mais recentes elaborações, reflexões e pesquisas de uma crítica social avançada.

Com a realização do fórum, pretende-se ainda avançar na compreensão crítica do mundo e fundamentar a atividade teórica e prática dos movimentos sociais, que se colocam no terreno da transformação das condições de “dominação fetichista” sobre os seres humanos, transcendendo o sistema produtor de mercadorias e inaugurando uma nova relação social.

Os conferencistas do Fórum serão: Anselm Jappe, doutor em Filosofia e Ciências Sociais, professor e ensaísta alemão; Gérard Briche, doutor em Filosofia, professor e ensaísta francês; Luis Andrés Bredlow, doutor em Filosofia e diplomado em Ciências Sociais, professor e ensaísta espanhol, editor da revista Mania; Felicidad Espinoza Soto, mestra em Desenvolvimento Rural, Ciências Ambientais e a bióloga na Espanha; Além de Jorge Paiva, Rosa Fonseca e Maria Luiza Fontenele integrantes do Instituto Crítica Radical de Fortaleza.

Mais informações no site

www.forumdaemancipacaohumana.org

PROGRAMAÇÃO DO FÓRUM TRANSNACIONAL
EMANCIPAÇÃO HUMANA
Desafios da Humanidade e do Planeta
01 a 05 de agosto de 2010

Quadra do CEU da UFC/Benfica
PROMOÇÃO: Instituto Crítica Radical, Universidade Federal do Ceará (UFC)
e Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Apoio: CETREDE, FUNCAP, IFCE, FAC, UVA, URCA, FGF, CENTEC
01/Agosto (domingo)
Informações, credenciamento, contatos e Das 8 da manhã às 22 horas
mini-debates sobre os desafios teóricos e práticos do Fórum
• Local: Quadra do CEU – Av. da Universidade, Nº 2700 - UFC/Benfica
18h – Confraternização Emancipação ainda que tardia
• Local: Quadra do CEU – UFC/Benfica
02/ Agosto (segunda-feira)
15h – Robert Kurz no vídeo “Crise, Crítica Radical e Emancipação Humana” (50min). Em seguida, debate com organizadores do Fórum e conferencistas.
• Local: Auditório Rachel de Queiroz (Psicologia UFC - Benfica)
Obs: Após todas as conferências também serão realizados debates.
18h30 – Abertura
Jesualdo Pereira Farias (Reitor da UFC)
Francisco de Assis Moura Araripe (Reitor da UECE)
Maria Luiza Fontenele (Instituto Crítica Radical)

19h – O momento atual, a crise do valor-dissociação e a emancipação humana.
• Palestrantes: Maria Luiza Fontenele, Rosa Fonseca e Jorge Paiva
• Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica

03/ Agosto (terça-feira)
09h30 – Encontro para aprofundamento das temáticas apresentadas na abertura. Presença dos conferencistas e organizadores do Fórum.
• Local: Auditório Rachel de Queiroz (Psicologia UFC - Benfica)
12h – Atividades Artisticas e Culturais Emancipatórias( a programação está em construção)
16h – Alienação e Necessidades: Perspectivas de uma Emancipação Humana
• Palestrante: Gérard Briche
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica
19h - Poesia e Revolução - Debord e os palíndromos do tempo
• Palestrante: – Olgária Matos
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica

04/ Agosto (quarta-feira)
09h30 – Encontro para aprofundamento das temáticas apresentadas. Presença dos conferencistas e organizadores do Fórum.
• Local: Auditório Rachel de Queiroz (Psicologia UFC - Benfica)
12h – Atividades Artísticas e Culturais Emancipatórias ( a programação está em construção)
16h – Democracia, Indivíduo, Dinheiro e a Emancipação Humana
• Palestrante: Luis Bredlow
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica
19h – Marx, Fetichismo, Crise Atual e a Superação do Capitalismo
• Palestrante: Anselm Jappe
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica

05/ Agosto (quinta-feira)
09h30 – Encontro para aprofundamento das temáticas apresentadas. Presença dos conferencistas e organizadores do Fórum.
• Local: Auditório Rachel de Queiroz (Psicologia UFC - Benfica)
12h – Atividades Artisticas e Culturais Emancipatórias( a programação está em construção)
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica
16h – Lutas Sociais e Movimentos Indígenas na América latina, particularmente na Região Andina – A história da resistência indígena contra a dominação colonial e neocolonial é a história da defesa tenaz de uma forma de vida não dominada pelo dinheiro, a propriedade e o Estado.
• Palestrante: Felicidad Soto
• Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica

19h – Os Desafios da Humanidade e do Planeta para a Emancipação Humana
• Palestrante: Jorge Paiva
•Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica
21h30 – Confraternização para a Emancipação Humana.
• Local: Quadra do CEU-UFC/Benfica

Secretaria do Fórum:
Av. da Universidade, 2932 (Casa Ecológica) CEP: 60.020-481–Benfica
(85) 33667463/ 30812956/30910861 - Fortaleza – Ceará – Brasil
E-mails: prex@ufc.br • criticaradical@criticaradical.org
Sites: www.criticaradical.org • www.forumdaemancipacaohumana.

sábado, 17 de julho de 2010

Periferia em Cena com Escambo e Escambito

Leonardo Sampaio
Pedagogo, poeta, escritor e educador popular.

Manifestações da arte e cultura popular brasileira são acolhidas pelo Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (ESCUTA), no bairro Pici, em Fortaleza, com a apresentação da peça de teatro Jogueiros, que conta a história do bairro no olhar da juventude contemporânea. São cerca de 400 artistas de rua de diversas cidades e estados do Brasil que estão na capital, por meio do Movimento Escambo de Arte e Cultura em sua 26ª edição. O Escambo é um espaço de agregar as diversas linguagens da arte e cultura popular de rua, em uma cidade qualquer e ali simultaneamente várias atrações são apresentadas em ruas e praças e assim, a festa popular acontece com a beleza da arte e da cultura enraizada e resgatada pelo artista que faz rir, faz brincar, traz alegria, conta história e faz poesia.
O Escambo está em Fortaleza por meio de grupos culturais que formam o movimento de rodas de rua com diversas expressões artísticas culturais. São grupos que nascem em projetos de ONGs com foco no resgate da cultura popular e daí surgem os talentos artísticos e arte educadores, como é o caso do ESCUTA que em agosto 2010 completa 20 anos de Semana Cultural e que é realizada através da troca solidária, onde os artistas se encontram se conhecem e conhecem as artes uns dos outros e assim são convidados a visitarem as experiências em suas próprias comunidades, o que leva a formar laços de amizade entre instituições, técnicos e artistas fazendo com que comece uma mobilidade entre os grupos e aí, vem à necessidade de discutir as questões em comuns, razão pela qual surgiu a formação do Movimento Periferia-em-cena que descambou para o Escambo e que hoje faz acontecer durante o ano várias manifestações programadas nos bairros, denominadas de Escambito.
O Escambo acontece em Fortaleza de 15 a 18 de julho de 2010 e é a primeira vez que vem para uma Capital, sendo acolhido durante o dia em diversos bairros e a noite faz a festa acontecer no Pici, onde estão alojados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Adroaldo Teixeira, Escola que também abriga o Maracatu Nação Pici. A escolha do Pici se deu, por ser um bairro com manifestações culturais à flor da rua, com: reisado, maracatu, quadrilha junina, folclore, percussão, pastoril, teatro, musica, capoeira, poesia e um banquete literário. É o bairro que também acolhe a Campus do Pici da UFC, que vive entre muros de olhos fechado para o seu entorno, mesmo assim, os jovens escutam sussurros e pulam pra dentro para provar do saber cientifico e fazer o escambo com o saber popular.

Celebridade e Barbárie

Há relação entre a fama tautológica e os crimes parapragmáticos?

Francisco Bosco


Publicado em 22 de junho de 2010 na Revista Cult

Conta-se que, na década de 1970, o famigerado assaltante Lúcio Flávio e seu bando invadiram uma churrascaria no Rio de Janeiro e, na hora do assalto, reconheceram um repórter que estava entre os comensais. Este, Luarlindo Ernesto, sorriu meio sem jeito para o bandido, a quem conhecia de reportagens policiais. O bandido imediatamente devolveu a ele os objetos pessoais que haviam sido levados pelos outros assaltantes. Cerca de 30 anos antes, um ladrão pulou o muro de um presídio e caiu dentro da casa de Dorival Caymmi (que era, portanto, vizinha à penitenciária); ao deparar com dona Stella, esposa de Dorival e dona da casa, o ladrão pediu a ela que o deixasse passar.

No começo de 2006, também no Rio de Janeiro, quatro homens armados invadiram a casa do cineasta Zelito Viana, no Cosme Velho, e reconheceram entre as vítimas seu filho, o ator Marcos Palmeira. Entretanto, em vez de devolverem-lhe os pertences, trataram-no com violência redobrada: deram-lhe uma coronhada no rosto e por pouco não o levaram como refém. Alguns anos antes, o craque de futebol Romário também foi assaltado no Rio e, ao ser reconhecido pelos bandidos, não obteve privilégios: foi tratado com rispidez e teve de entregar tudo. E nos últimos anos outros jogadores de futebol famosos tiveram familiares sequestrados, como ocorreu, em 2004, com a mãe de Robinho, que chegou a ficar um mês no cativeiro.

Essa mudança na relação entre os criminosos e suas vítimas famosas parece ter sido acompanhada de uma transformação da relação entre o crime e sua finalidade. De pelo menos uns 15 anos para cá, multiplicaram-se os crimes bárbaros, caracterizados por uma absurda desproporção entre os objetivos práticos e os meios empregados para atingi-los. Na verdade, o que chama atenção é justamente o fato de que nesses crimes a violência não é um meio, mas um fim em si, um excesso sem causa e consequência aparentes. Às vezes um roubo termina, sem necessidade, do ponto de vista objetivo, em terrível suplício para as vítimas. Os ladrões já efetuaram o assalto, obtiveram os bens, não foram reconhecidos – e mesmo assim torturam as vítimas e as assassinam com requintes de crueldade. Outras vezes acontece uma falha, os bandidos são, por exemplo, reconhecidos pelas vítimas, e então não apenas não se hesita em matá-las, nem se pensa na forma menos dolorosa de fazê-lo, mas se mata da maneira mais pavorosa possível, como a família queimada viva dentro do carro, na cidade de Bragança Paulista, em 2006; os três jovens de 17 anos perfurados com espetos de churrasco numa casa no litoral sul de São Paulo; e o inesquecível caso do menino João Hélio, arrastado do lado de fora de um carro roubado durante 7 quilômetros, por ter ficado preso pelo cinto de segurança. Os ladrões teriam perdido 2 segundos se permitissem que ele fosse solto. Não teria feito diferença da perspectiva da finalidade “prática” do crime. Por que, então, a crueldade?

Talvez haja uma ligação entre as duas transformações, isto é, aquela da relação entre criminosos e famosos, e essa entre o caráter pragmático do crime e a violência excessiva que ele desencadeia. Essa ligação pode dizer respeito às características da relação entre os mitos da nossa cultura midiática e a sociedade.

Famosos por tautologia

Como se sabe, nosso tempo inventou uma espécie muito particular de celebridade: os famosos por tautologia. Antigamente, um imperador tornava-se célebre por suas conquistas bélicas, expansionistas. Um chefe de Estado notabilizava-se por sua astúcia política, por sua capacidade de liderança e presença de espírito. Um poeta era amado por revelar a sensibilidade de seu tempo e oferecer novas formas de subjetivação, outras possibilidades de viver. Hoje, o traço definidor das celebridades de nossa sociedade do espetáculo é a fama vazia, que resulta de um mero processo de repetição, ad nauseam, da própria imagem. A imagem da celebridade reproduz-se tantas vezes na mídia que ela acaba se tornando célebre. Ela é célebre porque é vista repetidamente. Daí a tautologia: é famoso porque é famoso.

A diferença é que, enquanto um estadista, um filósofo ou um artista prestam contribuições à sociedade, as celebridades contemporâneas geralmente nada oferecem aos outros. Pensar saídas econômicas para a melhor administração da sociedade, intervir no espaço urbano criando edificações privadas ou espaços públicos de lazer, propor formas experimentais de vida – isso fazem economistas, arquitetos, filósofos, e essa é sua contribuição para a melhoria da vida de todos. Mas o que oferece às pessoas a maioria das celebridades midiáticas de hoje? Nada? Não, pior: oferecem seu gozo a uma testemunha masoquista, humilhada, e em nada ajudam as pessoas a desenvolver suas potências, criar um quadro de valores com alguma autonomia, tornar-se críticas, arriscar formas de vida experimentais, crescer, brilhar, emancipar-se.

Essas celebridades são sobretudo parasitárias: vivem do desejo do outro, que lhes sustenta o narcisismo. Mas aquilo que o outro neles deseja é para muitos inalcançável: uma aparência perfeita, visibilidade, riqueza – e é isso que torna essa relação masoquista, fundada numa permanente defasagem de si em relação ao outro admirado. O fato de o espetáculo criar formas supostamente democráticas de acesso à celebridade, como o programa Big Brother Brasil, da Rede Globo, revela-se apenas uma estratégia de manutenção de uma perniciosa inversão de princípios. Pois não é a fama que deve ser democrática, e sim a contribuição pela qual alguém se torna famoso. Quando a celebridade é democratizada é porque ela atingiu um estado de absoluta gratuidade, o que significa que ela não pode trazer nenhum benefício à sociedade, portanto não pode ser democrática.

E enquanto os astros de telenovelas ostentam seus privilégios nas revistas de fofoca e nos programas de auditório, milhares de pessoas são cotidianamente humilhadas em nome, precisamente, do que faz com que os famosos sejam famosos. Pois, na sociedade do espetáculo, a confusão entre consumir, ser visto e existir faz com que quem não tem dinheiro e não é exposto na mídia não obtenha reconhecimento social. A exclusão hoje não é apenas econômica, mas acirrada por uma distribuição da economia narcísica tão injusta quanto a financeira (uns são vistos, outros não) e agravada ainda por um individualismo exacerbado e o esvaziamento das instituições culturais que dão coesão e fortalecem o reconhecimento mútuo.

Barbárie em cadeia

É assim que a admiração pelas celebridades está sempre a um passo de se tornar ódio mortal. “Por que eu deveria amá-lo se a sua fama só serve a ele e ainda me humilha?” Terá sido mais ou menos isso o que passou pela cabeça dos ladrões na hora em que reconheceram o ator Marcos Palmeira durante o assalto à casa de seu pai? Nesse caso, importa pouco que a celebridade em questão não seja uma pessoa arrogante, tenha um projeto ligado à produção de alimentos orgânicos etc. Marcos Palmeira não parece ser aquele tipo definido por Fernando Pessoa quando este diz que “é preciso ser muito grosseiro para se estar à vontade no sucesso”. Mas, para o humilhado, ele representa naquele momento o humilhador.
A transformação do caráter pragmático do crime em excesso de violência não é um fenômeno gratuito. Ela revela a profundidade do ódio daqueles que sofrem preconceito racial, levam porrada da polícia, não recebem escolaridade decente, em suma, não são contemplados pelo pacto social – e, portanto, por que deveriam permanecer-lhe fiéis? É a manifestação súbita da barbárie por parte de sujeitos que sofrem um processo gradual de barbárie por longos anos. E esse processo cotidiano de humilhação inclui a relação masoquista com os mitos da cultura midiática. A passagem do crime pragmático ao crime excessivo é, ela mesma, a um tempo excessiva e pragmática, irracional e finalista: por um lado é uma explosão espetacular de vingança, e por outro uma forma trágica de interromper provisoriamente o circuito social perverso em que o crime sem sangue é apenas um acidente previsto no funcionamento do processo excludente.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Seminário de Justiça Ambiental e Saúde

Fortaleza vai sediar, dia 09 julho, o I Seminário de Justiça Ambiental e Saúde do Ceará. O encontro é uma realização da Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares, Associação Cearense do Ministério Público, Associação Cearense dos Magistrados, Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará e Confederação do Equador.

O Seminário reunirá várias entidades da sociedade e profissionais do Sistema de Justiça para debater o que hoje se configura como uma das principais expressões da desigualdade social: a distribuição desigual dos riscos ambientais impostos pela lógica de um desenvolvimento predatório. São as populações mais pobres que hoje estão mais suscetíveis aos riscos decorrentes da falta de saneamento básico, de moradias em áreas de riscos, da poluição das pulverizações de agrotóxicos, da vizinhança com os lixões, entre outros riscos.

Na pauta de discussão do encontro, a apresentação do Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil, as características e peculiaridades dessa realidade no Ceará e o papel das instituições do Sistema Judiciário na concretização da Justiça Ambiental. Representando o Ministério Público, a Procuradora de Justiça Sheila Pitombeira discorre sobre o papel da Promotoria do Meio Ambiente e Planejamento Urbano na efetivação do Direito à Justiça Ambiental.

O encontro será no Auditório da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (ESMEC), a partir das 09 horas.