segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

REENCONTRO DOS ESTUDANTES DE VIANA


Na foto, a partir da esquerda: João Maria, Antonio Lindoso, Ana Célia, Ademir Costa, Magela, João Sousa, Antonio Everton e Sirgenê.

Já estamos discutindo nosso reencontro, no próximo ano. Ontem, dia 30, em S. Luís, o almoço na casa de praia de João Sousa, foi iniciado com os abraços a cada chegada de amig@s e regado a cerveja e vinho.

Reencontro em 2009
No meio da conversa, ressurge a idéia de nos encontrarmos no próximo ano, ou em S. Luís ou em Viana. Em dias diferentes ou nos mesmos dias do Congresso Cultural e Ambiental de Viana, que ocorre há 11 anos, sempre no mês de julho. Há quem defenda que nós participemos do congresso, apresentando nossa análise da contribuição do Seminário São José e da Escola Normal para Viana e a região.

Ajude a decidir
A idéia do reencontro foi dada por e-mail, pelo Jorge. Ele falou por si e pelos que não puderam vir, pois moram longe e foram avisados em cima da hora. Surgiram opiniões a favor e contra nosso encontro ser durante o congresso. a gente decide ao longo do ano, conversando pelo blog e por e-mail. O espaço está aberto. Cada um dê sua opinião.

Conversa do dia 30
O que rolou: recordações, análise sobre o porquê de nosso seminário ter aquela feição, relatos sobre o que fazemos hoje e lamentação pelos que não vieram. De vez em quando, o telefonema de alguém: "estou chegando, um abraço a todos", eram as mensagens deixadas.

Quem esteve presente
João Sousa e Fátima, radiantes, receberam como só maranhense e piauiense (ela) do interior sabem receber; Everton veio com a mulher Sandra e o filho que completava 20 anos naquela data e recebeu parabéns; Sirgenê disse que não poderia faltar e elogiou a teima de Ademir com suas cartas insistentes; Ademir estava com a mulher Luísa e com a filha débora (os outros dois filhos mais velhos, Lucas e Ruth, ficaram no Ceará, em programação própria); Ana Célia chegou com duas filhas e não trouxe o filho mais velho porque este se tinha compromisso com a família dele; Pe. Luís Carlos ligou e falou com alguns.

Mais gente
Magela incentivava a conversa; Lindoso disse ao telefone que não viria, pois o médico do coração recomendava repouso absoluto, após uma cirurgia; de repente, chega o próprio Antonio Lindoso, trazendo ninguém menos que João Maria, só que este estava com a cabeça estourando de dor. João Maria, que normalmente fala pouco, com dor de cabeça quase não disse nada. Fátima providenciou-lhe alguns remédios. Lá pelas tantas ele participou da conversa, dizendo que nossas opiniões sobre o contexto das atitudes dos padres italianos e de D. Hélio Campos estavam no rumo certo.

Faltaram alguns
Airton Marques prometeu passar, mas não foi lá. Deve ter ocorrido algum imprevisto. Vamos aumentar nossa lista, atualizada abaixo. Olhe sempre a lista, para saber quem nela entrou. Para inserir mais nomes, escreve carta ou e-mail ou telefone para o ademircosta@ibest.com.br.


RELAÇÃO DOS AMIGOS DE VIANA

Ex-estudantes do Seminário São José e/ou da Escola Normal Colegial N. S. da Conceição.

Última atualização: 31.dez.2007

ADEMAR VIEIRA MAIA
R. Dr. Arruda Negreiros 122/201
25025-300 DUQUE DE CAXIAS RJ
Tel.21-35167958, E-mail ademarvmaia@ig.com.br

ADEMIR COSTA
R. Castro Alves, 180
Joaquim Távora
60130-210 FORTALEZA CE
Tel. 85-3254.1203 e 99949052 E-mail ademircosta@ibest.com.br
Página: http://ademircosta.blogspot.com.br/

ANA CÉLIA ROCHA ZUZA
R. 10, Q. 21, Casa 14
Conj. Cohatrac II
65052-020 SÃO LUÍS MA Tel. 98-3238.8239, 8816.0093 e 9127.5132. E-MAIL: marliazuza@ig.com.br

ANTONIO LINDOSO
Fones (98) 3233.6631 e 8834.2313, nconsult@gmail.com

ANTONIO PENHA EVERTON
Santa Inês – MA, Fone: (98) 3653-1951/1054, Fax: (98) 3653-1001,
E-mail: apeverton@bnb.gov.br

DÁRIA COSTA GARCIA
R. 34, Q. 60, Casa 3
Conj. Cohatrac IV
65056-350 SÃO LUÍS MA Tel. 3238.4216

DEODATO ALVES FERNANDES
Rua 928, Casa 148, 4ª Etapa
Cojunto Ceará
60532-600 FORTALEZA CE

EDILSON SOUZA
R. São José, 1903
Trizidela
65607-440 CAXIAS MA Tel. 99-3251.1034

FRANCISCO MORAIS
Av. Atlântica, R. 52, Q. 24, Casa 3
Calhau
65000-000 SÃO LUÍS MA Tel. 3235.9328

GERALDO MAJELA ABREU
Tel 98-8151.8653 E-mail: mailto:mmajela.abreu@hotmail.com

GERALDO CUTRIM GOUVEIA
Rua 928, Casa 55, 4ª Etapa
Conjunto Ceará
60532-600 FORTALEZA CE Tel. 85-3489.3752

GERMANO SOEIRO E-mail: soeirogermano@bol.com.br

JOÃO MARIA ARAÚJO DOS SANTOS
E-mails joaomas1@yahoo.com.br e joaomas7@hotmail.com


JOÃO SOUSA
Rua Olavo Bilac 160
Monte Castelo
65035-486 SÃO LUIS MA
Tel. (098)91161260 e res. (098)3221-3162. E-mail j_sousa@bol.com.br

JORGE BENEDITO SILVA
Condomínio San Diego, casa 60 – Lago Sul – Brasília DF, CEP 71680-362 Fone residencial: 61 347272181 Celular: 61-81738195 e 61-99883381. Tel (61)2109-0701 Fax 21090702
jorge.silva@engevix.com.br Tel (61)2109-0701 Fax 21090702

JOSÉ AIRTON MARQUES
R. Irmã Dulce, 2561
Primavera
64006-300 TERESINA PI Tel. 86-3233.8752; e 9979.7494

José Lagoa Sobrinho
Rua Brasília, Quadra C, Casa 28 – Lot. Jardim América I – Olho d’Água. CEP 65065-020 São Luís MA. Telefones (98) 3226-9304 e 8825-0258.
joselagoa21@hotmail.com

JOSÉ LOPES
R. Laurindo Cerqueira, 88ª
Médice II
49048-220 ARACAJU SE Tel 79-3231.8149

JOSÉ RAIMUNDO SANTOS ALMEIDA (Soeirinho)
(021) 2650-1294

JOSÉ RIBAMAR DO NASCIMENTO PAIXÃO
Rua Joaquim Thomaz, 380 Ponte Preta
25900-000 MAGÉ RJ E-mail jribamar@rpjadvogados.com.br

MARIA VITÓRIA SIMAS DE OLIVEIRA MAICIEL
Rua das Ciências Contábeis Q 16, Casa 24
65078-420 SÃO LUIS MA
Tel. 98-3246.8139

MÁRIO NUNES
Tel (021) 2406-5187

MONSENHOR EIDER
Fone 98-3351.1149

NICODEMOS ARAÚJO COSTA
Rua da Economia, Q. 15, CASA 19
Cohafuma
65078-440 SÃO LUÍS MA Tel. 98-3246.1019 E-mail: ?

ONÉSIO MENDONÇA
Av. C, Casa 575
Conj. Ceará
60533-610 FORTALEZA CE Tel. 85-3259.1107 e 9609.5381

PE. JOSÉ RIBAMAR MORAIS
Casa Paroquial;R. S. Macedo, 1626
65400-000 CODÓ MA Tel. 98-3661.2150

PE. LUÍS CARLOS MARQUES SOUSA
R. Francisco Lacerda, 455
50741-150 RECIFE PE Tel. 81-9962.1036 E-mail: lulakarlos@uol.com.br e docenteuniv@hotmail.com

PE. MÁRIO CUOMO
Via Tem Cacciarru, 109016
IGLESIAS (CA) Itália Tel 39 320 0770337

PEDRO MENDENGO FILHO
Rua Angelina 117/301
ENCANTADO
20756-090 RIO DE JANEIRO RJ (Este não estudou no Seminário. É vianense que promove um congresso na cidade todos os anos) E-mail: pedrito@ibge.gov.br

ROSY BRITO
R. 7, Q. 6, Casa 6 – Cohajap
Olho D΄Água
65072-590 SÃO LUÍS MA
Fone 3226.2163 – E-mail sansirodb@gmail.com

SIRGENÊ RODRIGUES SOUSA
Rua Beija-Flores, Q 15, CASA 23
Ponta do Farol
65075-350 SÃO LUÍS MA 98-3227.3144 e 8156.2281

Em descanso eterno:
Pe. Ângelo, José Raimundo Santos (de S.Vicente) e João Evangelista

Lista de e-mail:

ademircosta@ibest.com.br, nconsult@gmail.com, joaomas1@yahoo.com.br , joaomas7@hotmail.com, jribamar@rpjadvogados.com.br, lulakarlos@uol.com.br, docenteuniv@hotmail.com, jribamar@rpjadvogados.com.br, pedrito@ibge.gov.br, jorge.silva@engevix.com.br, j_sousa@bol.com.br, j_sousa@bol.com.br, marliazuza@ig.com.br, joselagoa21@hotmail.com



Respostas recebidas:

De Pe. Luís carlos:
SANTO DEUS,QUANTA GENTE DOS DOURADOS ANOS 70 SE REENCONTRANDO GRAÇA AO CASAMENTO COM A TECNOLOGIA DOS ANOS 2000... FICO A PENSAR QUE MISERIA FARIAMOS NÓS, SANTO DEUS, QUANTA GENTE DOS DOURADOS ANOS 70 SE REENCONTRANDO GRAÇA AO CASAMENTO COM A TECNOLOGIA DOS ANOS 2000... FICO A PENSAR QUE MISERIA FARIAMOS NÓS (NA SAUDOSA VIANA) SE TIVESSEMOS A METADE DOS RECURSOS TECNOLOGICOS QUE HOJE DISPOMOS.ALÉM DA DIFICULDADE DE CONSEGUIR PASSAGEM TAMBEM FIQUEI IMPOSSIBILITADO DE IR A SAO LUIS POR JÁ TER ASSUMIDO ALGUNS COMPROMISSOS DE FINAL DE ANO INCLUSIVE O DE COMEMORAR OS 22 ANOS DE CASAMENTO DO MARCELO/MARLY OS QUAIS, ALÉM DE AMIGOS, TAMBEM SÃO OS PAIS DA MINHA ADORAVEL AFILHADA NATHALIA QUE NESTES DIAS CONCLUIU O ENSINO MÉDIO E ESTÁ NA EXPECTATIVA DA APROVAÇÃO DO VESTIBULAR.APESAR DA DIFICULDADE DA COMUNICAÇÃO (FONE CELULAR) FIQUEI CONTENTE DE TER FALADO COM O GERALDO MAGELA E O JOAO MARIA. PARABENS ESPECIAL A QUEM CONSEGUIU A PROEZA DE AMARRAR E LEVAR O JOAO MARIA... O VELHO CANTADOR DO "VOCE, VIU O CABEÇAO POR AI? EU NÃO, VI NÃO"... ERA TUDO O QUE O CARA SABIA CANTAR!BEM, PELO VISTO, ESTÁ CONFIGURADO QUE ESTAMOS FICANDO VELHOS POR ESTARMOS FAZENDO ESSE RETORNO AO PASSADO MAS, SE É VERDADE QUE "RECORDAR É VIVER", ENTÃO VIVAMOS!VIVA A VIDA!GRACIAS A LA VIDA!UM NOVO E ABENÇOADO ANO A TODOS!

Luis Carlos M. Sousa, pe.scj
Lulakarlos

De João Maria:
Caro Ademir Costa,

Agradecendo a sua atenção e o seu convite, envio-lhe os comentários deste dia sobre suas propostas aos preclaros colegas:

1. Próximo encontro dos estudantes vianenses:

Com relação ao próximo encontro, conforme você propõe hoje, sou de opinião favorável a nos reunirmos por ocasião do XI Congresso Cultural e Ambiental de Viana (julho 2009 (ou 2008?)): haverá uma oportunidade ímpar de termos uma visão mais enriquecida das novidades da cidade.

2. Apresentação no XI Congresso Cultural e Ambiental de Viana:

Seria muito oportuno podermos contar com uma "análise sobre a contribuição do Seminário São José e da Escola Normal" para a região sob a influência de Viana, como você propõe. Você, que tem o dom da palavra e a técnica da comunicação social, poderia promover essa palestra?

3. Socializar a utilização de e-mail:

Urge uma providência elementar: a divulgação dos e-mails de e para todos os demais amigos, a fim de que os comunicados rodem com mais rapidez, sem perda de tempo e com economia de recurso$ celulare$, sem prejuízo dessas mensagens permanecerem disponíveis para acesso a qualquer hora do dia ou da noite, em caso do celular estar fora de área... ou de não dispormos de tempo para dar atenção durante o expediente comercial/de trabalho...

4. Agenda de encontros on line, no próximo ano: isso é possível? Com que periodicidade? Em que turno e horário? Temas para estudo, leitura, discussão, troca de “santinhos” (no sentido figurado, claro.)?

Feliz 2008 de muitas realizações para todos os demais amigos.

Para os que dispõem de e-mail divulgado, estou remetendo o texto acima, sugerindo o encaminhamento dessas e de outras proposições junto ao Ademir.

Abraços,
João Maria.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Dez Conquistas do Jejum de Dom Frei Luiz Flávio Cappio

Por
Frei Gilvander Moreira

De longe e de perto, tivemos a alegria e a responsabilidade de participar da luta de Dom Cappio que encabeçou a luta do povo em prol do rio São Francisco. Na missa do dia 21/12/2007, em frente à capela de São Francisco, em Sobradinho/BA, na "Carta aos irmãos e irmãs do São Francisco, do Nordeste e do Brasil" - após 24 dias de jejum e oração - Dom Cappio suspendeu o jejum e decidiu adotar outras estratégias. Tivemos, então, a oportunidade de lembrar 10 conquistas de seu valioso testemunho, enquanto palavras e atitudes proféticas de frei Luis estão sendo ignoradas por autoridades que se fazem surdas à voz do povo.

Na capela de São Francisco, na cidade de Sobradinho, graças ao rio São Francisco, irrompeu um aspecto importante do sentido do NATAL de 2007 para o Brasil. Os 24 dias de jejum e oração de dom Cappio revelaram o crescente compromisso de milhões de brasileiros pela preservação do Rio São Francisco. Por outro lado, desmascararam a ignorância e a omissão de muitos cidadãos, bem como a arrogância do Governo e o cinismo de instituições.

1) O gesto de Dom Cappio mostrou que os quatro poderes – midiático, executivo, legislativo e judiciário – continuam de joelhos diante do poder econômico nacional e internacional. Evidenciou-se a verdade sobre a malfadada Transposição.

2) O mesmo revelou que o Governo do presidente Inácio da Silva se revestiu de autoritarismo, arrogância e prepotência na corrupção. Politicamente, não se legitima a transposição do Velho Chico. Tanto isto é verdade que o povo e os movimentos populares se levantam para
defender as águas como bem comum, não aceitando sua mercantilização, cujo primeiro resultado será o hidronegócio.

3) Dom Cappio reforçou a Via Campesina, os movimentos populares e lideranças sociais, setores religiosos e a consciência cidadã a fim de prosseguirem na luta ecológica, ligada às lutas contra injustiças sociais, políticas e econômicas.

4) Frei Luis irrompeu como uma forte liderança do Brasil atual. Será como uma "espada de Dâmocles" levantada sobre a cabeça dos quatro poderes, das Instituições, dos cidadãos, cúmplices do crime e acomodados. A voz e o testemunho de frei Luis valorizaram o amor pela
causa dos pobres.

5) O gesto profético de Dom Cappio curou a cegueira de milhões de pessoas. Usou jejum e oração, instrumento que desmonta a mentira; mobilizou a CNBB, a Igreja Católica, os cristãos, boa parte de seu clero e dos religiosos.

6) Nas mentes e corações de milhares de pessoas despertou indignação e as informou com a verdade sobre a insana, ineficiente e faraônica Transposição do rio São Francisco e sobre as mentiras que emanam da Praça dos Três Poderes, em Brasília.

7) Internacionalmente, a repercussão gerou bons frutos. A Comissão Pastoral da Terra, a Via Campesina, Pastorais Sociais e parte dos movimentos populares não mediram esforços na luta ao lado de Dom Cappio. E saíram fortalecidos.

8) A maior conquista é Dom Cappio vivo entre nós. Mais do que nunca será, daqui pra frente, um grande profeta no meio do povo para encorajar a luta dos pequenos para denunciar arbitrariedades e desumanidades dos quatro poderes que, travestidos de Estado de
Direito, insistem em imperar sobre os pobres e sobre o ambiente natural.

9) O gesto profético de Dom Luiz sacudiu a Igreja, o Governo e pessoas de tantas instituições. A força cristalina de seu testemunho de profeta toca feridas profundas, encobertas por discursos fáceis, palavras jogadas ao vento.

10) Agora, Dom Cappio retoma uma modalidade de luta assentada sobre a fina flor da tradição cristã: jejum e oração. Resgata no coração de muitos militantes uma espiritualidade nova. Jejuar e orar continuam sendo expressão da resistência contra os faraós de hoje. Enfim, as reflexões oriundas do testemunho de Dom Cappio farão borbulhar o Espírito para suscitar e dinamizar muitas outras lições como testemunho de autêntica cidadania.

Frei Gilvander Moreira
e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.br
Belo Horizonte/MG, natal de 2007

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

SOBRE DOM ALOÍSIO LORSCHEIDER: DEFENSOR DOS POBRES

Trabalhei na Sala de Imprensa da Arquidiocese de Fortaleza de 1974 a 1979. Muito jovem, eu era consciente da ditadura militar e tinha pressa. Considerava D. Aloísio lento e muito conciliador. Tempos depois eu me daria conta do gigante de quem tive a honra de ser colaborador, embora um dos mais insignificantes.

Depois do meu, o depoimento de Leonardo Sampaio. Veja abaixo.

Por
Ademir Costa

Esta é uma homenagem a Dom Aloísio Cardeal Lorscheider. Nele, o título de cardeal caiu bem. Só um papa estadista como Paulo VI seria capaz de reconhecer no arcebispo de Fortaleza a dignidade de que era merecedor. Mérito pessoal, diga-se. Porque há cardeais elevados a tal dignidade pela dimensão histórica da diocese que ocupam. Com ele foi diferente: presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), presidente da Cáritas Internacional, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), Secretário do Sínodo dos Bispos, no Vaticano... Bem, não dá para me lembrar agora de todos os organismos de que foi presidente, naquele quarto de século importantíssimo que vai de 1960 a 1985. Fase de transformações marcantes para a inserção da Igreja no mundo, período de implantação das diretrizes do Concílio Ecumênico Vaticano II, realizado de 1962--1965.

Para ser breve e direto, vou relatar em tópicos rápidos alguns fatos do pastoreio de D. Lorscheider que me impressionaram bastante. Podem nem ser os mais importantes. São os que me tocaram como observador jovem. Lembre-se de que eu tinha entre 22 e 26 anos, naquela época.

1. Dom Aloísio chega do Vaticano e reine toda a cúria para relatar as discussões de que participara. Diz da dificuldade que se tinha, na época, de saber quando um chefe de Estado falava a verdade e quando mentia. Nessas circunstâncias, era difícil tanto a intervenção diplomática do Vaticano como a inserção pastoral da Igreja.

2. O Grupo de Jovens de S. Benedito é recebido em audiência por D. Aloísio. Os moços querem realizar uma espécie de congresso de todos os grupos jovens da arquidiocese. Dom Aloísio concorda e autoriza o evento, mas dá duas diretrizes: eles deveriam juntar-se ao Irmão Maurício Labonté, coordenador do Movimento de Juventude, e pedir apoio da Sala de Imprensa da Arquidiocese. Com isso, ensinava os jovens o respeito à hierarquia, ao tempo em que indicava que as iniciativas da Igreja precisam do suporte dos Meios de Comunicação Social. Realizou-se por vários anos a Integração Jovem de Fortaleza, reunindo até 4.000 jovens no Ginásio Paulo Sarasate. Nesses encontros, os jovens discutiam temas religiosos que tinham recados políticos em plena ditadura: "Unidos Cresceremos", "Jesus Cristo Liberta e Une", "O Amor de Cristo nos Uniu". Em tempos ditatoriais, chamar à união já era avanço. O verbo libertar era censurado.

3. Um dos resultados das Integrações Jovens foi a criação do Setor Arquidiocesano de Juventude (Sajuv). Antes, irmão Maurício cuidava apenas do Movimento de Jovens, voltado exclusivamente para a juventude da Aldeota, então o bairro mais rico da cidade. O Sajuv passou a ser integrado pelas representações de outros movimentos, da periferia de Fortaleza e da zona rural. Isso foi um avanço e tanto!!

4. Depois de uma das visitas de Dom Aloísio ao Vaticano, em sua reunião de repasse à cúria, ele falou sobre a escassez de água no planeta Terra. Da necessidade de economizar água, não poluí-la, deixá-la para as futuras gerações. Foi a primeira vez que vi alguém falar da água com aquela preocupação. Posteriormente, refleti sobre a importância da pessoa estar bem informada para agir na sociedade. Com certeza, aquele foi meu primeiro contato com um discurso sobre a água em uma perspectiva ecológica da atualidade do Século XXI.

5. Cheguei na Sala de Imprensa às 7h30min. O alvoroço era grande. Um missionário francês havia sido preso pela Polícia Federal minutos antes. Sabia ser aquela polícia pelo método: estavam à paisana, em um fusca no qual jogaram o padre com violência, após imobilizá-lo sem voz de prisão, sem conversa. Dom Aloísio embarcou imediatamente para Brasília. À noite, o Jornal Nacional dava a notícia da extradição do padre, assinada por Ernesto Geisel. Eu achava que o arcebispo devia fazer um estardalhaço, um discurso ou uma nota dura. Seguramente, eu não tinha idéia segura do terreno em que pisava... Mas isso eu concluo hoje. Naquele momento, eu ficava com raiva do bispo, achando-o fraco. A vida nos ensina a sabedoria de "engolir sapos".

6. Todos os dias eu redigia na Sala de Imprensa o programa "A Casa de Todos", da Rádio Assunção. Noticiário que terminava com um comentário feito a partir de algo do dia ou de um tema humano ou religioso. O importante era levar um ensinamento. Inicialmente eu redigia as notícias e Frei Vito Carneiro, o comentário. Posteriormente, passei a escrever os dois textos. Dom Aloísio nunca interferiu. Não sei quantos bispos delegavam ou delegam hoje a um jovem o papel de escrever textos que todos ouvem como sendo a palavra da arquidiocese. Não só pelas verdades de fé e pelas diretrizes pastorais, mas, principalmente, naquele contexto de ditadura. Pelo contrário, ele sempre tinha uma palavra de elogio. A Frei Vito e à equipe integrada também por Irmã Zelma Oliveira (Paulina) e por um estagiário da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Ceará. Lembro-me de Rosires Passos e José Maria Bezerra como estagiários, hoje profissionais.

7. Dom Aloísio reunia-se com a equipe e planejávamos os momentos marcantes do ano, as ocasiões em que ele deveria reservar dia de sua agenda para receber os jornalistas em coletivas de imprensa e a data do almoço com o pessoal da mídia. Nós sabíamos da cheia de sua agenda. Ele demonstrava real apreço para com a imprensa. Atendia sempre, com boa vontade e na hora marcada (sabia da crucial importância do tempo para a imprensa). Tinha sempre uma resposta adequada, não se irritava com perguntas sem fundamento (é muito difícil encontrar jornalista preparado que saiba fazer perguntas com boa fundamentação religiosa e filosófica). Ele sabia "fazer do limão uma limonada". O(a) jornalista aprendia e saía satisfeito com sua matéria. Ele aproveitara a oportunidade para informar.

8. Os assessores de Dom Aloísio se preocupavam com o assédio da imprensa, especialmente em situações graves como a prisão do padre em Fortaleza, o assassinato do Pe. João Bosco Burnier, no Sudeste, o fechamento do Congresso Nacional, por Geisel. Conversando com nossa equipe do Setor Arquidiocesano dos Meios de Comunicação Social, ele minimizou certa vez. Lembro-me do sorriso maroto dele, enquanto dizia, os olhos brilhantes e em movimentos rápidos: "O pessoal se preocupa, mas eles (jornalistas) às vezes nem vão ao ponto principal. De qualquer forma, a gente não precisa temer". Aqui estão subjacentes três informações: 1- os jornalistas despreparados; 2- a censura que tolhia a liberdade de o jornalista fazer perguntas; 3- ele estava preparado e não temia. Com seu relacionamento, Dom Aloísio contribuiu para solidificar a formação de alguns jornalistas da cidade. Apoiou as organizações de jornalistas em geral e as entidades de jornalistas de fé declarada como a União Cristã Brasileira de Comunicação.

9. Dom Aloísio carregava responsabilidades de nível mundial. Mas nunca chegava atrasado a um compromisso conosco ou com a imprensa. Eu achava isso impressionante. Quase nunca se irritava. Eu o vi irritado uma vez, no máximo duas. Não me lembro o porquê. Eu que sempre o via sereno e com um sorriso, portanto, naquela(s) oportunidade(s) não levei a mal. Ele era humano, pensei, contemporizando com sua chateação.

10. A atenção de Dom Aloísio para com os pequeninos era uma ação profética em seu pastoreio. Lembro-me de uma ocasião em que ele chegou do Vaticano, visitou todas as salas da cúria (como sempre fazia), pegou o fusquinha e foi para uma reunião com moradores de uma comunidade rural. Calça e camisa de mangas compridas. Distintivos de autoridade só o colarinho eclesiástico e o anel de bispo. Este, por sinal, uma peça bastante simples, sem pedra, como recomendado pelo Concílio Vaticano II. Apoiava as comunidades em sua luta por terra, água e moradia, e ali dava verdadeiras aulas de religião. Eu pensava comigo: que cara dedicado! Tão importante, ora no Vaticano, ora em uma comunidade rural, sentado em um banquinho, conversando com o povo, ouvindo e ensinando.

11. Ainda no capítulo simplicidade: ao chegar como cardeal em Fortaleza, todos esperavam D. Aloísio descer do avião com batina vermelha, aqueles sinais de "príncipe da Igreja". Nada disso. Ele chegou na catedral com sua roupa de sempre e na celebração ele nem ostentou o barrete cardinalício. No sermão, virou o jogo a favor de um empreendimento ainda inconcluso: "Vocês têm um cardeal, mas ainda não têm uma catedral". Foi a senha para o esforço maior da cidade a fim de concluir o templo.

12. No nosso trabalho no Setor dos Meios de Comunicação, nossa equipe evitava interpelar Dom Aloísio. Quando necessário, Frei Vito ou Ir. Zélia ir falar com ele para marcar entrevista ao vivo ou uma gravação. Nas reuniões internas, nas audiências, coletivas de imprensa ou almoço com a mídia, eu ficava sempre distante. Para mim, o interlocutor era Frei Vito. Dom Aloísio percebeu isso e, por várias vezes, falou comigo, incentivando a conversa entre nós. Eu achei aquilo muito altruista da parte dele que, até por dever de ofício, tinha gente importante para dar atenção. Foi a minha impressão naquele momento.

13. A ação de Dom Lorscheider em favor dos pobres ocorreu de diversas formas, além das já citadas: o apoio às famílias da favela no final da Av. José Bastos, ameaçadas de despejo, foi um divisor de águas. A abertura política seguia em curso. Os movimentos sociais de esquerda aproveitaram o fato e o momento para uma ação mais agressiva. Todo o aparato da arquidiocese foi colocado a serviço da causa. Sua carta por moradia para os pobres na área urbana causou furor entre os especuladores, por seu raciocínio simples e irrefutável: "os pobre não podem morar no ar". Os militantes de esquerda tinham nele o apoio seguro, discreto e por muitas vezes decisivo. Em 1975, Ano Internacional da Mulher, trouxe para Fortaleza duas militantes da causa feminina. Uma delas, Moema Toscano (esqueço a outra). Do discurso delas, lembro-me de que "os filhos não são filhos só da mulher-mãe, mas de toda a sociedade". Semente da licença-maternidade e da folga para o pai quando do nascimento dos filhos, por exemplo. A partir daquele momento, organizou-se em Fortaleza a União das Mulheres Cearenses.

Estes são registros de Dom Aloísio, homem que poderia passar como um navio que não deixa rastros. Preferiu, entretanto, ser homem arado, isto é, desagradou a alguns, mas deixou a terra frutificando mais. Os pobres e os defensores dos pobres ainda hoje lhe são gratos. Sua última grande tarefa profética foi ajudar a criação do Conselho Nacional dos Leigos. Os tempos são outros. As amarras, enormes. Mas esse conselho ainda pode fortalecer, e muito, a atuação dos leigos dentro da Igreja e na transformação da sociedade. Isso, evidentemente, já não dependerá de Aloísio Lorscheider. É tarefa dos próprios fiéis.

Terça-feira, 25 de Dezembro de 2007
DOM ALOÍSIO, TÁ VIVO NA TERRA E NA ETERNIDADE

Por
Leonardo Sampaio
Educador Popular -- 25/12/2007

Hei Dom, você tá vivo. lembra das nossas lutas e caminhadas de fé e esperança? Fé e libertação? Fé e política? Fé e opção pelos pobres? Lembra da tua visita pastoral as Comunidades Eclesiais de Base – CEBs da Fumaça, Entrada da Lua e Inferninho? Da caminhada realizada na Favela? Foi tão libertadora que as famílias ainda hoje falam da sua humildade e simplicidade, do seu sorriso dando a mão, falando com cada pessoa pobre e abençoando. Eram pessoas que naquela época não conseguiam falar nem com o Vigário e ali conversavam com o Cardeal quase Papa. Quanta felicidade você trazia para aquelas famílias migrantes da seca, faminta de sonhos e esperança da qual você alimentava como pastor e profeta da Teologia da Libertação, resgatando o Cristo que veio em vida para nos libertar!

Dom, lembras as reuniões da Forania, dos confrontos acirrados entre leigos e padres que não aceitavam a orientação libertadora da Igreja, onde tinha padres que trazia seus discípulos pra nos chamar de comunistas e você ficava parecendo um arco-íris mudando de cor e falava sempre com muita firmeza em defesa da Igreja do Cristo Libertador, do Cristo que não dá o peixe, mas que ensina as pessoas a pescar.

Essas mesmas cenas se repetiam nas Assembléias Arquidiocesana de Fortaleza, na década de 1980, onde camponeses/as, trabalhadores/as rurais e desempregados/as se encontravam na mesma fé cristã aprendida nas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, muitas vezes perseguidas pelos vigários e fortalecidas na palavra e força do Arcebispo Aloísio Lorscheider. Assembléias em que não se conseguia o consenso, nem com a franqueza da sua palavra, era uma luta de poder disputada na votação.

Como eram bons aqueles momentos acirrados entre a Igreja conservadora e a Igreja libertadora! Lá todos estavam juntos no mesmo palanque, com o mesmo direito de voz e voto, ali, estávamos exercitando a democracia, a participação, a disputa de poder. Como aprendemos nessa escola da vida, administrada por você, sem o uso da hierarquia, buscando sempre o convencimento, a compreensão, o entendimento sobre os ideais cristãos libertadores!

Ainda era tempo de Ditadura Militar e não conhecíamos os instrumentos democráticos de participação e foi você que nos proporcionou esse espaço, abrindo as portas da Diocese para a participação dos pobres. Foi assim, no apoio à luta por reforma agrária e urbana, defendendo as ocupações de terra, vendo a propriedade privada não como direito, mas como uma hipoteca social. Foi assim, durante cinco anos de seca (1979 a 1984), quando os camponeses ocuparam Fortaleza em busca de alimento, moradia e trabalho, quando organizou-se a Jornada de Luta Contra a Fome, quando foi necessário acampar em frente ao Cambeba e fazer greve de fome diante da intransigência do Governador Tasso Jereissate, reprimindo o movimento organizado com polícia, em vez de atender às suas necessidades.

Dom, foi você que me fez deixar de ser ateu, encontrei na sua espiritualidade e nas suas ações, o Deus que acolhe, que liberta, que é amigo, o Deus do amor, da justiça e da fraternidade. Um dia conversamos sobre isso, eu, você e a Lúcia minha companheira, quando vínhamos juntos no carro de Pacajus a Fortaleza, pegamos uma carona e você era quem dirigia. São essas coisas que o tornam imortal e eterno no céu e na terra. Que me permite essa intimidade de conversarmos de mim pra você. De saber que estais reunido com os companheiros e companheiras da mesma caminhada que seguiram antes pra eternidade.

O Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (ESCUTA) te agradece por tudo que fizeste pela sua existência. Estas são as denominações anteriores do ESCUTA (Comunidade Eclesial de Base Frei Tito de Alencar, - Escolinha Comunitária Frei Tito de Alencar, Centro de Educação Popular Frei Tito de Alencar – CEPOFTA). Hoje é Natal de 2007. Deus esteja conosco. Amém, aleluia, axé.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Arrastão Causa Pânico e Morte no Centro de Fortaleza

Uma onda de assaltos tomou conta do centro de Fortaleza. Instlou-se o pânico entre as pessoas que corriam de um lado para outro, em busca de lugar seguro. Uma senhora morreu após ataque cardíaco. Crianças perderam-se dos pais. Era sábado, 22, o centro cheio, dadas as compras de natal. Autoridades das Polícias Militar e Civil negam tenha havido arrastão, mas apenas uma "grande confusão", conforme o jornal O Povo. O jornal Diário do Nordeste não noticiou a ocorrência, na edição que li. Não sei se saiu segundo clichê.

O fato faz água na propaganda do governo do Estado que anuncia a eficiência do programa Ronda do Quarteirão (RQ) em três áreas do Estado. É que o policiamento no centro e em outros bairros está aquém das necessidades. Por seu turno, a propaganda do RQ exalta: veículos Rilux equipados com computador, rádio e celular. É evidente o destaque para as tecnologias.

Na publicidade oficial, nenhuma palavra sobre o policial que está(rá) em ação. Parece que as máquinas garantirão a segurança. A pessoa humama em segundo plano. Há pelo menos 15 anos, o policiamento está precário, por falta de concurso para admitir gente, por escassez de armas e muniões. Data desse tempo a opção pelas tecnologias como monitoramento GPS, computador de bordo, essas pirotecnias. Só que sem gente, e gente bem treinada e em número suficiente, em todos os pontos da cidade, nada feito.

As pirotecnias são seguidas de "redução do Estado", das despesas. Parece paradoxal , mas há uma lógica não-dita. Compram-se veículos de americano praticar esporte e equipamentos fabricados por multinacionais. O Estado reduz postos de trabalho, a pessoa perde oportunidade de emprego, mas o capital internacional continua faturando. E a insegurança grassa entre a plebe ignara, mistificada por imagens televisivas e aterrorizada pelo crime batendo à sua porta. O ciclo viciado e vicioso perdura: a população pede segurança e vota; os eleitos estreitam aliança com o capital e garantem a reprodução deste.

Parece seguro concluir que a segurança entra nesse roteiro teatral como Pilatos entrou no Credo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

MARANHENSES DE VIANA SE ENCONTRAM EM SÃO LUÍS

DIA 30, VAMOS ALMOÇAR JUNTOS. ÚLTIMAS INFORMAÇÕES Uma revoada de colegas dirige-se a S. Luís. Dia 30, vamos almoçar na casa de praia de João Sousa. Vai ser um reencontro legal. Nossos objetivos: o encontro, a conversa, o abraço, dar sonoras gargalhadas relembrando os tempos de estudantes e colocar as informações mútuas em dia.

Todos precisam falar com João Sousa, por telefone ou e-mail, para saber os detalhes da organização, o que cada um leva. Abaixo, a lista dos colegas. Você pode mandar mais nomes para a lista, pelo e-mail: ademircosta@ibest.com.br.

Aqui o ENDEREÇO DA CASA DE PRAIA:

O próprio João Sousa mandou o roteiro para chegar na casa. Aqui, com as palavras dele:
O endereço do nosso encontro é: Rua Katamã, n.º 05 - Praia do Araçagy.O acesso ocorre através da Avenida Principal (Av. Atlântica) que desce para a praia, voce vai localizar um bar de nome "Quitanda Bar e Galeteria" à direita e logo depois uma rua com uma placa no poste com o nome da rua um Telefone Público e uma pequena mercearia, entra à direita, é uma casa branca que fica em frente uma outra que se encontra em construção, no final da rua. Não pense encontrar uma mansão, é um espaço rústico mas muito gosto para bater pago e tomar àquela gela.

O telefone celular de João é (098)91161260 e res. (098)3221-3162.
Endereço residencial: Rua Olavo Bilac, 160 - Monte Castelo, CEP 65.037-290 - São Luís-Ma.

Atenção: É necessário chegar cedo na casa de João. É que nosso amigo Airton vai de Teresina, passa por lá, dá um alô pra gente e, em seguida, digamos, 10 horas, ele viaja com a filha e o neto para os Lençóis Maranhenses. Ele lamenta não poder ficar, pois a filha fizera o programa, para batizar o neto dele. Assim sendo, ele não pode mudar os planos da família.

RELAÇÃO DOS AMIGOS DE VIANA

Ex-estudantes do Seminário São José e/ou da Escola Normal Colegial N. S. da Conceição.

ADEMAR VIEIRA MAIA
R. Dr. Arruda Negreiros 122/201
25025-300 DUQUE DE CAXIAS RJ
Tel.21-35167958, E-mail ademarvmaia@ig.com.br

ADEMIR COSTA
R. Castro Alves, 180
Joaquim Távora
60130-210 FORTALEZA CE
Tel. 85-3254.1203 e 99949052 E-mail ademircosta@ibest.com.br
Página: http://www.ademircosta.blogspot.com.br/

ANA CÉLIA ROCHA ZUZA
R. 10, Q. 21, Casa 14
Conj. Cohatrac II
65052-020 SÃO LUÍS MA Tel. 98-3238.8239

ANTONIO PENHA EVERTON
Santa Inês – MA, Fone: (98) 3653-1951/1054, Fax: (98) 3653-1001,
E-mail: apeverton@bnb.gov.br

DÁRIA COSTA GARCIA
R. 34, Q. 60, Casa 3
Conj. Cohatrac IV
65056-350 SÃO LUÍS MA Tel. 3238.4216

DEODATO ALVES FERNANDES
Rua 928, Casa 148, 4ª Etapa
Cojunto Ceará
60532-600 FORTALEZA CE

EDILSON SOUZA
R. São José, 1903
Trizidela
65607-440 CAXIAS MA Tel. 99-3251.1034

FRANCISCO MORAIS
Av. Atlântica, R. 52, Q. 24, Casa 3
Calhau
65000-000 SÃO LUÍS MA Tel. 3235.9328

GERALDO MAJELA ABREU
majela.abreu@hotmail.com

GERALDO CUTRIM GOUVEIA
Rua 928, Casa 55, 4ª Etapa
Conjunto Ceará
60532-600 FORTALEZA CE Tel. 85-3489.3752

GERMANO SOEIRO E-mail: soeirogermano@bol.com.br

JOÃO SOUSA
Rua Olavo Bilac 160
Monte Castelo
65035-486 SÃO LUIS MA
Tel. 98-3221.3162 e 9973.5915 E-mail j_sousa@bol.com.br

JORGE BENEDITO SILVA
Condomínio San Diego, casa 60 – Lago Sul – Brasília DF, CEP 71680-362 Fone residencial: 61 347272181 Celular: 61-81738195 e 61-99883381. Tel (61)2109-0701 Fax 21090702
jorge.silva@engevix.com.br Tel (61)2109-0701 Fax 21090702

JOSÉ AIRTON MARQUES
R. Irmã Dulce, 2561
Primavera
64006-300 TERESINA PI Tel. 86-3233.8752; e 9979.7494

JOSÉ LOPES
R. Laurindo Cerqueira, 88ª
Médice II
49048-220 ARACAJU SE Tel 79-3231.8149

JOSÉ RAIMUNDO SANTOS ALMEIDA (Soeirinho)
(021) 2650-1294

JOSÉ RIBAMAR DO NASCIMENTO PAIXÃO
Rua Joaquim Thomaz, 380 Ponte Preta
25900-000 MAGÉ RJ E-mail jribamar@rpjadvogados.com.br

MARIA VITÓRIA SIMAS DE OLIVEIRA MAICIEL
Rua das Ciências Contábeis Q 16, Casa 24
65078-420 SÃO LUIS MA
Tel. 98-3246.8139

MÁRIO NUNES
Tel (021) 2406-5187
MONSENHOR EIDER
E-mail: padre.eider@terra.com.br, Fone 98-3351.1149

NICODEMOS ARAÚJO COSTA
Rua da Economia, Q. 15, CASA 19
Cohafuma
65078-440 SÃO LUÍS MA Tel. 98-3246.1019 E-mail nicodemo@ceuma.com.br

ONÉSIO MENDONÇA
Av. C, Casa 575
Conj. Ceará
60533-610 FORTALEZA CE Tel. 85-3259.1107 e 9609.5381

PE. JOSÉ RIBAMAR MORAIS
Casa Paroquial;R. S. Macedo, 1626
65400-000 CODÓ MA Tel. 98-3661.2150

PE. LUÍS CARLOS MARQUES SOUSA
R. Francisco Lacerda, 455
50741-150 RECIFE PE Tel. 81-9962.1036 E-mail: lulakarlos@uol.com.br

PE. MÁRIO CUOMO
Via Tem Cacciarru, 109016
IGLESIAS (CA) Itália Tel 39 320 0770337

PEDRO MENDENGO FILHO
Rua Angelina 117/301
ENCANTADO
20756-090 RIO DE JANEIRO RJ (Este não estudou no Seminário. É vianense que promove um congresso na cidade todos os anos) E-mail: pedrito@ibge.gov.br

ROSY BRITO
R. 7, Q. 6, Casa 6 – Cohajap
Olho D΄Água
65072-590 SÃO LUÍS MA

SIRGENÊ RODRIGUES SOUSA
Rua Beija-Flores, Q 15, CASA 23
Ponta do Farol
65075-350 SÃO LUÍS MA 98-3227.3144 e 3227.3226

Em descanso eterno:
Pe. Ângelo, José Raimundo Santos (de S.Vicente) e João Evangelista

Municípios Maranhenses no Semi-Árido Brasileiro

Por
José Lemos
Engenheiro Agrônomo. Professor Associado da Universidade Federal do Ceará.

No dia 28 de novembro próximo passado, foi lido na Comissão da Amazônia na Câmara dos Deputados o parecer do Relator do Projeto de Lei 2077/2007 encaminhado para aquela Casa Legislativa pelo Deputado maranhense Carlos Brandão. Este projeto trata do reconhecimento de que 46 municípios maranhenses têm características climáticas, sociais, econômicas e ambientais semelhantes àqueles outros municípios do Nordeste (incluindo parte de Minas Gerais) que hoje já fazem parte do Semi-Árido brasileiro.

O trabalho que proporciona suporte técnico para esta demanda é da nossa autoria, e foi iniciado em 2005 quando estávamos na condição de Secretario de Estado de Assuntos Estratégicos do Governo. Por aquela ocasião, reunimos integrantes dos movimentos sociais maranhenses, da Associação do Semi-Árido (ASA), técnicos das Secretarias de Meio Ambiente e da Agricultura e organizamos um primeiro documento que o governador José Reinaldo entregou em mãos à ministra Marina da Silva que estivera em São Luis em agosto daquele ano e o Governador também entregou em mãos ao então Ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, em Brasília. Infelizmente, o pedido do Governo do Estado foi indeferido sem que tivesse sido dada uma razão palpável. Acredita-se que as razões foram eminentemente políticas para justificar o indeferimento.

Ao retornar às atividades de pesquisador e de docente na Universidade Federal do Ceará, no começo deste ano, resolvi voltar a trabalhar de uma forma mais incisiva sobre aquele texto anteriormente enviado. Para tanto, foram feitas algumas atualizações de dados. Com uma maior disponibilidade de tempo para exercitar o pensar acadêmico, elaborei também uma metodologia de análise contendo procedimentos econométricos mais rigorosos para fazer testes que mostrassem que, na verdade, as condições sociais e econômicas dos 46 municípios maranhenses que se pretende que sejam incluídos no semi-árido brasileiro, são bem mais difíceis do que aquelas prevalecentes nos demais municípios que já integram atualmente o semi-árido brasileiro. Este documento virou um “paper” acadêmico que foi apresentado em agosto deste ano no Congresso da Sociedade Brasileira de Economia Rural (SOBER), realizado em Londrina, Paraná.

Com efeito, a população que sobrevive nesses 46 municípios maranhenses somava 1.224.111 habitantes, de acordo com o Censo Demográfico de 2000. O PIB per capita anual que prevalece nesses municípios é de R$ 2.206,69. Nos 1.290 municípios que atualmente são reconhecidos como pertencentes ao semi-árido o PIB anual per capita é de R$3.620,41. Morros, no Maranhão, tem o PIB per capita menor do que qualquer um dos demais municípios já incluídos naquela região (R$ 963,00 por ano). Em termos de IDH, Araioses que também se constitui num dos municípios com características do Semi-Arido é o de pior desempenho (IDH = 0,486). O IDH médio dos 46 municípios maranhenses é de 0,570, ao passo que o IDH médio dos demais municípios dessa região é de 0,648. Os 46 municípios maranhenses também estão em desvantagens em termos da população socialmente excluída. De fato, o Índice de Exclusão Social (IES) nos 46 municípios maranhenses é de 58,04%, ao passo que, nos demais municípios do semi-árido, o IES assume magnitude de 46,38%. Belágua, no Maranhão, com IES = 81,0%, se constitui no município brasileiro com características de semi-árido com o maior percentual de socialmente excluídos.

No começo deste mês de dezembro, a Associação do Semi-Árido (ASA), demais movimentos sociais do Maranhão, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente do Estado, realizaram um importante seminário para a discussão deste tema. Acreditamos que os esforços agora devem se concentrar no acompanhamento do andamento do PL 2077/2007, de autoria do Deputado Carlos Brandão, fazendo gestões junto à Bancada de Deputados Maranhenses para pressionarem o Congresso Nacional para fazer prevalecer a justiça social.

Justiça social, neste caso, significa reconhecer que pelo menos 1,2 milhões de maranhenses sobrevivem sob biomas de Semi-Árido. Isto acontecendo, o Estado poderá ter acesso aos recursos voltados para combater os efeitos da desertificação, promover recuperação de áreas degradadas, recuperar a cobertura vegetal dos cerrados maranhenses, onde está localizada a maioria dos 46 municípios estudados, e conseguir mais recursos para a promoção de melhor qualidade de vida para aquela gente.

NATAL: REFLEXÃO DE UM CRISTÃO ANARQUISTA

Por falar em Natal, envio a vcs uma interessante reflexão de um Cristão Anarquista:

O GOVERNO FINGE promover a temperança, mas sobrevive principalmente graças à embriaguês do povo;

O GOVERNO FINGE promover a educação, mas toda sua força baseia-se na ignorancia;

O GOVERNO FINGE defender a liberdade constitutional, mas apoia-se na ausência de liberdade;

O GOVERNO FINGE melhorar a condição do trabalhador, mas oprime-o para continuar existindo;

O GOVERNO FINGE apoiar a Cristandade, mas a Cristandade destrói todo governo.

O GOVERNO ELABORA LEIS para difundir a temperança mas não erradica a embriaguês;

O GOVERNO ELABORA LEIS de apoio à educação mas não suprime a ignorância, apenas a aumenta;

O GOVERNO ELABORA LEIS para garantir a liberdade constitucional, mas escora-se no despotismo;

O GOVERNO ELABORA LEIS de proteção ao trabalhador, mas não o livra da escravidão;

O GOVERNO PROMOVE um cristianismo, mas um cristianismo que não destrói o governo, apenas o apóia. (Tolstoi em O Reino de Deus Está Dentro de Vós)

Não me considero anarquista (apesar de nutrir grande simpatia por tal ideologia), mas penso que não devemos temer constatar a verdade que se esconde por detrás da ideologia (hj hegeônica) do Sistema Capitalista que tenta a cada dia se apropriar de tudo, e, com isso, perverte (pelo consumismo, etc) os mais fraternos valores humanos, como o "sentimento natalino".

Sobre a origem do termo Natal, segundo a Wikipédia: "Do latim 'natális', derivada do verbo 'nascor, nascéris, natus sum, nasci', significando nascer, ser posto no mundo. Como adjetivo, significa também o local onde ocorreu o nascimento de alguém ou de alguma coisa. (...) De 'natális' deriva também 'natureza', o somatório das forças ativas em todo o universo."

Felicidade a tod@s.

Arnaldo

Direitos do Trabalhador Podem Retroceder ao Início da Revolução Industrial

Por
WAGNER Fernandes Jacinto, Diretor da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil

Aos delegados e às delegadas sindicais.

Camaradas,

Encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei 1987/07 que revoga os artigos 1º ao 642 da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Referido projeto tem por objetivo fazer uma intensa reforma trabalhista sem contar com nenhuma participação do conjunto da classe trabalhadora, retirando-lhe conquistas históricas favorecendo somente a classe patronal.
O projeto atende somente a ótica neoliberal de flexibilização dos direitos trabalhistas colocando a mercê do mercado e dos patrões os direitos dos trabalhadores.

Podemos destacar alguns profundos ataques abaixo. Porém o projeto traz muito mais, colocando por terra décadas de lutas da classe trabalhadora. Lamentamos que um governo do PT tenha a ousadia de propor o que nem os tucanos fizeram. Esperamos que a mobilização da classe trabalhadora coloque por terra essa tentativa de caçar os direitos dos trabalhadores, demonstrando que não aceitamos a “flexibilização” dos nossos direitos e a maximização dos lucros dos capitalistas.

Vejam o projeto na íntegra:
http://www.camara.gov.br/sileg/integras/501300.pdf


A legalização do banco de horas e o fim das horas extras:

SEÇÃO II
DA JORNADA DE TRABALHO

Art. 52. ...
...

§ 2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo individual
escrito ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado
pela correspondente diminuição em outro dia.
...

Jornada de trabalho de 12 horas diárias (voltamos à época da Revolução Industrial)

SEÇÃO IV
DA HORA EXTRA
Art. 57. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite
legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à
realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo
manifesto.
§ 1º O excesso, nos casos deste artigo, poderá ser exigido independentemente de acordo ou
contrato coletivo e deverá ser comunicado, dentro de 10 (dez) dias, à autoridade
competente em matéria de trabalho, ou, antes desse prazo, justificado no momento da
fiscalização sem prejuízo dessa comunicação.
§ 2º Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior e no demais casos de
excesso previstos neste artigo, a remuneração será, pelo menos, 50% (cinquenta por cento)
superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite.

JORNADA DE SEIS HORAS:
DIREITO CONQUISTADO!!

O ESCÂNDALO D. LUÍS

Por
Roberto Malvezzi (Gogó)

É uma pedra de tropeço. Quem quiser se escandalizar que se escandalize. Quem quiser se omitir que se omita. Quem tiver capacidade para compreender que entenda. Afinal, o gesto dele é mesmo maior que nossa compreensão e mergulha no mistério.

Vivemos uma época onde o bom senso não diz mais nada. É preciso o escândalo. Assim como o escândalo do pregado na cruz. Por isso os discursos formais tornam-se insignificantes diante do gesto dele.

Frei Luís não quer chamar a atenção sobre si mesmo. Quer que olhemos para nós e para nossos filhos. Afinal, em que país nossos filhos viverão? Em que planeta? Um país de rios devastados, sem florestas, sem biodiversidade, dominado por monoculturas, apropriado por uma elite nababesca e indiferente, tecnicista e predadora. Talvez em um planeta tórrido, onde a vida humana sobreviva em um número restrito e novamente primitivo.

Não há horizonte à vista, não há luz no fim do túnel. Ele costuma dizer que “um gesto profético a gente sabe onde começa, mas nunca onde termina”. Pelos sinais até o momento, na sua própria morte. Se for, será vida dada, não tirada. Ele é o responsável pelo que acontecer. Mas a tarja preta do luto irá acompanhar definitivamente as autoridades que não se abrem para entender seu gesto.

Há outras possibilidades. Os 12 milhões do governo tornam-se pouco diante da possibilidade de beneficiar 44 milhões de pessoas com as obras do Atlas do Nordeste (34 milhões beneficiados por adutoras) e da Articulação do Semi-árido (10 milhões beneficiados pela coleta de água de chuva), tudo pela metade do custo e sem impactar ainda mais o rio São Francisco.

Ele sabe o que faz, sabe o que diz. As gerações futuras, num futuro muito breve, terão como referência dessa geração apenas pessoas como Chico Mendes, Anselmo, Dorothy, Frei Luís. Os omissos, ninguém saberá sequer que existiram. Quanto aos predadores, particularmente os que ocupam o poder, serão execrados pela crueldade da história, tamanha sua pequenez.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Jejum de Dom Cappio: Cobertura parcial da imprensa

Por
João Alfredo Telles Melo
Advogado, Professor de Direito Ambiental,
Consultor de Políticas Públicas do Greenpeace
Ex-deputado estadual, ex-deputado federal.
22.12.07

O jornalista Ademir Costa apóia esta manifestação.

Prezado Sr. Ombudsman do Jornal O Povo,

Reencaminho a essa seção do jornal - após três dias do primeiro envio - a carta que mandei ao editor de O Povo, com cópia para essa ouvidoria, o que faço pelas razões que se seguem:
1. Sou, há décadas, como dezenas de milhares de cearenses, leitor assíduo, assinante e, por vezes (como afirmei abaixo), colaborador de jornal O Povo, com artigos de opinião, versando sobre temas da conjuntura, em especial aqueles ligados ao meio ambiente, à questão agrária e aos direitos humanos. Portanto, não só como parlamentar, mas, como cidadão, eu diria que, modestamente, também faço parte da história desse jornal ocotgenário.
2. O respeito que O Povo adquiriu perante a sociedade cearense se dá em função de sua relação - que busca ser democrática - com os leitores e a população e se materializa na existência de seu conselhor de leitores e de sua ouvidoria (ombudsman), além, evidentemente do convite a pessoas estranhas à sua equipe para, democraticamente, expressar sua opinião, por vezes até divergente com o que defende O Povo. O exemplo maior são as enquetes das edições dos domingos.
3. No entanto, me permitar afirmar - aliás, repetir o que já asseverara na correspondência abaixo, já enviada ao jornal - que, no episódio da greve de fome (ou jejum, conforme se queira definir) de Dom Cappio em protesto contra a transposição, o jornal O Povo traiu sua própria conduta democrática e impediu que os seus leitores tivessem um painel completo das informações - e opiniões - acerca dessa questão que mobilizou a opinão pública nacional e até internacional.
4. Não nego que possa a empresa jornalística O Povo ter a sua própria opinião e, em editoriais (como efetivamente o fez, no caso da transposição), transmiti-la, de forma transparente, para o seu conjunto de leitores.
5. No entanto, negar aos seus leitores a totalidade das informações e divulgar em suas colunas e artigos de opinião praticamente uma única versão, uma única análise, uma única forma de pensar, não faz jus à história de jornal de Paulo Sarasate e Demócrito Rocha, que enfrentaram, muitas vezes, com valentia cívica, as tentativas de calar a voz da democracia e da cidadania.
6. Se algum estudante de jornalismo do Estado do Ceará se dispuser a fazer uma análise - tanto qualitativa, quanto quantitativa - da forma como o jornal O Povo (para não falar em outros veículos) cobriu essa questão, constatará um profundo e brutal desequilíbrio no tratamento da matéria.
7. A única exceção, nesse período recente, foi o artigo do Padre Maurício, da CPT, que praticamente desapareceu face à inundação não só de uma série de outros artigos - quase diários - defendendo a transposição e desqualificando a conduta do bispo franciscano.
8. Isso para não falar nas colunas (Concidadania, Política, Vertical S/A etc.), algumas delas carregadas de profundo preconceito, culminando com uma enquete no domingo passado, em que não se veiculou - dentre todos os convidados - uma única opinião contrária à posição oficial do jornal O Povo.
9. O prejuízo dessa conduta do jornal no aspecto da informação é brutal: o senso comum - amplamente, cotidinianamente, contumazmente divulgado - de que as águas do São Francisco virão resolver o problema da sede do nosso sertanejo, ensejou articulistas a cometerem erros primários, quando um deles, se referindo aos pedintes da estrada de Canindé, sugeria que a transposição resolveria esse problema.
10. Mal sabe ele (creio na sua boa fé), advogado conceituado e professor reconhecido, que as águas do Velho Chico passarão a centenas de quilômetros não só de Canindé, mas de todas as áreas mais secas de nosso Estado (Inhamuns, Sertão Central, Sertão de Cratéus, Zona Norte etc. etc. etc.).
11. Aliás, se o jornal tivesse dado um tratamento mais adequando, ficaríamos sabendo que a transposição se volta a beneficiar apenas 5% da chamada população difusa, ou seja, nossos camponeses do sertão do semi-árido.
12. Bastaria, como disse abaixo, conhecer o caminho das águas para constatar que o seu objetivo não é beneficiar a população que hoje sofre com a falta dágua, dependendo do velho e insalubre recurso do carro-pipa.
13. O ápice dessa postura - que desinforma e procura desqualificar as opiniões contrárias - se deu na coluna Vertical S/A, de ontem, 21 de dezembro, não à toa denominada "Esses ambientalistas", em que o articulista, se valendo de uma carta de outro jornalista, derrama sobre nós uma carga absurda de informações duvidosas e opiniões desrespeitosas e preconceituosas, que talvez nem sequer merecesse uma resposta deste - e de outros - "ambientalistas" (essa "raça" que, na velha - e se pensava - ultrapassada - opinião de uma elite obtusa - "atrapalha" o desenvolvimento).
14. Que a fonte primária do articulista de O Povo desconheça a existência de um canal que liga as águas do Castanhão - a grande caixa de acumulação para as águas do São Francisco - ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém, seria compreensível. Mas, que ele, como cearense, divulgue essa falsa informação (de que a transposição nada tem a ver com a siderúrgica e outros empreendimentos do Pecém) é que é muito grave.
15. Os empreendimentos que se projetam para o Pecém - uma siderúrgica e duas termelétricas, pelo menos - por serem extremamente consumidores de água e energia, não se viabilizariam, com certeza, sem as águas da transposição.
16. Por que, então, utilizar a imagem - que sensibiliza - do sertanejo sofrido de nosso semi-árido - para justificar um empreendimento que está dentro da lógica do grande capital, seja o siderúrgico, seja o termo-energético, seja o da agricultura - e carcinicultura - de exportação, seja, finalmente das grandes empreiteiras, interessadas na obra?
16. Por que o jornal não divulga que as propostas de um órgão do próprio governo - que é a Agência Nacional de Àguas (ANA) - acrescidas à proposta de 1 milhão de cisternas de placa, da Articulação do Semi-Árido (ASA) - assumidas por Dom Cappio, têm o condão de resolver, sem precisar da transposição, o deficit hídrico do abastecimento urbano e interiorano do semi-árido?
17. Por que não dizer que essas obras custarão praticamente a metade dos gastos com a transposição e poderão beneficiar até o quádruplo de pessoas que o governo diz que serão atendidas com as águas transpostas do São Francisco?
18. Ou, então, que o governo e o jornal afirmem - de forma clara, aberta, transparente - que querem a transposição para garantir a implantação desses empreendimentos e atividades - que, por sinal, são extremamente impactantes ao meio ambiente, sem, repito, dizer que estão combatendo a "indústria da seca".
19. É isso que reclamo do jornal: INFORMAÇÃO, DEBATE, CONTRADITÓRIO, TRANSPARÊNCIA, DEMOCRACIA.

Atenciosamente,

João Alfredo Telles Melo
advogado, professor, consultor do Greenpeace


PRIMEIRO TEXTO DE JOÃO ALFREDO TELLES AO JORNAL O POVO
19.12.07

Sr. Editor,
Na qualidade de leitor assíduo, assinante e eventual colaborador de O Povo, gostaria de manifestar a minha crítica da forma como vêm sendo abordados pelo jornal tanto a questão da transposição do Rio São Francisco, como do jejum de Dom Luis Cappio. Não fora o artigo publicado hoje, de autoria do Padre Mauricio, da CPT, teríamos a falsa idéia de que Dom Cappio se encontra totalmente isolado em sua posição. Intelecutais de porte de um Fábio Konder Comparato ou Maria Victoria Benevides; prelados e religiosos da expressão de um Leonardo Boff, um Pedro Casaldaliga ou um Tomás Balduino; ou mesmo um nobel da paz, como Adolo Pérez Esquivel (isso para não falar de diversos movimentos sociais e ambientalistas de todo o Brasil) desautorizam o falso conceito de que o gesto do frei franciscano não encontra eco na sociedade.

Aliás, dentre os ataques injustos que têm sido desferidos a Dom Cappio, está o de que ele seria contra o atendimento das necessidades de água do Nordeste Setentrional, onde se encontra nosso Estado do Ceará. Nada mais falso: ao propugnar pelo cumprimento das obras constantes do Atlas da Agência Nacional de Águas (ANA) - que busca garantir o abastecimento de água em todas as cidades da região do semi-árido - e da proposta de 1 milhão de cisternas de placa, da Articulação do Semi-Árido (ASA) - voltadas para a população rural, Dom Cappio demonstra que há alternativas mais abrangentes, mais eficazes, mais baratas e menos impactantes do que as obras da transposição. No caso do Ceará, o discurso oficial - que está quase se transformando em "pensamento único" - de que as águas do Velho Chico virão para atender as populações mais atingidas pelas secas, cai por terra ao simples conhecimento do caminho das águas. Nem os Inhamuns, nem o Sertão Central, nem a região de Crateús ou de Irauçuba seriam beneficiadas por essa obra.

O que é preciso ser dito - e não está sendo divulgado - é que a maior parte das águas - que se armazenarão no Castanhão - serão transferidas pelo Canal da Integração (também conhecido como Eixão) para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Não é à toa que os principais empreendimentos ali projetados - uma siderúrgica e duas termelétricas, que , além de extremamente poluentes, são consumidores vorazes de água e energia - não se viabilizariam sem as águas da transposição.

É esse debate que nós queremos ver nas páginas de O Povo, um jornal que alcançou reconhecimento em seus 80 anos de vida, pelo seu espírito democrático e progressista.

Atenciosamente,

João Alfredo Telles Melo
advogado, professor, consultor do Greenpeace

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

DE BALI A FREI LUIZ

Por
Roberto Malvezzi (Gogó)

Já dizem que Bali será um fracasso, em que pese a boa vontade de tantos, como foi Kyoto. Não se poderia esperar nada do "capitalismo ecológico". Essa história do "poluidor-pagador, usuário-pagador, crédito carbono, selos ecológicos" apenas transformou em negócios a tragédia ecológica do planeta. Ou se vai à raiz do modelo, ou o modelo nos elimina.

Vamos de Bali a Sobradinho, onde D. Luiz faz jejum e oração contra a transposição do São Francisco e a favor de alternativas que alcançam 44 milhões de nordestinos com água potável. É a mesma luta de quem não se conforma com a lógica predadora do modelo civilizatório, aqui revestido da velha indústria da seca, do atual hidronegócio, dos governos a serviço dos predadores.

A nova realidade do mundo exigiria cuidados minuciosos com a água e os solos. Dos 260 milhões de hectares irrigados no mundo, 80 milhões estão salinizados, particularmente nas regiões áridas e semi-áridas. Dos 11 projetos de irrigação analisados pelo Banco Mundial no Nordeste Brasileiro, sete são deficitários e muitos inviabilizados pela salinização. Hoje, a agricultura irrigada é responsável pelo consumo de 70% da água doce utilizada no mundo. Portanto, manejar a água nos dias de hoje é absolutamente diferente de 50 anos atrás quando Lula era menino, ou 150 anos atrás quando D. Pedro era imperador. Entretanto, chamar as corporações técnicas, as empresas e os governos à luz da razão, pelo que parece, nem com greve de fome até à morte.

Nossa tendência é afirmar de forma conclusiva que o capital é predador e suicida. Pedro Casaldáliga , na sua imensa sabedoria, acha que a humanidade não é suicida, que "ela vai encontrar caminhos de sobrevivência".

Hoje sequer falamos de pessoas. Já falamos na sobrevivência da espécie humana. Se a tragédia planetária for contada aos bilhões, não haverá problema, desde que a espécie sobreviva. A elite mundial acha que será a sobrevivente, com seus exércitos, sua tecnologia, sua ciência, seu poder. Os pobres serão expurgados. É bem provável que seja assim.

Entretanto, esses dias aqui com Frei Luiz, diante da serenidade dele, da manutenção da magnanimidade, da nobreza de seus gestos, sem vestígios de rancor, sem apequenar a alma, aprendemos que a história guarda segredos e que ninguém a controla. Os poderosos também se acabam. Quem não acredita em Deus terá seu acerto com Gaia. Gaia transforma todos em pó e os re-assimila em seu ventre fecundo. É ela quem nos comanda, não nós que a comandamos. A vitória final pertence a Gaia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Debate Sobre a Transposição: Argumentos pró e contra

TRÊS AMIGOS DEBATEM VIA E-MAIL. VEJA OS ARGUMENTOS

-----Mensagem original-----
De: ADEMIR da Silva Costa F058203
Enviada em: terça-feira, 11 de dezembro de 2007 09:59
Para: Colega
Cc: DENIS MOURA de Lima F132225
Assunto: RES: Transposição - Greve de fome - DomCappio responde a Dom Aldo PagottoColega,

Colega,

Gosto de D. Aldo. Figura leve, muito educado, homilias muito bonitas, perfil pacificador. A questão aqui não é de nível pessoal, simpatia ou antipatia. Posso simpatizar muito uma pessoa e discordar profundamente de suas posturas. Não há contradição. Outro bispo, Helder Câmara, já dizia: "Se discordas de mim, tu me enriqueces".

Em termos bem objetivos: o governo promete beneficiar com água 12 milhões de pessoas; a proposta da Articulação do Semi-Árido beneficia mais (não me lembro do total); se mudasse o trajeto do canal de transposição, passando por regiões mais secas do Ceará, por exemplo, Inhamuns, eu acreditaria que realmente a obra quer saciar pessoas; as mais de 200 tecnologias desenvolvidas e testadas pela Embrapa são menos onerosas e mais adaptadas ao ecossistema do semi-árido que a obra de engenharia de transposição. E por aí vai...Quanto à manifestação de D. Cappio ser política. É. A minha também é. A sua também é. A de D. Aldo também é. Qual o problema disso? Nenhum.

Todas as nossas manifestações contra ou a favor e omissões são políticas. Aqui reside a importância de discernir bem. Porque nossas posições políticas têm conseqüências boas ou para nossos irmãos. A ponto de o Papa Paulo VI ter escrito certa vez que a política é uma das mais nobres formas de viver o mandamento do amor. Claro que há modos de fazer política que conduzem à corrupção, mas isso já nem é política no sentido grego da palavra... (ouvi o Prof. Manfredo Oliveira afirmar isso e estou repetindo aqui.)

Quanto a embriões-pessoas serem jogados li lixo. Não há espaço aqui para essa conversa. Para mim e outros, embrião é pessoa e se a pessoa não é valor, não tem valor, tudo o mais se admite. Este é o ponto crucial. Trata-se de mais uma questão ética. Filosofia é radicalidade. A solução radical para esse problema é não gerar os embriões. Após gerados, você tem nas mãos uma bomba ética: sacrificá-los na pesquisa ou na lixeira. São duas opções ruins, por serem dois assassinatos. Quando você só tem opções ruins, você perdeu a liberdade. Quem evita gerar embriões preserva sua liberdade.

Questão semelhante é o aborto: a mulher engravidou e diz ter direito a seu corpo, pode abortar. Ora, poderia não ter engravidado. Pois tem direito ao corpo (poderia não ter renunciado ao prazer da transa, se não foi estuprada), hoje há a possibilidade de acesso à informação e a métodos anticoncepcionais. E se estiver grávida de menina? A menina não tem direito a seu corpo? E menino também não tem direito a seu corpo?É o caso da camisinha, quando dizem: é melhor usar camisinha que pegar aids. Claro. Mas se você tem fé, precisa conduzir-se de acordo com a fé. Há sempre a possibilidade de não transar e, assim, não correr o risco de pegar aids ou sífilis, igualmente uma bomba. Se não cultiva fé cristã, tudo bem, viva de acordo com suas convicções religiosas e filosóficas. O problema é que todo mundo quer viver o prazer, mas alguns não querem as conseqüências de seus atos.

Sim, nem sempre as convicções religiosas e filosóficas revelam atraso. Há uns religiosos que não admitem a transfusão de sangue. Injetaram dinheiro nas pesquisas e foram descobertos substitutivos do sangue, usados nas necessidades de transfusão.Essa barreira colocada pelos que rejeitam pesquisas com embriões por questão religiosa ou filosófica pode significar impulso para descobertas que levem a não se sacrificarem os embriões-pessoas...

Saudações.
Ademir Costa
Editor

-----Mensagem original-----
De: DENIS MOURA de Lima F132225
Enviada em: quarta-feira, 12 de dezembro de 2007 12:42
Para: Colega
Assunto: RE: RES: Transposição - Greve de fome - DomCappio responde a Dom Aldo Pagotto

Prezado Colega,

Obrigado por chamar Dom Cappio de "bispinho", pois isto é reconhecê-lo como parte do "povinho", o povinho bom, povão, que trabalha, ama, é enganado de boa fé, mas que tem sido ajudado ao longo dos anos por pessoas também povinho como: Luther King, Madre Teresa de Caucutá, Zumbi dos Palmares, Mahatma Gandhi e Jesus de Nazaré.Que bom que o proposito do bispo seja político. O Ademir explicou muito bem que toda ação ou omissão nossa é sempre política, e a ação de Dom Cappio não seria diferente. Se não fosse política, seria o quê? Jenjum egocêntrico pra salvar a própria alma ou individualmente atingir um "Nirvana"?

Sua intenção é política tanto quanto a nossa ao trocarmos estes e-mails.

A pergunta chave de sempre é: "de quem está a serviço a intenção política?"A serviço de minorias privilegiadas ou a serviço das maiorias expoliadas?A serviço do lucro ao custo até da inabitabilidade da Terra às gerações futuras ou a serviço da defesa do uso sustentável da Terra e da àgua para todos os seus habitantes, homens(ricos ou pobres), plantas e animais (úteis ao homem ou não)?Para investigar respostas a esta velha pergunta rizomática, utilizo uma outra pergunta como baliza: "há egoísmo em determinada idéia ou ação?"Com esta baliza, percebo que não são os meios iguais utilizados que fazem as intenções de um ACM ou de um Dom Cappio também iguais. Um ônibus será uma arma ou um meio de transporte conforme a intenção de seu condutor.

Um jornal será poderosa arma para aprisionar as mentes à egoísta verdade das classes dominantes ou poderá servir à verdade, mantendo-se aberto a todas as diversidades de opiniões de todas as camadas sociais. Que bom termos alguém que use a Igreja em prol do povão em vez de fazer como muitos que se privilegiam através dela.

Continuando a usar a baliza: Há egoísmo em querer as células tronco de um embrião para salvar um individuo doente terminal que tem força de se defender, negando ao indefeso embrião o direito de continuar vivendo? Há egoísmo por parte do grupinho de investidores no agronegócio em quererem ficar com 75% das àguas que seriam transpostas do Rio São Francisco? Há egoísmo por parte do mesmo grupinho que tem, ao longo dos séculos, utilizado o dinheiro do povo pra se abastecerem de açudes e vender com voto a "aramefarpalizada" àgua do povo Nordestino?

Dênis Moura de Lima
denismoura@bnb.gov.br

Continuando a usar a baliza: Há egoísmo em querer as células tronco de um embrião para salvar um individuo doente terminal que tem força de se defender, negando ao indefeso embrião o direito de continuar vivendo? Há egoísmo por parte do grupinho de investidores no agronegócio em quererem ficar com 75% das àguas que seriam transpostas do Rio São Francisco? Há egoísmo por parte do mesmo grupinho que tem, ao longo dos séculos, utilizado o dinheiro do povo pra se abastecerem de açudes e vender com voto a "aramefarpalizada" àgua do povo Nordestino?

Que a baliza continue separando o joio do trigo!

"Conscia mens famae mendacia risit"

Atenciosamente,
Dênis Moura de Lima
denismoura@bnb.gov.br


-----Original Message-----
From: Colega
Sent: terça-feira, 11 de dezembro de 2007 14:03
To: DENIS MOURA de Lima F132225
Cc: ADEMIR da Silva Costa F058203
Subject: RES: Transposição - Greve de fome - DomCappio responde a Dom Aldo Pagotto

Caros Ademir e Dênis,
Não falei que o propósito do bispinho baiano era meramente político?!!!!?

Vejam o que ele falou diante da liminar da Justiça Federal da Bahia, já hoje: assim fala o jornal: O presidente Lula deve receber hoje, em Brasília, representantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para discutir a greve de fome de d. Luiz Flávio. O bispo disse ontem que ainda acredita em uma solução para a greve de fome: "O Brasil tem muita gente inteligente, não vão deixar para negociar sobre o cadáver de um bispo".\u003cbr /\>\u003cbr /\>Ele disse ainda que o governo "fez calar as forças sociais" ao "trair a causa que defendia, tornando-se refém dos grandes", e apoiou as manifestações do MST e da Via Campesina. Segundo ele, tais mobilizações "são importantes para a redescoberta de identidades pelos próprios movimentos sociais".\u003cbr /\>\u003cbr /\>Na Bahia, o ACM conseguiu todo o seu jogo até mesmo com os religiosos que em última análise são os maiores multiplicadores de opinião...

Colega

Prezados,

Mesmo que se considere não gerar impacto ambiental significante o sangramento de 1,5% do rio(que na hora H, ninguém vai tá medindo pra garantir se vai ser só 1,5 ou 15%), o que dizer do sangramento de mais de R$6bilhões do povo brasileiro pra fazer uma obra que será 75% canalizada para os grandes latifundios, monoculturas irrigadas do capitalismo nacional e internacional altamente mecanizados e pouco empregadores contra apenas os R$3bilhões necessários às 530 obras do Atlas Nordeste da ANA - Agência Nacional de Águas e pelas mais de 140 tecnologias da ASA e da EMBRAPA que estão ficando no papel e que seriam suficientes e necessárias para acabar de vez com a industria da seca no Nordeste, gerar agriculturas familiares fortes e saudáveis ("Pauca, sed bona") como as que existem no 1° mundo e reduzir de verdade a exclusão social?

"Mutatis mutandis, ave populi"!

Ele disse ainda que o governo "fez calar as forças sociais" ao "trair a causa que defendia, tornando-se refém dos grandes", e apoiou as manifestações do MST e da Via Campesina. Segundo ele, tais mobilizações "são importantes para a redescoberta de identidades pelos próprios movimentos sociais".Na Bahia, o ACM conseguiu todo o seu jogo até mesmo com os religiosos que em última análise são os maiores multiplicadores de opinião...

Um abraço solidário, mas NORDESTINO,

Colega


-----Original Message-----
From: Colega Sent: terça-feira, 11 de dezembro de 2007 14:03
To: DENIS MOURA de Lima F132225
Cc: ADEMIR da Silva Costa F058203
Subject: RES: Transposição - Greve de fome - DomCappio responde a Dom Aldo Pagotto

Colega
Prezados,

Mesmo que se considere não gerar impacto ambiental significante o sangramento de 1,5% do rio(que na hora H, ninguém vai tá medindo pra garantir se vai ser só 1,5 ou 15%), o que dizer do sangramento de mais de R$6 bilhões do povo brasileiro pra fazer uma obra que será 75% canalizada para os grandes latifundios, monoculturas irrigadas do capitalismo nacional e internacional, altamente mecanizados e pouco empregadores, contra apenas os R$ 3 bilhões necessários às 530 obras do Atlas Nordeste da ANA - Agência Nacional de Águas e pelas mais de 140 tecnologias da ASA e da EMBRAPA que estão ficando no papel e que seriam suficientes e necessárias para acabar de vez com a industria da seca no Nordeste, gerar agriculturas familiares fortes e saudáveis ("Pauca, sed bona") como as que existem no 1° mundo e reduzir de verdade a exclusão social?

"Mutatis mutandis, ave populi"!

Atenciosamente,
Dênis Moura de Lima
denismoura@bnb.gov.br

domingo, 16 de dezembro de 2007

A MILITARIZAÇÃO DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Nota de
Frei Rodrigo Péret, ofm.
Secretário Nacional de Justiça, Paz e Ecologia dos Franciscanos


Sobradinho, 13 de dezembro de 2007


Estou em Sobradinho, BA, em solidariedade à luta pela defesa do rio São Francisco e a Dom Cappio, que nesse momento é símbolo dessa luta.

Dom Luiz Cappio já está há dezessete dias em jejum e oração como forma de protesto contra a transposição do Rio São Francisco.

A Militarização da Transposição do Rio São Francisco.

A Transposição é uma questão controversa e de muita luta social. O Governo Lula, além de iniciar as obras sem uma ampla consulta à sociedade e sem considerar as alternativas, propostas no âmbito do próprio governo, fez a opção pela militarização da Transposição. Entregou para o Exército Brasileiro o início da construção das Obras do Eixo Norte e do Eixo Leste da Transposição de parte das águas do Rio São Francisco.

Ficou encarregado das obras o 2º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército, de Teresina, que toca as obras de transposição de águas do Rio São Francisco para o eixo Norte do semi-árido. Os militares mantém sua na Fazenda Mão Rosa e os acessos à área da obra estão impedidos. Uma grande área já foi desmatada.

Hoje tropas do exército estão estacionadas na região das obras nos dois eixos, bem como na barragem de Sobradinho. As notícias são de que também soldados da infantaria se encontram na região. Com armamento pesado e até mesmo presença de tanques.

O exército faz operação social, como que querendo ganhar para si uma opinião favorável da população de Cabrobó.

Tratar uma questão social e ambiental numa perspectiva militar é um grande erro. Não se impõem políticas que pretendem promover a vida por meio da força. Já vivemos no Brasil, no período da ditadura militar a infame ideologia de "segurança nacional". Essa ideologia buscava o tal inimigo interno e encarava toda e qualquer idéia do povo diferente das do diligentes, como um perigo para a segurança do país, mas ao mesmo tempo ampliava os interesses do capital internacional no país. Hoje, a Transposição serve aos interesses do agro hidro negócio e não ao consumo humano e às necessidades dos camponeses, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Na missa de ontem em Sobradinho o Pe e Teologo José Comblin comparou Dom Frei Cappio ao profeta Daniel.

Paz e Todo Bem!
Frei Rodrigo Péret, ofm.
Secretário Nacional de Justiça, Paz e Ecologia dos Franciscanos

Nota do Conselho Episcopal de Pastoral da CNBB

"Senhor, concede a vida do meu povo pelo qual te peço" (cf. Ester 7,3).

1. O jejum e a oração de Dom Luiz Flávio Cappio, ofm, bispo da diocese de Barra-BA são motivados por seu espírito de pastor que ama seu povo. Dom Luiz expressa seu constante compromisso em defesa do Rio São Francisco e da vida das populações ribeirinhas – agricultores, quilombolas, povos indígenas – e de outras áreas. Sua atitude revela respeito à dignidade da pessoa e da criação e sua convicção de que o ser humano é capaz de conviver em harmonia e respeito com o meio-ambiente.

2. Assim, Dom Luiz Cappio traz à luz o embate entre dois modelos opostos de desenvolvimento: de um lado, o modelo participativo e sustentável, que valoriza a agricultura familiar e a preservação da natureza; e de outro, o que privilegia o agro e hidronegócios, com sérios prejuízos ambientais e sociais, pois explora o povo e destrói os rios e as florestas. Sua luta em defesa do Rio São Francisco é respaldada pelo que diz o documento de Aparecida: "A riqueza natural dos nossos países experimenta hoje uma exploração irracional e vai deixando um rastro de dilapidação, inclusive de morte por toda nossa região. Em todo esse processo, tem enorme responsabilidade o atual modelo econômico, que privilegia o desmedido afã pela riqueza, acima da vida das pessoas e dos povos e do respeito racional pela natureza" (DA 473).

3. A CNBB tem afirmado, junto ao governo e à sociedade, a necessidade de dar continuidade a um amplo diálogo sobre o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Tem sinalizado também a importância da revitalização do Rio e a garantia de toda população ao acesso à água de boa qualidade como um direito humano e um bem público. O Governo democrático tem a responsabilidade de interpretar as aspirações da sociedade civil, em vista do bem comum, de oferecer aos cidadãos a possibilidade efetiva de participar nas decisões, de acatar e de respeitar as determinações judiciais, em clima pacífico.

4. Julgamos necessário considerar outras propostas alternativas, socialmente adequadas e eficazes, apresentadas por entidades governamentais, especialistas e movimentos sociais, a custos menores e com possibilidade de atingir maior número de pessoas e municípios. Entre essas, destacamos as apresentadas pela ANA (Agência Nacional das Águas), através do Atlas Nordeste, e pela ASA (Articulação do Semi-Árido brasileiro) com a construção de um milhão de cisternas.

5. Neste tempo de Advento, vivenciando a esperança, convidamos as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a Dom Luiz Cappio, por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida. A esperança não decepciona (Rm 5,5).

Brasília, 12 de dezembro de 2007.
Festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

CNBB CONVOCA JEJUM DE APOIO A BISPO

Em nota divulgada ontem, a entidade conclama os cristãos a se "unirem em jejum e oração" a dom Luiz Cappio

Por
EDUARDO SCOLESE
13.12.2007

Após ter ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que as obras de transposição do rio São Francisco não serão paralisadas por conta da greve de fome de dom Luiz Cappio, o comando da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem nota na qual convoca todos os cristãos a se "unirem em jejum e oração" ao bispo de Barra (BA). "Convidamos as comunidades cristãs e pessoas de boa vontade a se unirem em jejum e oração a dom Luiz Cappio, por sua vida, sua saúde e em solidariedade à causa por ele defendida", afirma a CNBB, em nota.

A entidade que representa a Igreja Católica disse que o "governo democrático" tem que ter a "responsabilidade" de permitir o acesso da sociedade às decisões e de "acatar" e "respeitar" as decisões da Justiça. Anteontem, em encontro no Planalto, Lula disse aos bispos que não irá paralisar a obra por conta do protesto e que cabe à própria Igreja buscar uma solução ao fim do jejum. "O governo democrático tem a responsabilidade de interpretar as aspirações da sociedade civil, em vista do bem comum, de oferecer aos cidadãos a possibilidade de participar nas decisões", afirma a entidade.

Resultado final de encontro nesta semana do Consep (Conselho Episcopal de Pastoral), a nota é assinada por dom Geraldo Lyrio Rocha (presidente), dom Luiz Soares Vieira (vice) e dom Dimas Lara Barbosa (secretário-geral). Na nota, ao cobrar o respeito do governo às decisões judiciais, a CNBB faz menção ao fato de a obra de transposição não ter sido interrompida até quarta-feira, mesmo diante de uma liminar divulgada segunda-feira pela Justiça Federal. O Ministério da Integração Nacional informou que somente anteontem à noite foi notificado da decisão.

Participação

Já no recado da nota sobre a participação popular nas decisões de governo, a CNBB entra na discussão levantada pelo próprio dom Luiz, segundo a qual a gestão petista teria iniciado as obras sem ter dado a oportunidade de opinião para setores da sociedade contrários à transposição. Cappio está em Sobradinho (BA) e completou hoje 17 dias de greve de fome.

Na nota divulgada ontem, ao sair em defesa do bispo de Barra, a CNBB aproveita ainda para colocar em xeque recentes declarações do governo de que a transposição irá matar a sede de 12 milhões de nordestinos. "Dom Luiz Cappio traz à luz o embate entre dois modelos opostos de desenvolvimento: de um lado, o modelo participativo e sustentável, que valoriza a agricultura familiar e a preservação da natureza; e de outro, o que privilegia o agro e o hidronegócio, com sérios prejuízos ambientais e sociais, pois explora o povo e destrói os rios e as florestas."

Mensagem de Monja Budista sobre Dom Cappio

Infelizmente não posso agora ir visitar o Frei.

Fico devendo e querendo.

De longe me vendo lá.

Que São Francisco proteja o rio, o povo, o bispo e sempre as águas, as matas, as terras, os céus e todos os bichos.

Mãos em prece.

Monja Coen

NATAL DE DOM CAPPIO

Por
Frei Betto 13.12.2007

Lá está o bispo, dom Luiz Flávio Cappio, no sertão da Bahia, decidido em sua greve de fome contra a transposição do Rio São Francisco.

O rio, que corta o coração do Brasil, leva o nome do santo padroeiro da ecologia, devido ao seu amor à natureza, com a qual mantinha relação de alteridade e empatia: Irmão Sol, Irmã Lua.

O que poucos notam é que o mentor de dom Cappio era, no século XIII, um crítico radical dos primórdios do capitalismo. O feudalismo ruía por sua inércia e os burgos, as futuras cidades, despontavam sob as luzes da redescoberta de Aristóteles e os novos empreendimentos mercantis.

Bernardone, pai de Francisco, rico proprietário de manufatura de tecidos, importava da França as tinturas para colorir seu produto. Sua admiração pela metrópole levou-o a batizar o filho em homenagem à França – Francesco.

A miséria, até então, campeava na Europa em decorrência de guerras e da peste. O mercantilismo gerou, pela primeira vez, relações de trabalho promotoras de exclusão social. Francisco solidarizou-se com as vítimas da nascente manufatura. Ao despir-se na praça de Assis, todos entenderam o gesto para além de simples ato de despojamento. As roupas produzidas pelo pai estavam conspurcadas pela tecnologia que condenava artesãos à perda de seu ofício e, portanto, à miséria.

Hoje, o franciscano dom Cappio se posiciona ao lado das vítimas da transposição das águas do São Francisco. O PT, historicamente, era contrário ao projeto. E também contra a CPMF. Uma vez governo, mudou, como aliás mudou em tantas outras coisas. Mudou para não efetivar as mudanças prometidas, como a agrária. Mudou para se desfigurar como partido dos pobres e da ética. Mudou para ficar mais parecido com seus adversários políticos.

Em Sobradinho (BA), na capela consagrada ao santo que dá nome ao rio, o bispo faz seu gesto solitário, embora alvo, no Brasil e no exterior, de muitos apoios solidários. Sua primeira greve de fome, por 11 dias, foi em 2005. Dom Cappio recusou alimentos até que o governo prometesse rediscutir o projeto e promover a revitalização do rio. Segundo o bispo, o Planalto não honrou o compromisso.

A obra de transposição está orçada em R$ 5 bilhões. Cornucópia na qual estão de olho as grandes empreiteiras e o agronegócio. Dom Cappio desconfia de que a transposição beneficiará, não os pobres da região, que vivem da pesca e do cultivo familiar, e sim o grande capital.

Quem já viu governo fazer obra de vulto para beneficiar pobre? Nem sequer o governo Lula investiu suficientemente no programa de construção de 1 milhão de cisternas de captação de água da chuva, que poria fim às agruras da seca no semi-árido. Apenas 25% das cisternas foram construídas, assim mesmo graças ao apoio da iniciativa privada. Cidades sem suficiente saneamento são beneficiadas por viadutos para o conforto de quem transita em carros...

Quem terá acesso à água transposta? A seca ou a cerca? Não faz sentido esse projeto numa região em que ainda predomina o latifúndio e cuja população, cerca de 12 milhões pessoas, não tem acesso à propriedade da terra. No projeto não são incluídas as 34 comunidades indígenas e os 153 quilombolas encontrados em sua área de alcance.

O próprio organismo que responde pelas bacias hidrográficas, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, está contra o projeto, que ignora as estruturas sociais arcaicas da região – o que significa, na prática, fortalecê-las.

O que dom Cappio reivindica é simples e democrático: que o governo debata o projeto com a sociedade, sobretudo com os ribeirinhos do São Francisco. A obra terá profundo impacto em toda a extensão territorial do país e, sobretudo, reflexos ambientais e sociais.

Dom Cappio tem fome de justiça, uma bem-aventurança, segundo Jesus no Sermão da Montanha. Seu Natal é o da manjedoura, lá onde a família de Maria e José, sem-teto e sem-terra, faz nascer a esperança de que a população da bacia do São Francisco não venha, em futuro próximo, ser conhecida também como sem-rio.

Frei Betto é escritor, autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros.

sábado, 15 de dezembro de 2007

DESVIO DO RIO, DESVIO DO BRASIL

Ode de Ze celso, teatrologo, 12 de dezembro de 2007

Ió! Presidente Lula!
Ió! Mortais Brasileiros e do Mundo Inteiro!

O São Francisco é um Rio Sagrado. Muito mais ainda agora queo Frei Luiz Flávio Cappioe a Legião das Marias sobrevivem no seu 16º dia de jejum, alimentado-se somentedo Vinho da Água Rio, para que a sua Paixão: o "Opará " dos Índios o Velho Chico, não seja assassinado. O São Francisco é nosso Ganges Nosso Santo Rio Não pode morrer neste DESVIO. Letícia Sabatella esteve há dias com o Frei Luiz, informou-me que neste momento o Exército cerca o lugar onde está o Bispo, traz uma Ambulância, para arrancá-lo de lá, à força. É um atentado terrívela todas as Liberdades que o Agro-Negócio, a Indústria da Seca, e o Ministro Gedel Viana estão impondo ao Povo Brasileiro e aos seres humanos de todo mundo. O Bispo somente pede para que cessem, por um tempo, as obras do desvio,para que o Brasil e nosso Planeta, debatam esta questão, para uma escolha democráticaque determinese a obra deve ou não ser continuada. A Democracia não supõe carta branca para os que elege.

Muitas vezes podemos discordar de tomadas de posiçãoque nossos próprios candidatos tomam. Daí o plebiscito e outras formas democráticas de se atualizar nosso consentimento democrático de povo eleitor. Nesta situação está em jogo a decisão entreo Modelo Suicida de Amor às Finanças ,já causador de danos irreparáveis a natureza, e o "Sem Modelo" de crescimento econômicoinspirado no Amor à Vida. Não se pode Matar um Rio. O próprio Bispo, tem proposições técnicas objetivas,econômicas, desenvolvimentistas, ligadas ao desejo de crescimento e prosperidade do povo, dos Índios, dos Brasileiros, e Estrangeiros, da Canudos que se formou em torno da sua ação santa, heróica e muito corajosa. O Brasil não está condenado a optar por um desenvolvimento,dominado pelo Modelo Assassino da Terra, causador do Efeito Estufa, de todos os males, que somente agora, neste 2007, todos nós, de todas as classes, etnias, idades, países, sentimos no nosso corpo, nos climas, nas catástrofes, no Corpo da Terra, nossa moradia, no Corpo dos Mares e dos Céus. Todo mundo hoje, sabe da Ecologia, porque sente sua falta agora, em seu nariz . A Humanidade era até bem pouco tempo, ignorante do dano causado por nós mesmos, mas agora esses erros chegaram ao nosso Corpo, ao nosso Ar, às nossas Ruas, aos Campos, transmutando-se emVIOLÊNCIA GENERALIZADA. O DESVIO DO SÃO FRANCISCO É O CISCO QUE COBRE O MODELO ARISCO ASSASSINO DA INDÚSTRIA DA SECA PROMOTORA DA FECUNDA ARIDEZ DA ESPECULAÇÃO FINANCEIRA. O Padre atua para fazer cair este Modelo Predatório,Violento, Imposto à Força pela Aridez do Coração dos Especuladores Financeiros.

E Luta, desesperadamente, pra deixar o Rio correr no sentido da Vida, como é o nome do site dele: http://www.umavidapelavida.com.br/

Rito da "Ethernidade de Luís" do dia 23 de dezembro no Teatro Oficina, quando a atriz Giulia Gam me telefonou e me pôs em contacto com nossa colega Letícia Sabatella, contagiada por sua estada com Frei Luiz. A narrativa sincera, emocionada,de Leticia me contagiou.
Espero contagiar também quem ficar sabendo e que de todos os lados partam pedidos ao Presidente Lula, cada um a sua maneira. Eu começo fazendo este: que o Frei Luiz seja atendido por Médicos, como ele deseja e precisa, mas que fique bem claro: somente e imediatamente após , a paralisação das Obras do Desvio. Assim conseguiremos evitar mais uma Tragédya Brasileira Anunciada.

Rito do 20º Ano da Ethernidade de Luís será celebrado no Teat(r)o Oficina dia 23 de dezembro as 14h30' e será a partir destes acontecimentos,
dedicado à Dupla de LU(I)ZES, dois BODES CANTORES:

LUÍS ANTÔNIO MARTINEZ CORRÊA

LUIZ FLÁVIO CAPPIO, o Frei que hoje, dia 12 ,completa 16 dias de Jejum para que não permitamos o Desvio da Vida, pela Abstração de quem pensa na utopia de que somente o dinheiro resolve tudo.

E Luta,desesperadamente, pra deixar o Rio correrno sentido da Vida, como é o nome do site dele: http://www.umavidapelavida.com.br/

Eu estava estudando o Rito da "Ethernidade de Luís" do dia 23 de dezembro no Teatro Oficina, quando a atriz Giulia Gam me telefonoue me pôs em contacto com nossa colega Letícia Sabatella, contagiada por sua estada com Frei Luiz. A narrativa sincera, emocionada,de Leticia me contagiou. Espero contagiar também quem ficar sabendo e que de todos os lados partam pedidospoderosos, ao Presidente Lula, cada um a sua maneira. Eu começo fazendo este : que o Frei Luiz seja atendido por Médicos, como ele deseja e precisa, mas que fique bem claro: somente e imediatamente após , a paralisação das Obras do Desvio.
Assim conseguiremos evitar mais uma Tragédia Brasileira Anunciada.

O Rito do 20º Ano da Ethernidade de Luís será celebrado no Teat(r)o Oficina dia 23 de dezembro as 14h30'e será a partir destes acontecimentos, dedicado à Dupla de LU(I)ZES, dois BODES CANTORES: LUÍS ANTÔNIO MARTINEZ CORRÊAELUIZ FLÁVIO CAPPIO, o Frei que hoje, dia 12, completa 16 dias de Jejum para que não permitamos o Desvio da Vida, pela Abstração de quem pensa na utopia de que somente o dinheiro resolve tudo.

José Celso Martinez Corrêa
M E R D A

Presidente Lula e Dom Cappio, na Roda Viva da História

Por
Paulo Maldos

Assessor político do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) 14.12.2007

Dom Luiz Flávio Cappio iniciou, há 17 dias, uma grevede fome pelo rio São Francisco, contra a transposiçãodesse imenso rio, em favor das comunidades que vivem no seu curso, ribeirinhos, pescadores, quilombolas,indígenas, em favor daqueles que sofrem com a sede nonordeste, em favor da natureza do semi-árido.Dom Cappio exige um debate nacional sobre um projeto que só privilegia o hidronegócio, o agronegócio e asgrandes empreiteiras e propõe como alternativa àtransposição um projeto também do governo Lula,gestado na (ANA) Agência Nacional de Águas, um projetoque respeita e valoriza o meio ambiente e que levariaágua a quem tem sede, não negócio.

O presidente Lula não realizou o debate prometido,cuja promessa encerrou a primeira greve de fome, eendureceu com Dom Cappio, afirmando que as obras com o Exército vão continuar, irreversíveis. Ou seja, paraLula, a morte de Dom Cappio é uma alternativa possívele aceitável.No entanto, ao redor do gesto radical do bispo, estáse formando uma corrente de solidariedade, de apoios, de alianças, de identificação ética, política, social,ideológica, cujos contornos são facilmenteidentificáveis: trata-se dos movimentos sociais,políticos, pelos direitos humanos, pastorais sociais,personalidades da Igreja Católica, da política, da cultura, que constituíram, desde os anos 80, Lula comoliderança de massa em nosso país. Este universosocial, político e cultural, de pessoas e movimentossociais tiveram, ao longo de mais de duas décadas, uma relação com Lula que foi como a da vela com a suachama: uma nutrindo-se da outra.

A luta e a perspectiva de vida ou de morte de DomCappio coloca esta antiga história numa encruzilhada:se Dom Cappio sobreviver, haverá continuidade, mesmo que mais conflitiva, devido ao lugar institucional hácinco anos ocupado por Lula; se Dom Cappio vier afalecer, será o final dessa história.Não será Dom Cappio apenas que morrerá, mas morrerá areferência política de Lula e do Partido dos Trabalhadores na história dos movimentos sociais doBrasil.Vivemos, tempos atrás, o final da ditadura, suadesconstituição simbólica a partir dos movimentossociais e sindicais, onde despontou o próprio sindicalista Lula como protagonista central; vivemos ofinal da Nova República como alternativa civil, com acontestação popular; vivemos a derrocada doaventureiro Collor e seu grupo com os movimentos sociais na rua, vestidos de preto; vivemos o fim do ciclo neoliberal tucano de Fernando Henrique Cardoso,com o repúdio nas urnas. Todos terminaram percebendo"um desprezo singular nos olhos do homem simples", como o protagonista central da peça Roda Viva, de Chico Buarque de Holanda.

O percurso histórico de Lula lembra o percurso do próprio rio São Francisco: muitas fontes limpas no nascedouro, depois um trajeto acidentado, muitos entulhos, assoreamento e alianças contraditórias pelo caminho; a sedução do grande capital no seu curso final; o definhamento, como rio e como história política, sem chegar ao oceano da memória afetiva do povo brasileiro. A história da liderança popular de Lula será a história de um fracasso. A morte física de Dom Cappio sinalizará para a morte política de Lula.

UM DESABAFO ESCLARECEDOR AO APAGAR DAS LUZES

Por
Dilermando Alves do Nascimento
Geólogo

Ressuscitado durante várias décadas, o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco volta às manchetes respaldado pela justiça com força de um leão feroz e faminto devorando tudo que vai encontrando pela frente, apesar de ser contestado e condenado por cientistas, técnicos e pela grande maioria da sociedade brasileira.

O projeto voltou mais robusto e de caixa alta com mais 2,1 bilhões adicionados ao custo inicial de 4,5 bilhões da obra, totalizando agora a expressiva verba de 6,6 bilhões. Quem deve estar sorrindo à toa são os sortudos que irão colocar as mãos em cima desta bela grana, os empresários da construção civil, os industriais e por tabelinha os detentores do agronegócio. Estamos vivendo o momento já tradicional de restituições das doações feitas para as campanhas políticas passadas e futuras. E o povão como fica? Vai sobrar mais sede e fome, até que a morte os separe.

Tenho me posicionado sempre contra a execução deste projeto convicto de que as soluções para os problemas sócio-econômicos e da seca do Nordeste do Brasil não serão resolvidos com uma simples oferta de água. A água por si só, não constitui o único fator fundamental para o desenvolvimento de uma região, necessitando de programas e ações complementares. Sem estas, não haverá aproveitamento racional da água, visto que durante os períodos de estiagens prolongadas, os municípios próximos às grandes massas d'água, a exemplo do de Orós e os situados às próprias margens do Rio São Francisco, sempre entrarem em estado de emergência, recebendo vultosas verbas públicas emergenciais que só Deus sabe em que circunstâncias elas são gastas.

Inúmeros trabalhos técnicos desenvolvidos no Nordeste do Brasil apontam a existência de um volume de água acumulado nesta região mais que o suficiente para promover o desenvolvimento e dar uma qualidade de vida digna ao seu povo. O péssimo gerenciamento de seus recursos hídricos ao longo de todos estes anos, com resultados ineficazes, não conseguiu promover efetivamente melhorias nas condições de captação e armazenamento de suas águas, nem melhorar a sua distribuição espacial para as regiões mais dispersas do sertão, com os grandes açudes mantendo suas águas armazenadas em estado de inércia. O cerceamento do direito de uso para o homem humilde do campo, o manejo inadequado das reservas de água e a falta de um verdadeiro programa que democratize o acesso a ela, são alguns dos fatores dominantes que não permitiram um crescimento sustentável para a região.

A falta de água, ou melhor, a não permissividade de acesso do homem, tem se constituído um fato real causador da sede e da fome da População do Semi-Árido. Entretanto, a miséria e a pobreza da população do Semi-Árido Nordestino, não deve ser atribuída à escassez da água, como dizem os políticos, mas como o resultado do descaso dos governantes para com as obrigações sociais essenciais como, assistência à saúde pública com uma medicina socializada que elimine os indicies alarmantes de doenças endêmicas e a mortalidade infantil, a implantação de um programa educacional para erradicar o analfabetismo, uma reforma agrária mais abrangente com implantação da agricultura familiar, um programa habitacional que elimine moradias inabitáveis e sem saneamento básico, e a criação de políticas que permitam o crescimento econômico reduzindo o alto nível de desemprego que existe hoje em todo o país.
A infra-estrutura deficiente do Nordeste deve ser atribuída à falta destes itens essenciais indesejáveis à vida humana, que vêm sendo mantidos pelo egoísmo dos nossos governantes, acompanhada de um sadismo sem precedentes. As verbas para implantação das políticas públicas nos projetos estruturais, são na maioria das vezes aplicadas indevidamente caracterizando a malversação do erário público para alimentar a famosa indústria da seca.

O químico e sociólogo Luís Américo tem participado em várias ocasiões das discussões dos artigos do site do Ambientebrasil defendendo a implantação do Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco. Até aí tudo bem, respeito a sua opção em defesa do projeto, porém discordo do seu simplismo em suas manifestações infundadas e divagantes. O fato, é que ele trata de forma depreciativa as questões relacionadas ao meio ambiente, fazendo deboche em cima de um processo complexo e de conseqüências catastróficas imprevisíveis, como é a captação de água dos rios, dando prova cabal de que não conhece absolutamente nada em matéria de recursos hídricos e muito menos de agressão e impacto ao meio ambiente, um verdadeiro simplício.

Em seus comentários é nítida a sua aversão no tocante ao trato de questões ambientais que são prioritárias em qualquer projeto. Então, como pode ele descartar estas questões fundamentais, em se tratando de um projeto que apresenta tanta complexidade sócio-econômica e ecológica, como é o Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco, que o governo federal teimosamente continua insistindo em implantar para a região setentrional do Nordeste do Brasil.

O Luís, que é inimigo declarado do Bispo Dom Luís Cappio, mas é a favor da execução deste, inoportuno, inconseqüente projeto, oneroso aos cofres públicos e fadado a não resolver coisa nenhuma, tenta se justificar alegando que o percentual de água a ser retirada do rio será apenas um filete (1,4%) e que a população a ser beneficiada será de 12 milhões de pessoas, repetindo assim os mesmos números que o governo federal vem divulgando ao longo dos últimos quatro anos para convencer e sensibilizar a população brasileira que o projeto vai ser a salvação da seca do Nordeste levando um caneco de água a quem tem sede.

Por certo, você, Luís, e todos que são favoraveis a transposição, mais que não dão uma atenção especial as questões ambientais, nunca ouviram falar dos Rios Syrdar'ya e Amudar'ya, na região da Sibéria, que se encontram na UTI em conseqüência imediata das inúmeras sangrias aduzidas ao longo de seu curso, cujo resultado é o pequeno filete de água altamente poluída que chega a sua foz, causando a maior catástrofe ecológica já vista no mundo, a do Mar D'aral, situado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão.

Vocês também não devem estar informados sobre o extermínio do santuário ecológico que se estendia por 120 quilômetros a montante da foz do Rio Colorado, desde o Mar do Cortez no México até a fronteira com os estados do Arizona e da Califórnia, mais especificamente no estado da Baixa Califórnia, no México onde milhares de hectares de solos férteis foram salinizados tornando-se improdutivos, afetando todo o bioma desta região e aniquilando com a fauna e a flora. Suponho também que vocês não conhecem o estado deplorável em que se encontra o rio Amarelo da China que passa nove meses do ano seco ao longo de 550 quilômetros de extensão a partir de sua foz, conseqüência do mesmo esquema de adução indiscriminada de suas águas para fins de irrigação retiradas a montante deste curso, deixando milhões de chineses com fome e sede ao longo deste trecho afetado.

E o famoso aqueduto de Los Angeles na Califórnia! Foi ele sim, quem promoveu a hipersalinização do Lago Mono e extinguiu a agricultura dos vales do Owens e do Mojave deixando a sua população em estado de abandono e pobreza. E a eutrofização do Lago Salton localizado no complexo de canais do Aqueduto do Rio Colorado, fenômeno bioquímico introduzido pela restituição das águas poluídas da irrigação do Vale Imperial, que causou um prejuízo incalculável às imobiliárias que investiram uma fábula em um empreendimento que seria implantado em suas margens e que era considerado como uma nova Palm Spring da Califórnia. Para encerrar, lembro o extermínio de milhões de salmões e de trutas que todos só anos subiam o Rio Columbia, EUA para a piracema, atribuído à construção da represa Grand Coulee.

Poderia aqui continuar a enumerar vários outros exemplos mundiais mal sucedidos sobre represas, transposição e adução de água de rios que não deram certo. Todos os exemplos acima citados apresentam o mesmo perfil: promover modificações danosas à natureza, causar mais prejuízo ao meio ambiente e a população do que o retorno dos benefícios esperados. São situações estarrecedoras analisadas e rejeitadas pelo mundo afora, porém, aqui, parece que pelo andar da carruagem ninguém sabe, ninguém viu, e muito menos está disposto a ouvir e dialogar.

Uma simples consulta ao tão badalado Projeto de Revitalização do Rio São Francisco (que anda a passo de cágado) e do sistema de exploração e preservação dos recursos naturais do rio, mostra que o rio já se apresenta em um estágio bastante avançado de desequilíbrio, em função da devastação de suas matas ciliares, do assoreamento e da descarga de toneladas de esgotos altamente poluídos jogados em sua calha. Junta-se, a retirada de água acima de sua disponibilidade alocável para uso consuntivo através das outorgas já emitidas e das incalculáveis aduções clandestinas, e aí, estão criadas as condições ideais para transformar a Bacia do Rio São Francisco em uma réplica perfeita do que aconteceu nas bacias do Rio Colorado, do Rio Amarelo (China) e dos Rios Syrdar'ya e Amudar'ya.

O estado de desespero do Velho Chico é tão grande que os ribeirinhos da cidade de Brejo Grande, em Sergipe, em dezembro de 2006, percorreram 5 km rio adentro atravessando o rio a cavalo até a cidade de Piaçabuçu, em Alagoas. Em pleno trajeto, no meio do leito do rio, deram-se as mãos e promoveram um abraço simbólico para protestar contra o estado de calamidade que se encontra o rio. Este foi um evento que prova a real situação atual do Rio São Francisco descrita no texto acima, onde o assoreamento de sua foz já transforma o seu estuário em pequenos deltas. Isto nos obriga a reensinar nas escolas às nossas crianças, que tal fenômeno, apesar de ser uma evolução natural dos rios, está sendo imposto pela ação antrópica indiscriminada do homem com mudanças radicais para seu bioma.

O Rio São Francisco está, sim, seguindo passo a passo o mesmo caminho trilhado pelos seus coirmãos, usando a mesma receita que os deixaram em um estágio deplorável de degradação. A receita é simples e breve: onde se prescreve para o paciente um remédio infalível para ser aplicado em doses homeopáticas, é só ir retirando volumes de água do rio em quantidades superior as que ele pode oferecer até que a morte o leve, sem direito a UTI a revitalização, mas com direito a um atestado de óbito apontando sua morte sem causa etiológica.
Algumas informações técnicas esclarecedoras serão aqui repassadas principalmente sobre a realidade dos números existentes atribuídos ao rio que contradizem com aqueles informados pelo governo no projeto, como: a vazão a ser retirada do rio, a população a ser beneficiada pelo projeto, e sobre a escassez de água nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

O governo federal vem apregoando através de suas repetitivas entrevistas a imprensa, no rádio,na televisão e nos jornais, e no site do Ministério da Integração Nacional que o projeto vai levar água a quem tem sede, ao mesmo tempo em que reserva 70% da água transposta para irrigação, 26% para uso urbano-industrial e apenas 4% para consumo humano da população das caatingas, em nome da qual se quer justificar a obra. Na verdade, o projeto vai beneficiar mesmo é a irrigação da fruticultura para exportação, a carcinicultura (criação de camarão) e o pólo siderúrgico-portuário do porto do Pecém em Fortaleza, no Ceará.

Primeiro, quero demonstrar que os questionamentos mais fortes para a rejeição total do Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco são os dados técnicos levantados em todos os trabalhos realizados na região ao longo dos últimos 50 anos principalmente os estudos básicos levantados pelas próprias instituições do governo, instituições sérias, e que gozam de um prestígio irrefutável perante toda a nação, a exemplo dos extintos, (DNOCS e SUDENE) e da CODEVASF, CHESF, CPRM, PROJETO RADAMBRASI, IBGE, e os diversos centros de pesquisas, especialmente, os das universidades federais, etc. São números inquestionáveis que indicam um superávit hídrico comprovado para Região Setentrional do Nordeste do Brasil. Portanto, não existe falta de água que justifique a execução do projeto para PE, PB, RN e CE.

Só para citar um exemplo de fartura de água da Região do Nordeste, tomaremos como referência o estado do Ceará, com o Açude Castanhão (capacidade para 6,7 bilhões m³) abrindo suas 12 comportas, no dia 08 de Março de 2004 e liberando para o Rio Jaguaribe uma vazão de 500 m³/s (Rodrigues, 2005). Adicionada às vazões de 250m³/s do Açude Banabuiú (capacidade para 1,7 bilhões m³) e a de 12 m³/s do Açude Orós (capacidade para 2,1 bilhões m³) teremos uma vazão total de 762 m³/s de água livre drenando o leito do Rio Jaguaribe que inevitavelmente irá acabar no fundo do mar. Esta vazão representa mais da terça parte, quase metade, da vazão atual de 1.850 m³/s do Rio São Francisco, que é vazão média aproximada que chega até sua foz no Oceano Atlântico.

Esta vazão do Rio Jaguaribe significa um volume de 24 bilhões m³/ano de água disponível que o rio está jogando de graça no mar, o suficiente para abastecer toda a população do Estado do Ceará durante 10 anos ininterruptos a uma taxa de 200 litros/pessoa/dia, preconizada pela Organização Mundial de Saúde, mesmo que não chova uma só gota d’água durante este período, e ainda irrigar cerca de 265.800 hectares de terras, a uma taxa de 7.000 m³/há./ano, atualmente praticada pelo pólo de irrigação Petrolina-Juazeiro e que é considerada nociva aos recursos hídricos da região. É bom ressaltar que o leito do Rio Jaguaribe constitui um dos eixos principais receptores das águas da transposição, ou seja, vai chover no molhado.

O que existe ,sim, é uma má distribuição espacial do volume de água já armazenada nesses quatro estados, totalizando a fabulosa soma superior a 37,5 bilhões m³ (ver boletim No 2 ), constituindo o maior volume de água armazenada no mundo em uma região semi-árida, ou seja, um volume per capita de água disponível de 1.717 m³ por habitante /ano. Significa dizer que este potencial encontra-se muito acima do índice recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas), que estabelece um valor de 1000 m³/hab./ano para reposição do potencial hídrico renovável, per capita, das reservas de água existentes em escala mundial, considerando os seus usos múltiplos

Para se levar água as regiões difusas para atender a demanda da população rural dos quatro estados que é de 5.712.160 habitantes (censo IBGE,2000), há soluções simples e baratas (ver boletim No 3), mais abrangentes e mais eficientes que qualquer obra de transposição, como a abertura e a dessalinização de poços tubulares, construção de cisternas para captação de água de chuva e a construção das barragens subterrãneas (solução ímpar para o desemvolvimento e manejo da agricultura familiar). São opções de consenso indicadas em todos os textos que tratam do relevante tema, e que realmente vão levar a água até próximo à porta das casas dos cablocos do sertão, os verdadeiros necessitados, minimizando muito os custos e o melhor aproveitamento racional deste recurso.

Conforme informa o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, o Projeto de Transposição atende a menos de 20% da área do Semi-Árido e que 44% da população que vive no meio rural continuará sem acesso a água. Significa dizer que apenas 3.198.809 da população rural dos quatro estados é que serão beneficiadas, portanto, um número muito diferente daquele anunciado pelo projeto, de 12 milhões de pessoas.

Lembro aos defensores do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que para justificar o seu parecer favorável , argumentam sempre que o Rio São Francisco joga um enorme volume de água perdida no mar. Essa premissa é verdadeira e não há como se negar o proclamado dito, mas cabe aqui uma ressalva. É que eles, os defensores do projeto, não dizem em que condições, muito especiais, essas perdas ocorrem. O fator de desperdício das águas do Rio São Francisco que tanto o Ex-Ministro Ciro Gomes e atualmente o Ministro Pedro Brito e o Presidente Lula badalam na mídia, acontece inócuo como todas as águas sábias que vão a caminho do mar depois que o rio cumpre sua missão.

O Rio São Francisco disponibiliza a partir da Represa de Sobradinho uma vazão mínima regularizadora de 2.060m³/s determinada pela CHESF para manter a garantia de geração de energia das usinas locadas entre Sobradinho e Xingó em épocas de grandes estiagens, além de irrigar aproximadamente 440 mil hectares de terras férteis e de abastecer as indústrias e as populações ribeirinhas. Após esta árdua tarefa, suas águas estarão livres a jusante da Represa de Xingó a disposição para implantação de qualquer projeto , desde que seja mantida, neste trecho do rio, uma vazão ecológica constante de 1.300 m³/s, estabelecida por lei e definida pelo IBAMA. Portanto, a montante da Represa de Xingó suas águas já foram quase 100% outorgadas para os usos múltiplos acima mencionados.

Consta no relatório da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC (2005) que o Velho Chico tem uma vazão alocável determinada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (aquela permitida para usos consuntivos) de cerca de 360 m³/s, dos quais 335 m³/s já foram outorgados (desses, efetivamente, só estão sendo utilizados 91 m³/s), ou seja, já há o direito adquirido de uso da maior parte desse volume, restando, portanto, um saldo de apenas 25 m³/s para o atendimento a um projeto que irá demandar uma vazão mínima de 25 m³/s, média de 65 m³/s e máxima de 127 m³/s. Considerando a vazão efetiva de uso atual de 91m³/s, os 269 m³/s já com direito de outorga assegurados, a retirada de uma vazão média de 65 m³/s e de 127 m³/s previstas no projeto significa 25% e 47%,respectivamente, dos 269 m³/s já outorgados. Isto significa dizer que o governo teria que cassar as licenças de outorga já concedidas em detrimento dos volumes a serem liberados para o projeto e de novos pedidos de outorgas que por ventura venham a acontecer.

Com a recente outorga concedida pela ANA, de 26,4 m³/s ao projeto de transposição já existe um déficit de 1,4m³/s do volume alocável. O rio passou a não contar mais com o saldo volumétrico para outros fins e caso o projeto venha a ser implementado, a área irrigável potencialmente existente no Rio São Francisco não poderá ser expandida por deficiência volumétrica no rio.

Veja o que diz Suassuna (1996), "O São Francisco já está com as suas águas comprometidas na geração de energia e na irrigação. A explicação é a seguinte: a vazão média do rio é de 2800 m³/seg. Para gerar energia, levando em conta todo o potencial gerador da CHESF, são necessários, desse total, cerca de 2100 m³/seg. Portanto, restam 700 m³/seg. O potencial de áreas irrigáveis do São Francisco é de 3.000.000 ha. Se considerarmos 0,5 litro/seg./ha. como um número razoável para fins de cálculo da irrigação que é praticada atualmente no vale do São Francisco seriam necessários 1.500 m³/seg. para irrigar aquela área potencial. Ocorre que não temos esse volume disponível no rio. Temos, conforme mencionado anteriormente, apenas 700 m³/seg. Apesar de termos uma área potencialmente irrigável de 3.000.000 ha., só é possível irrigar, com o volume de água disponível no rio (700 m³/seg.), cerca de 1.000.000 ha. Já nos parece existir, nessa contabilidade, um sério conflito quanto ao uso das águas do São Francisco. Certamente não iremos ter água suficiente para gerar energia, irrigar e abastecer as cidades do Semi-árido nordestino conforme se está pretendendo. " Então, não é apenas 1,4% da vazão média do rio de 2.800 m³/s que será retirada para o Projeto de Integração do Rio São Francisco, como todos os seguidores do governo vêm afirmando. O cálculo tem que ser feito levando-se em consideração a vazão alocável de 360 m³/s e, não, em cima da vazão média do rio.

Foi realizado um debate, em Recife, em agosto de 2004, Suassuna (2005), pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, no qual foram reunidos 40 dos principais expoentes da hidrologia nacional, para discutirem a transferência de águas entre grandes bacias hidrográficas, com enfoque especial ao Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco.
"Nessa reunião, os volumes do rio foram exaustivamente analisados, tendo os técnicos chegado à conclusão de que o rio tem um volume alocável de apenas 360 m³/s, dos quais 335 m³/s já foram outorgados, ou seja, já estão com o direito de uso assegurado. O diferencial volumétrico para satisfazer tais demandas somente será obtido na represa de Sobradinho quando esta estiver com 94% de sua capacidade preenchida, ou seja, quando estiver praticamente cheia. De acordo com os hidrólogos da SBPC, essa aproximação volumétrica só será possível em 40% dos anos, pois a tendência da represa de Sobradinho, desde a época de sua construção, é de encher quatro vezes a cada 10 anos. Portanto, na nossa ótica, o projeto tem um orçamento demasiadamente elevado (estão previstos cerca de R$ 4,5 bilhões, numa primeira fase) para ser utilizado em atividades cujo funcionamento pleno só será possível em apenas 40% dos anos. Para se ter uma idéia dessa problemática, a represa de Sobradinho verteu em 1997 e voltou a verter em 2004. Nesses sete anos, a bacia do rio passou por secas sucessivas, culminando, em 2001, com a mais séria crise energética da nossa história."

Com a atenção de todos, existem estudos muito bem fundamentados, conforme exposto no texto acima, que regulamentam e regularizam as retiradas de água do Rio São Francisco, determinadas por órgãos oficiais e competentes, como Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco e a CHESF. Portanto, esses documentos devem ser aceitos e respeitados por todos que desejam se beneficiar com o que o "Velho Chico" ainda tem para dar.

Uma atenção especial para os exemplos mundiais dos rios acima citados, com problemas ecológicos graves advindos do uso indiscriminado de suas águas ao longo das bacias mencionadas, deve ser avaliada e vista como uma realidade e não como uma ficção científica. O alarme já foi dado, resta agora esperar que todos façam uma reflexão do que foi dito neste modesto comentário, e, quem sabe, ao rever os seus conceitos e posições atuais, se chegue também a uma conclusão sábia: Transposição das Águas do Rio São Francisco, jamais. Revitalização, já.