quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Desigualdades Econômicas e Sociais na América Latina

Por
José Lemos
Engenheiro Agrônomo.
Professor Associado na Universidade Federal do Ceará.
lemos@ufc.br.

Entre os dias 25 e 27 de fevereiro de 2008, a Rede Universitária de Pesquisadores sobre a América Latina – RUPAL, que reúne professores da Universidade Federal do Ceará (UFC), promoverá um Seminário onde serão discutidas as desigualdades entre e dentro dos países que fazem parte da América Latina. Trata-se de um evento importante, na medida em que professores, estudantes e especialistas discorrerão acerca da trajetória recente e da situação atual dos países da região, uma das mais carentes do planeta.
Os países da América Latina passaram por problemas políticos nos anos setenta e inicio da década de oitenta do século passado, em que se instalaram regimes de exceção que dominaram a região e deixaram seqüelas econômicas e sociais. O Brasil, sob aquele regime duro, conseguiu surto de crescimento econômico a taxas expressivas entre os anos de 1968 e 1973, mas com graves distorções de concentração da renda e da riqueza. Foi a época do “Milagre Brasileiro”.
Em meados dos anos setenta, desencadeou-se a crise do petróleo, com a cartelizaçao dos países exportadores, que passaram a exercer um controle mais rígido da oferta e elevaram os preços dessa commodity de difícil substituição. As economias regionais haviam sido projetadas para a utilização de veículos automotores, tanto no transporte de massas, como nos de cargas como naqueles individuais. Como conseqüência, e também devido a problemas estruturais, como já denunciava a CEPAL, houve uma escalada inflacionária que afetou todos os países latino-americanos.
Para tentar debelar o surto inflacionário, os governos, ainda fechados politicamente, iniciaram programas de estabilização monetária, quase todos ancorados em instrumentos de políticas fiscais e monetárias contracionistas. O resultado dessas políticas foi a redução da taxa de crescimento do produto agregado e, em quase todos os casos, houve estagnação e recessão. Os regimes políticos fechados mantinham a imprensa sob controle e providenciava calar todos os opositores mais explícitos.
Aquela situação, entretanto, não se sustentava. Tanto assim que no meado dos anos de 1980 aqueles países começaram a se oxigenar politicamente, promovendo maior liberdade de expressão, contestação popular e através da imprensa, que passou a denunciar a situação então prevalecente. No Brasil se deu um processo monitorado que os militares chamaram de “abertura gradual e segura” que consistia na transição do poder para os civis no ritmo que eles, militares, julgaram conveniente.
Parte daquela abertura, tanto no Brasil como em outros paises, como Chile e Argentina, que experimentaram processos mais duros de repressão na América Latina, foram conquistas populares. Foi célebre no Brasil o Movimento das “Diretas já”, em 1984, em que a população brasileira foi às ruas exigir eleições diretas para Presidente da República. Emblemático, no caso brasileiro, o fato de políticos que sempre deram sustentação ao regime militar, e depois escamotearam o quanto puderam o movimento das “Diretas Já”, acabaram se beneficiando, e até assumindo cargos de relevância depois da redemocratização do pais, numa postura anfíbia de oportunismo explícito. Hoje se autoproclamam de “Democratas” e se dizem paladinos da coerência política e estão sempre ao lado do poderoso de ocasião, qualquer que seja ele.
Todo aquele processo deixou marcas que ainda hoje a população latino-americana tenta superar. Apenas nos anos 1990 os países da América Latina conseguiram debelar a hiperinflação que predominava na região até então. Depois de vários planos de estabilização monetária, quase todos fundamentados na ortodoxia econômica, a economia da região ficou engessada. Tanto assim que entre 1975 e 2004, com exceção do Chile (3,9% ao ano) a taxa média de crescimento do PIB do PIB regional foi inferior a 1,5% ao ano. Portanto, com exceção do Chile, todos os paises tiveram expansão do PIB bem abaixo do crescimento vegetativo das populações. Em alguns casos como Haiti, Nicarágua, Peru e Venezuela houve desaceleração do PIB no período 1975-2004. No caso brasileiro, o crescimento foi de apenas 0,7% ao ano. Os indicadores sociais também não avançaram, com as exceções de Argentina, Chile, Uruguai e Costa Rica. Nesses países o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estimado para 2004 pela ONU oscilou de 0,863 na Argentina a 0,841 na Costa Rica; e o Índice de Exclusão Social (IES), que afere o percentual de socialmente excluídos, estimado por LEMOS (2008), oscilou entre 13,09% e 17,44% naqueles países. Em 2004, o IDH do Brasil foi de 0,792 e o IES foi de 21,21%. As situações mais críticas estavam no Haiti, cujo IDH era 0,482 e tinha 75,19% da sua população excluída em 2004; Guatemala com IDH = 0,673 e IES = 50,68%; e Honduras, cujo IDH era igual a 0,683 e o IES = 40,70%. A taxa de mortalidade infantil na América Latina variou de 6 mortes de crianças antes de completar um ano para cada grupo de 1000 nascidas vivas em Cuba, a 74 por mil no Haiti.

Publicação simultânea com O Imparcial, de São Luís, em 23.fev.2008

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

EM MENSAGEM, FIDEL CASTRO APRESENTA RENÚNCIA

O grande Fidel deixa um belo legado para a humanidade. A pequenina Cuba, ameaçada pela tirania do império e de seus administradores resistiu e resiste com a força da dignidade construída por seu próprio povo. Não fora o bloqueio criminoso, a imprensa burguesa não teria nada o que falar. Não foram à-toa os esforços dos governantes americanos para sufocar as experiências que ali se desenvolviam e se desenvolvem.
Como admitir a possibilidade de uma saúde pública de altíssimo nível? E a educação? Na sociedade capitalista, esses serviços são mercantilizados e de qualidade duvidosa, como sabemos aqui no Brasil.
Fidel não apenas compartilhou essa grande experiência! Quer queiram ou não, é uma figura importante que nos ajuda a perceber que é possível termos uma sociabilidade verdadeira humana. Nossa grande tarefa é extirpar a sede vampiresca do sistema do capital para que possamos iniciar a História da Humanidade.


Prof. Aécio Oliveira
Faculdade de Economia da Universidade Federal do Ceará


Eis a íntegra da mensagem de Fidel Castro, segundo a versão publicada pelo sítio do jornal El País, 19-02-2008.

“Prometi, no último dia 15 de fevereiro, sexta-feira, que na próxima reflexão abordaria um tema de interesse para muitos compatriotas. A mesma adquire, desta vez, a forma de mensagem.

Chegou o momento de postular e eleger o Conselho de Estado, seu Presidente, Vice-presidentes e Secretário.

Desempenhei o honroso cargo de Presidente por longo de muitos anos. No dia 15 de fevereiro de 1976 foi aprovada a Constituição Socialista por voto livre, direto e secreto de mais de 95% dos cidadãos com direito a votar. A primeira Assembléia Nacional se constituiu no dia 2 de dezembro desse ano e elegeu o Conselho de Estado e sua Presidência. Antes havia exercido o cargo de Primeiro Ministro durante quase 18 anos. Sempre dispus das prerrogativas necessárias para levar adiante a obra revolucionária com o apoio da imensa maioria do povo.

Conhecendo meu estado crítico de saúde, muitos no exterior pensavam que a renúncia provisória ao cargo de Presidente do Conselho de Estado no dia 31 de julho de 2006, que deixei nas mãos do Primeiro Vice-Presidente, Raúl Castro Ruz, era definitiva. O próprio Raúl, que adicionalmente ocupa o cargo de Ministro das F.A.R. por méritos pessoais, e os demais companheiros da direção do Partido e o Estado, não concordaram em me considerar afastado dos meus cargos apesar do meu precário estado de saúde.
A minha posição era incômoda frente a um adversário que fez de tudo o que é imaginável para se desfazer de mim e em nada me agradava satisfazê-lo.

Mais adiante retomei, novamente, o domínio total da minha mente, a possibilidade de ler e meditar muito, obrigado pelo repouso. Acompanhavam-me as forças físicas suficientes para escrever por longas horas, ao mesmo tempo que me ocupava com a reabilitação e os programas pertinentes de recuperação. Um elementar sentido comum me indicava que essa atividade estava ao meu alcance. Por outro lado, sempre me preocupou, ao falar da minha saúde, evitar ilusões que, em caso de um desenlace pior, trariam notícias traumáticas para o nosso povo no meio da batalha. Prepará-lo para a minha ausência, psicológica e politicamente, era minha obrigação, depois de tantas anos de luta. Nunca deixei de assinalar que se tratava de uma recuperação “não isenta de riscos”.

Meu desejo sempre foi de cumprir o dever até o último alento. É o que posso oferecer.

Aos meus queridos compatriotas, que me deram a imensa honra de me eleger, recentemente, como membro do Parlamento, onde se devem adotar importantes acordos para o destino da nossa Revolução, lhes comunico que não aspirarei nem aceitarei – repito - não aspirarei nem aceitarei, o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante em Chefe.

Em breves cartas cartas dirigidas a Randy Alonso, Diretor do programa Mesa Redonda da Televisão Nacional, que, a meu pedido, foram divulgadas, se incluíam discretamente elementos desta mensagem que hoje escrevo, e nem o destinatário da missiva conhecia o meu propósito. Tinha confiança em Randy porque o conheci bem quando era estudante universitário de jornalismo, e me reunia quase todas as semanas com os principais representantes dos estudantes universitários, do que era conhecido como interior do país, na biblioteca da ampla casa de Kohly, onde se hospedavam. Hoje todo o país é uma imensa Universidade".

Fidel Castro Ruz
18 de fevereiro de 2008.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Serão Católicas as "Católicas pelo Direito de Decidir"?

Por

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis

Telefax: 55+62+3321-0900 Caixa Postal 456 75024-970

Anápolis GO

http://www.providaanapolis.org.br
Em 13 de janeiro de 2008

© 2008 MidiaSemMascara.org



Embora CFFC seja uma organização anticatólica,

o nome "católica" é estratégico

para confundir o público.


Em 1970, o Estado de Nova Iorque aprovou uma lei que permitia o aborto por simples solicitação da gestante ("abortion on demand") até o quinto mês da gravidez, não se exigindo sequer o domicílio em território estadual. Isso produziu uma avalanche surpreendente de gestantes provenientes de vários outros estados americanos, principalmente dos da costa leste, à procura dos "serviços" de aborto de Nova Iorque, as quais retornavam logo em seguida para os seus estados de origem. Essa lei foi um marco decisivo para que, em 1973, a Suprema Corte dos EUA, na célebre decisão Roe versus Wade, declarasse que o nascituro não é pessoa e que não tem direitos, impondo assim a legalidade do aborto a todo o território estadunidense.

Como a Igreja Católica se opusesse à lei abortista de Nova Iorque, três membros do grupo pró-aborto NOW ("National Organization for Women" – Organização Nacional para as Mulheres) fundaram em 1970 a organização CFFC ("Catholics For a Free Choice" - Católicas pelo Direito de Decidir). Seu primeiro ato público foi o de ridicularizar a Igreja Católica, coroando uma feminista, na escadaria da Catedral de São Patrício em Nova Iorque, com o título de papisa Joana I. A primeira sede das CFFC localizou-se em Nova Iorque, nas dependências da "Planned Parenthood Federation of América" (PPFA), a filial estadunidense da IPPF[1], e atualmente a proprietária da maior cadeia de clínicas de aborto da América do Norte.

Embora CFFC seja uma organização anticatólica, o nome "católica" é estratégico para confundir o público. O objetivo é infiltrar-se nas paróquias, nas dioceses, nas universidades católicas, nos meios de comunicação, nas casas legislativas a fim de dar a entender que é possível, ao mesmo tempo, ser católico e defender o direito ao aborto. Além do aborto, tais "católicas" defendem o uso de anticoncepcionais, o divórcio, as relações sexuais pré-matrimoniais, os atos homossexuais, o matrimônio de pessoas do mesmo sexo e todas as formas de reprodução artificial.

Quanto à liturgia, as CFFC assumem uma série de rituais e práticas da Nova Era: são devotas do ídolo feminista Sofia (a deusa Sabedoria) e compõem poesias em honra de Lúcifer. O aborto é tratado como um ato sagrado. São recitadas orações a "Deus Pai e Mãe" enquanto a mulher que está abortando é abençoada, abraçada e encorajada a salpicar pétalas de rosas. A ex-freira Diann Neu elaborou uma cerimônia pós-aborto, em que a mulher abre uma cova no jardim e deposita os restos mortais de seu bebê, dizendo: "Mãe Terra, em teu seio depositamos esse espírito".

O maior obstáculo que os promotores do aborto têm encontrado no seio das Nações Unidas é a presença da Santa Sé, que é reconhecida como Observador Permanente. Em 1999, CFFC lançou a campanha "See change" ("mudança de sé"). O objetivo, até agora não atingido, é pressionar a ONU a fim de rebaixar o status da Santa Sé ao de simples organização não-governamental (ONG), como é a própria CFFC.

Por que atacar justamente a Igreja Católica?

Francis Kissling, que foi presidente da CFFC durante anos desde 1982, explica, em uma entrevista de setembro de 2002, porque a Igreja Católica é o alvo chave: "A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos, sociológicos, como teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida. Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. OK. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, quando começa a vida, fetos etc. Assim, se você derrubar a posição católica, você ganha".[2]

Financiamento

CFFC recebe vultosas doações de fundações de controle demográfico, entre elas: Fundação Ford, Fundação Sunnen, Fundação Mc Arthur e Fundação Playboy. Hoje a maior parte dos investimentos é destinada à promoção dos "direitos reprodutivos" na América Latina, ou seja, do direito ao aborto, à esterilização e à anticoncepção.

Em 1987, CFFC criou uma filial latino-americana em Montevidéu, Uruguai, com o nome de "Católicas por lo Derecho a Decidir". Em língua espanhola foi publicado um livro sarcástico intitulado "Y Maria fue consultada para ser madre de Dios", que apresenta Nossa Senhora como símbolo do "direito de decidir" sobre a prática do aborto. Em 1993 foi criada em São Paulo a filial brasileira, com o nome "Católicas pelo Direito de Decidir" (CDD).

Onde elas estão?

Recentemente, as Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) transferiram-se para a Rua Sebastião Soares de Faria, n.º 56, 6º andar, São Paulo, isto é no mesmo prédio da sede do Regional Sul 1 da CNBB, que ocupa o 5º andar. O fato tem gerado perplexidade, uma vez que, além de usarem o nome de "católicas", elas agora compartilham o mesmo edifício usado pelos Bispos. Na verdade, o prédio não pertence à CNBB, mas à Ordem Carmelita (Província de Santo Elias). Mas a perplexidade permanece: como uma Ordem de frades católicos pode alugar um imóvel para uma organização abortista?

As CDD e a Campanha da Fraternidade 2008

Na segunda quinzena de dezembro de 2007, as livrarias católicas puseram à venda um DVD produzido pela Verbo Filmes, trazendo na capa o cartaz da Campanha da Fraternidade 2008, com o lema "Escolhe, pois, a vida", o tema "Fraternidade e defesa da vida" e o logotipo da CNBB. O que deixou os militantes pró-vida estupefatos foi a participação da Sra. Dulce Xavier, membro das CDD, no bloco IV do vídeo ("Em defesa da vida: pontos de vista"), com uma fala de cinco minutos, criticando a Igreja Católica por não aceitar a anticoncepção, e defendendo a realização do aborto pela rede hospitalar pública para preservar "a vida das mulheres". A inserção das "católicas" no vídeo tinha sido feita sem a autorização da CNBB, que, quando soube da notícia, exigiu o recolhimento dos DVDs. A Verbo Filmes fez então uma outra edição, desta vez sem a fala das CDD. No entanto, até a data da edição deste jornal, podia-se encontrar no sítio da Verbo Filmes (www.verbofilmes.org.br) a descrição do conteúdo do DVD, ainda com a participação das Católicas pelo Direito de Decidir.

É mais do que urgente que a CNBB emita uma nota oficial sobre as CDD, à semelhança do que fez a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, conforme transcrevemos a seguir.

DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA

NACIONAL DOS BISPOS CATÓLICOS

DOS ESTADOS UNIDOS

(NCCB), de 10/05/2000

Por muitos anos, um grupo autodenominado "Católicas pelo Direito de Decidir" (Catholics for a Free Choice — CFFC), tem publicamente defendido o aborto ao mesmo tempo em que diz estar falando como uma autêntica voz católica. Esta declaração é falsa. De fato, a atividade do grupo é direcionada para rejeitar e distorcer o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devida à defesa da vida humana do nascituro indefeso.

Em algumas ocasiões a Conferência Nacional dos Bispos Católicos (NCCB) declarou publicamente que a CFFC não é uma organização católica, não fala pela Igreja Católica, e de fato promove posições contrárias ao magistério da Igreja conforme pronunciado pela Santa Sé e pela NCCB.

CFFC é, praticamente falando, um braço do "lobby" do aborto nos Estados Unidos e através do mundo. É um grupo de pressão dedicado a apoiar o aborto. É financiado por algumas poderosas e ricas fundações privadas, principalmente americanas, para promover o aborto como um método de controle de população. Esta posição é contrária à política existente nas Nações Unidas e às leis e políticas da maioria das nações do mundo.

Em sua última campanha, CFFC assumiu um esforço concentrado de opinião pública para acabar com a presença oficial e silenciar a voz moral da Santa Sé nas Nações Unidas como um Observador Permanente. A campanha de opinião pública tem ridicularizado a Santa Sé com uma linguagem que lembra outros episódios de fanatismo anticatólico que a Igreja Católica sofreu no passado.

Como os Bispos Católicos dos Estados Unidos têm afirmado por muitos anos, o uso do nome "Católica" como uma plataforma de apoio à supressão da vida humana inocente e de ridicularização da Igreja é ofensivo não somente aos católicos, mas a todos que esperam honestidade e franqueza em um discurso público. Declaramos outra vez com a mais forte veemência: "Por causa de sua oposição aos direitos humanos de alguns dos mais indefesos membros da raça humana, e porque seus propósitos e atividades contradizem os ensinamentos essenciais da fé católica, Católicas pelo Direito de Decidir não merece o reconhecimento nem o apoio como uma organização católica"

(Comitê Administrativo, Conferência Nacional dos Bispos, 1993).[3]

Roma, 4 de janeiro de 2008

Bibliografia consultada:

CLOWES, Brian. Mulheres católicas pelo direito de decidir. In: PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A FAMÍLIA. Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas. São Paulo: Escolas Profissionais Salesianas, 2007. p. 659-668.

HUMAN LIFE INTERNATIONAL. "Católicas pelo direito de decidir" sem máscaras: idéias sórdidas, dinheiro sujo. Tradução de Teresa Maria Freixinho. Brasília: Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, 2000.

SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004. p. 227-228

Notas:

[1] IPPF - International Planned Pareenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar), conhecida como "a multinacional da morte", com sede em Londres e filiais em 180 países.

[2] Kissling, Frances. Interview by Rebecca Sharpless. Audio recording, September 13– 14, 2002. Population and Reproductive Health Oral History Project, Sophia Smith Collection. Disponível em: http://www.smith.edu/libraries/libs/ssc/prh/transcripts/kissling-trans.html. Condensado em português disponível em: http://www.pesquisaedocumentos.com.br/Kissling.doc

[3] Disponível em http://www.providaanapolis.org.br/deccdc.htm. Original inglês disponível em http://www.providaanapolis.org.br/deccffc.htm

Fonte (12/02/2008): http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6297

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

PRODUÇÃO DE CAMARÃO EM CATIVEIRO PREOCUPA AMBIENTALISTAS E O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

O relatório apontava desmatamento do manguezal, da mata ciliar e do carnaubal; o soterramento de canais de maré; a contaminação da água por efluentes dos viveiros; a salinização de terrenos...

Por
Alana Gandra
Fonte: Agência Brasil, 11/02/2008 - 09h51min
Contato (xxx@rebia.org.br)

Rio de Janeiro - O Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte abriu no ano passado, somente no município de Areias, onde existe a Lagoa Guaraíra, 35 ações contra carcinicultores (produtores de camarão em cativeiro). Os viveiros ou fazendas marinhas estão sendo acusados de provocar danos aos manguezais.

O procurador federal Fábio Venzon reconhece que a indústria do camarão em cativeiro é uma atividade importante para o Rio Grande do Norte, mas que não pode ocorrer em manguezais, protegidos por leis federais e estaduais. “Tem muita lei protegendo o manguezal. E realmente aonde tem mangue, não se pode colocar um viveiro de camarão”, observa Venzon.

O procurador disse que, além dos danos causados ao manguezal, os viveiros podem acarretar outros prejuízos ao ecossistema, como a salinização do lençol freático, se não forem impermeabilizados de forma adequada.

Venzon denuncia que algumas comunidades de assentados rurais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não estão conseguindo mais plantar porque a terra ficou salinizada pela atividade de carcinicultura. O procurador alerta ainda que os viveiros ocupam as margens de rios e lagoas, conhecidas como mata ciliar, também consideradas áreas de preservação permanente.

No Ceará, o Instituto Terramar, organização não-governamental que tem como principal missão promover, organizar e incentivar o desenvolvimento integrado junto às populações costeiras cearenses, tem denunciado a degradação do meio ambiente pelos carcinicultores.

Gigi Castro, assessora do instituto, disse que as entidades ambientalistas não são contra o desenvolvimento, mas repudiam qualquer atividade econômica que não respeite o meio ambiente.

A assessora lembra que um relatório elaborado pelo então deputado federal João Alfredo, em 2005, encaminhado à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, já apontava que os viveiros de camarões eram responsáveis por danos socioambientais elevados no ecossistema manguezal em toda a Região Nordeste.

O relatório apontava desmatamento do manguezal, da mata ciliar e do carnaubal; o soterramento de canais de maré; a contaminação da água por efluentes dos viveiros; a salinização de terrenos; a fuga do camarão exótico para ambientes fluviais e fluviomarinhos; e a redução e extinção de habitats de numerosas espécies, entre outros prejuízos.

A preocupação do Instituto Terramar é que o cultivo do camarão em cativeiro rume para o Maranhão, onde se encontra a região mais rica em termos de manguezais do Brasil, disse Gigi Castro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Uma Viagem no Tempo: Os Empinadores de Papagaios

Aos garotos maranhenses não foi proibido “empinar e escorar papagaios”, no entanto, um pequeno grupo se auto-declarou dono do Estado e castrou os sonhos da maioria deles, para construir fortuna e agir como se o Maranhão fosse a sua propriedade.

Por
José Lemos
Engenheiro Agrônomo
Professor Associado na Universidade Federal do Ceará
lemos@ufc.br

O livro “O Caçador de Pipas” de Kaled Husseini, se constitui numa bem tramada mistura de ficção com a vida do autor da obra na sua fase de criança e adolescente no seu país, Afeganistão, no começo dos anos 1970. A narrativa serve para mostrar a trajetória de sofrimentos daquele povo, causada por descalabros de toda ordem, em que um pequeno grupo de pessoas, ao tempo em que acumulou fortunas, aproveitando-se da pobreza da maioria, tornou aquele pais inabitável para a maioria dos seus filhos. País marcado pela intolerância entre etnias, antagonismos religiosos e, como conseqüência, desigualdades sociais profundas.

A trama mostra a relação de amizade entre dois meninos de etnias distintas: um rico e um de etnia pobre, filho de empregados do pai do amigo rico. Mais tarde a estória mostra que a relação dos dois vai bem além da mera afeição de amigos. De fato eram irmãos pelo lado paterno. O garoto pobre tinha habilidades nas estripulias juvenis que o menino rico não conseguia ter, o que deixava o rico intrigado. Este fato marcaria toda a relação dos dois até a emigração do amigo rico, junto com o pai, para os Estados Unidos. Uma dessas habilidades era a de "caçar" pipas, ou "escorar papagaios" como falamos no Maranhão, que o amigo pobre tinha e o rico não conseguia ter.

Somente desconhece a magia de "escorar papagaio" quem não foi garoto em São Luís e não correu de cara para cima com vara na mão, observando aqueles que eram "cortados" em "lanceadas" que aconteciam nos céus daquela terra, nos meses de julho e agosto, principalmente. Mas esta não se constitui na única emoção associada à brincadeira. Outra é a confecção daquelas obras de arte, a partir de três varetas (que chamávamos de “talas”) de "taboca" (bambu), sendo uma central, e duas que constituem a envergadura, que deve ter pelo menos o tamanho da vareta central, para dar maior estabilidade, possibilitar um melhor controle por quem "empina o papagaio" e, claro, para dar-lhe mais elegância, magia e beleza no ar.

A cobertura em papel de “seda” de várias cores estimulava o exercício criativo da imaginação: faziam-se papagaios "de borboleta", "de compasso", "de olhos" ... A linha utilizada era da marca "espingarda" e tanto podia ser "linha 30" como a "linha 10", que era mais resistente. O "rabo do papagaio" tinha que ser de algodão, de preferência colorido. No final dos anos 1960 e no inicio dos anos 1970 havia fábricas de tecelagem no Maranhão e, portanto, não era difícil encontrar plumas de algodões coloridos.

Rabos compridos e com espessura adequada, propiciavam condições para o “papagaio guinar" com graça nos céus maranhenses, dando um colorido especial naquela imensidão azul que ocorre no nosso Estado naqueles meses. A linha era devidamente "encerada" com "cerol" feito com cacos de vidros socados em diferentes tipos de pilões. A cola na linha era feita com goma de mandioca. Fazia-se um grude bastante fluido (ralo, como se dizia então) para facilitar a mistura com o vidro socado e coado em pano de tecedura fina, para o "cerol ficar fino". Depois era só colocar nas mãos aquela mistura, passar na linha, "empinar o papagaio" e fazer as "lanceadas". Fiz tudo isso nos céus do Caminho da Boiada, Coréia, Macaúba, Canto da Fabril, que era o meu circuito de garoto naquela terra.

A estória contada por Kaled Hosseini proporcionou-me fazer esta verdadeira viagem no tempo. Um Maranhão que era pobre, mas oferecia condições para garotos pobres sonharem. Empinar papagaio, jogar futebol pelos campinhos daquele e de outros circuitos, proporcionavam aos garotos a chance de prática de exercícios criativos que contribuíram para a construção de sonhos. Como eu, vários garotos tiveram sonhos que se estruturaram nos bancos do Liceu Maranhense.

A trama do "Caçador de Pipas" se desenvolve entre o inicio de 1970 e termina em 2001. Nesse lapso de tempo o Afeganistão teve invasão russa e viu a chegada do regime Talibã, que precipitaram a decadência de um país que não tem grandes riquezas naturais. Como conseqüência, em 2001 o Afeganistão tinha o pior IDH de todos os países relacionados pela ONU. Nos seus últimos relatórios, a ONU deixou de registrar o IDH daquele país de população infelicitada, em que aos garotos foi proibido “caçar pipas”.

No Maranhão, no período da estória do livro, não ocorreu invasão russa, não houve conflitos étnico-religiosos, e o Estado sempre possuiu algumas das melhores riquezas naturais dentre os Estados brasileiros. Aos garotos maranhenses não foi proibido “empinar e escorar papagaios”, no entanto, um pequeno grupo se auto-declarou dono do Estado e castrou os sonhos da maioria deles, para construir fortuna e agir como se o Maranhão fosse a sua propriedade, da forma que são as suas mansões. O resultado não poderia ser outro. O Maranhão atravessou o milênio com o pior IDH entre todos os Estados brasileiros.

(Publicação simultânea no jornal O Imparcial, de São Luís do Maranhão, 09.fev.2008)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

O QUE HÁ DE VERDADE SOBRE VACINA CONTRA CÂNCER

Recebi uma comunicação sobre vacina para câncer. Repassei-a para colegas de redações de jornais e TV de Fortaleza, para pesquisarem a veracidade da informação, dado que meu atual trabalho não me permitiria dedicar-me a essa pesquisa.

Agradeço à colega Kélvia Ribeiro, da Televisão Verdes Mares, que me enviou o texto abaixo, com os esclarecimentos de que o informe recebido por mim é um "spam". Há, de fato, estudos na linha de uma "vacina terapêutica" que ajuda no tratamento de alguns cânceres ("tratamento adjuvante", portanto, complementar), mas não substitui os tratamentos convencionais. Convém frisar que não se trata de uma vacina preventiva. A seguir, a nota do Grupo Genoa Biotecnologia e o "spam" já referido. Com estas informações, você não perderá tempo com aquela comunicação infundada.

INFORMAÇÃO AO PÚBLICO ACERCA
DA IMUNOESTIMULAÇÃO ADJUVANTE
(Vacina Terapêutica)

Foi divulgado um "spam" na Internet que apresentou a vacina como uma formade medicamento milagroso incentivando pacientes a procurar o seu uso (Veja íntegra abaixo deste comunicado). Queremos advertir aos pacientes que o conteúdo desta corrente não possui nenhum vínculo científico. O Grupo Genoa Biotecnologia não se responsabiliza pela mesma.

A corrente citou a participação de um renomado hospital que não tem qualquer relação com o programa atual de vacinas ou comercial com o Grupo Genoa Biotecnologia e também não disponibiliza essa ou qualquer outra vacina para seus pacientes.

Em Janeiro de 2001, sob coordenação de um pesquisador do ICB-USP, começamosa desenvolver um projeto para avaliar o benefício clínico do uso terapêuticode vacinas baseadas na fusão de células tumorais e células dendríticas empacientes portadores de Carcinoma Renal e Melanoma metastático. O projeto foi denominado "Vacinas Terapêuticas com Células HíbridasTumorais-Dendríticas para Câncer Metastático" e aprovado por um comitê de ética em pesquisa (HSL) e financiado pela Fapesp em processo datado em 3 deMaio de 2001 (# 2001/02339-8).

As vacinas foram desenvolvidas no Laboratório de Patologia Cirúrgica e Molecular. Os resultados do projeto inicial, considerados bastante promissores, foram publicados na revista "Cancer Immunology Immunotherapy", em setembro de 2004, e outras (Cancer Immunol Immunother. 2004 Dec;53(12):1111-8; Cancer Immunol Immunother. 2005 Jan;54(1):61-6.; Int Braz J Urol. 2003Nov-Dec;29(6):517-9.; Sao Paulo Med J. 2006 May 4;124(3):161-2).

De acordo com a ANVISA, as vacinas não se caracterizam como produtos, mas como procedimento médico e, portanto, não passíveis de regulamentação. As vacinas são individualizadas, sendo utilizado um fragmento de tumor do próprio paciente para produção de doses exclusivas. A avaliação do programa de vacinas, para pacientes que tomaram no mínimo duas doses de vacinas, resultou na estabilização de 80% dos pacientes com benefício clínico por períodos que variaram de 4 a 20 meses.

As células dendríticas são as mais eficientes na ativação da resposta imune, justificando o seu uso em vacinas híbridas com células tumorais, o que revelou positividade do teste de sensibilidade em pacientes com tumores disseminados. A negatividade do teste caiu de 55,5% para 27,7% em pacientes vacinados, o que afirma a função da vacina como estimuladora do sistema imune.

Foi observado que o tempo de sobrevida média para doentes com melanoma disseminado e tratados com as vacinas foi de treze meses comparados com oito meses de sobrevida para pacientes com mesmo estágio da doença que foram tratados convencionalmente. Queremos esclarecer que as vacinas NÃO substituem os tratamentos convencionais de Radioterapia e Quimioterapia, mas podem contribuir como tratamento adjuvante.

O Grupo Genoa Biotecnologia está desenvolvendo projetos experimentais para tratamento adjuvante (complementar) com vacina de células dendríticas cuja inclusão nesses programas depende da análise do oncologista do paciente.

Atenciosamente,

Genoa Biotecnologia

(Informação ao Público acerca da imunoestimulação adjuvantePublicado por admin em Genoa Biotecnologia, Oncocell, Vacina)

ÍNTEGRA DO "SPAM":

Por favor, divulguem esta maravilha brasileira!

Já existe vacina contra alguns tipos de câncer.
Foi desenvolvida por cientistas brasileiros, mostrando-se eficaz em 80% dos casos, tanto no estágio inicial como em fase mais avançada da doença. A vacina é fabricada utilizando-se um pequeno pedaço do tumor do próprio paciente. Em 30 dias está pronta e é remetida para o médico oncologista do paciente.

Os cientistas desenvolveram a vacina no Hospital Sirio Libanês - Grupo Genoa (telefone 0800-7737327). Se preferirem, entrem no site http://www.vacinacontraocancer.com.br/ e obtenham maiores informações a respeito.

Ainda Aceitamos Tacitamente o Coronelismo!!

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86).

Por
Ana Cândida Echevenguá
Advogada.
Presidente da Ambiental Acqua Bios
Coordenadora do Programa Eco&ação.
http://www.ecoeacao.com.br/
(48) 84014526 - Florianópolis, SC.


Para Freud, o homem é um animal, em sua essência, cujo sentimento de superioridade levou-o a criar uma ordem civilizada para diferenciar-se do animal não-humano. Mas, não conseguindo transcender sua animalidade, como membro integrante duma amoral ordem predatória, sujeita-se aos instintos básicos animais. A vitalidade do animal-homem irrompe indiferente a valores do bem e do mal. Por isso, liberdades culturais produzem nefastos desequilíbrios. Por isso, incentivamos a violência! E convivemos, de forma harmônica, com a impunidade!


A primeira pesquisa de vitimização feita em quatro capitais brasileiras - São Paulo, Rio, Vitória e Recife apurou:


1- as dimensões da insegurança brasileira: 67% das pessoas ouvidas sabem que serão vítimas de roubo ou furto; 57% disseram que evitam locais por razões de insegurança;


2- que ocorrem três vezes mais crimes do que o registrado pelas Polícias Civil e Militar: apenas 27,1% das vítimas, nos últimos cinco anos, de algum delito, notificaram a polícia;


3- que 51% da população foi vítima de delito nos últimos cinco anos e 67% crê piamente que será roubada ou furtada;


4- os três fatores que levam ao silêncio da vítima: a escolaridade, o tipo de crime (exemplo: 14% das agressões sexuais são informadas à polícia) e a confiança na polícia. Infelizmente, a polícia é uma instituição em descrédito!


O povo foi deixado à mercê da arrogância e truculência policial, em total afronta ao Estado Democrático e de Direito e em detrimento da liberdade do indivíduo. Mas precisa proteger-se contra atos opressivos ou destituídos do necessário coeficiente de legalidade e de razoabilidade.


Pois bem, vou contar um fato que presenciei no dia 23 de outubro de 2003!


Um jovem foi vítima de várias ilegalidades e injustiças: 1. Diante da atual desordem e insegurança pública reinante, furtaram-lhe os documentos, inclusive a carteira de habilitação. 2. Não pôde cumprir os requisitos administrativos para obtenção da segunda via desta porque os trabalhadores banco estadual competente – BESC – estavam exercendo o direito de greve. 3. Precisava locomover-se para trabalhar e estudar. Afinal, a vida continua!


Fazendo uso de seu veículo ciclomotor, sem a documentação exigida pelo Estado que não lhe deu proteção, sofre um acidente de trânsito. Mais uma vez, o Estado não atuou na guarda e fiscalização do trânsito urbano. Meia dúzia de policiais militares, em duas viaturas oficiais, chegam ao local, após o acidente. E se limitam a conduzir os envolvidos no sinistro à Delegacia de Polícia Civil. 4. As partes, após razoável tempo de espera, prestam seus depoimentos de forma civilizada, embora estejam visivelmente nervosas. O responsável civil pela coleta das declarações cumpre, de forma exemplar, seu dever legal. 5. Enquanto acompanhava estes procedimentos, ouvi um susurro: "o coronel chegou!".


Ingressa na sala um coronel fardado, integrante da Polícia Militar. Dirige-se – como se fosse o dono da casa - ao escrivão e, em flagrante abuso de autoridade e em manifesta proteção pessoal à administrada/motorista do veículo responsável pelo acidente, diz: "deve constar no Boletim de Ocorrência que o rapaz estava dirigindo sem a carteira de habilitação". O clima por ele gerado foi estarrecedor! Parecia querer informar que o rapaz acidentado era um bandido, um inimigo da democracia (embora, neste pseudo-estado democrático, seja irrelevante a rotulação dada ao nosso regime).


Entendi que o coronel era pai de uma das acompanhantes da administrada/depoente. E estava ali pra prestar-lhe apoio pessoal (com características claras de apoio institucional, já que devidamente uniformizado, com estrelas reluzentes, amealhadas ao longo do exercício de sua atividade, à mostra). Perguntei-lhe qual era seu interesse no caso: ele silenciou. Pedi ao pai do rapaz ferido que anotasse o nome e posto do militar, identificação visível em seu fardamento. O coronel chamou-nos de "babacas", por tomarmos essa atitude. E sua filha proferiu palavrões que prefiro não reproduzir.


Naquela hora, tive a sensação de ter ingressado nos livros de Franz Kafka, cujas obras criticam a opressão burocrática das instituições, a pseudo-justiça e a fragilidade do homem do povo no enfrentamento dos problemas cotidianos. Ou de ter retornado ao período de trevas da ditadura, em que preponderava a liberação dos instintos do subterrâneo e era permitido o juízo ou tribunal de exceção. Em 2003, ainda aceitamos tacitamente o coronelismo!! O ato, acima mencionado, do coronel feriu, em especial, os preceitos do artigo 37 da nossa Constituição Federal, e alguns dos princípios ali elencados: legalidade, impessoalidade, moralidade. E a Constituição Estadual de Santa Catarina, entre outros.


Fernando Henrique Cardoso deixou a presidência alegando o banimento do coronelismo da vida política brasileira, apesar de incentivar o fortalecimento da autonomia policial e de combater abertamente o Ministério Público. Victor Nunes Leal escreveu que "Durante a primeira República, a organização policial foi um dos mais sólidos sustentáculos do 'coronelismo' e, ainda hoje, em menores proporções, continua a desempenhar essa missão" (pág. 226).


Cabe ao Estado dar o exemplo à sociedade da aplicação da Justiça, dos valores morais e éticos que devem ser perseguidos pela Administração Pública. Se este mesmo Estado descumpre as normas insertas nas suas Constituições, cabe à Justiça manter o equilíbrio, coibindo abusos e ilegalidades.


Fala-se em democracia no Brasil. Mas aqui vige a tradição do Estado forte e absoluto, desrespeitador dos direitos e garantias individuais e coletivas. A falta de vergonha e de moral é um câncer que deve ser extirpado da Administração porque fomenta a impunidade. Os administradores continuam usurpando a democracia, em benefício de interesses escusos, maculando-a, sob a débil e enfadonha desculpa do perigo vermelho.


O brasileiro sabe, embora nossos governantes insistam no firme propósito de mantê-lo ignorante, que existe uma Constituição, a garantir seus direitos. E espera da polícia e dos tribunais a preservação do Estado de Direito. Mas, ainda fecha os olhos e a boca para a injustiça. Os atos dos policiais não são discutidos, salvo se as próprias corporações quiserem. A absolvição dos 123 PMs de Eldorado dos Carajás é um exemplo clássico. Há mais de cem anos, Rui Barbosa já pregava que todas as crises do Brasil são sintomas da crise moral.


Obras consultadas e citadas:
1 - ‘Coronelismo, enxada e voto – O município e o regime representativo no Brasil’, 3ª edição, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997.
2 - A Emenda Constitucional 33, de 13 de junho de 2003 deu a seguinte redação ao artigo 107 e seus incisos, da Constituição do Estado de Santa Catarina: "Art. 107. À Polícia Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizada com base na hierarquia e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei: I – exercer a polícia ostensiva relacionada com: a) a preservação da ordem e da segurança pública; (...) e) a guarda e a fiscalização do trânsito urbano; (...) III – atuar preventivamente como força de dissuasão e repressivamente como de restauração da ordem pública.

Há Contradições no "Direito de Decidir"

Ninguém é obrigado a ser cristão. A beleza do cristianismo está em aderir com liberdade à pessoa de Jesus. Aqui está o radical direito de decidir. Tomada esta decisão, uma decorrência é optar pela vida ou pelo aborto.

Por
Ademir Costa
Jornalista Amigo das Crianças pela Agência de Notícias dos Direitos da Criança
Cristão

De saída, fique claro: sou a favor da vida e contra o aborto. Não por ser homem, mas por considerar a vida em si o valor máximo. A Igreja se coloca contra o aborto como qualquer grupo de brasileiros pode se colocar a favor ou contra. Aqui não cabe a lenga-lenga da separação Estado-Igreja. O Estado não só deve como precisa sofrer pressões de todos os grupos que compõem o povo brasileiro. E as igrejas cristãs e outras religiões, no Brasil, podem e devem pressionar para que sejam adotados medidas, leis, regulamentos que reflitam o pensamento da maioria dos brasileiros representados no Congresso Nacional.

A questão, quanto a aborto, é outra. Reconheço que a mulher tem direito a usar seu corpo. O homem também, claro. Direitos usados de forma desigual, por questões culturais, admito. Vamos, então, usar o corpo com coerência. Fica combinado: o homem não força a mulher, prevalecendo-se de ser mais forte. Relação sexual, só de comum acordo. Para usar bem o corpo, cada um conheça o seu, estude, tenha acesso aos meios de evitar a concepção indesejada. E estaremos no melhor dos mundos. Só engravida quem quiser.

Os métodos contraceptivos não abortivos sejam usados por todos. Caia o preço da camisinha, todos, meninos e meninas sejam educados quanto ao correto uso da pílula anticoncepcional. Quem quiser e estiver na idade, faça ligadura de tompas ou vasectomia. Estes métodos só envolvem o casal. Se houver alguma conseqüência negativa, algum efeito colateral, o casal seja advertido, de modo a entrar na jogada consciente do benefício a conseguir e das irreversibilidades dos métodos, quando for o caso. Exemplo: quer casar depois e fez vasectomia ou laqueadura de trompas?

Quaisquer métodos abortivos são antiéticos porque envolvem uma terceira vontade, a da criança. Ela é uma vida, uma pessoa, possuidora de dignidade pelo fato de estar viva, portadora de direitos reconhecidos pela constituição brasileira. Este é o argumento radical -- de raiz, não em sentido pejorativo. A vida humana é o valor máximo e começa no momento da concepção. Este é o argumento radical inicial. Se você discorda deste argumento, a partir daqui nenhum outro argumento vai convencer você.

Se a vida não tem valor, tudo o mais é secundário e qualquer argumento será usado para confundir e fugir o foco principal de que a vida é um valor. Para tergiversar, levantam-se questões como: a partir de quando há uma vida? No momento do encontro das células masculina e feminina? Um dia após a relação? Quando se forma o sistema nervoso? E por aí vai...

Vamos aos argumentos secundários: interessante é argumentar qua a mulher tem direito ao uso do corpo. E se em seu seio estiver uma menina? Esta não teria direito a seu corpo? Se a mãe da grávida atual tivesse cometido aborto, a grávida de hoje não estaria exercendo seu "direito de decidir". O direito de decidir começa na educação doméstica calcada no dar valor à vida. Inclui decidir pensando nos três: pai, mãe e filho/a. O que é bom para os três é ético. A decisão que elimina um dos três (o pai também) é antiética. Por ferir a dignidade da vítima e, também, a dos algozes (pais). Causa-me estraheza a campanha pelo aborto ao mesmo tempo em que cresce tanto o desejo de preservar a vida na Terra. Como querer vivos da ararinha azul e mico-leão-dorado ao planeta, e querer a morte de zilhões de crianças indefesas?

A HIERARQUIA DA IGREJA PISA EM FALSO, a meu ver, quando não educa os fiéis para o respeito à vida e quer impor a toda a sociedade o não-uso da camisinha. Aqui seus opositorres têm razão: os usuários da camisinha podem estar se protegendo da Aids e, assim, salvando suas próprias vidas. E mais: evitando conceber uma terceira pessoa, para abortá-la no dia seguinte ou alguns meses depois...

A hierarquia diz que o uso da camisinha é antiético. E pode ser, mesmo, mas nem sempre. É antiético, se cada um só pensa em si, não há compromisso de solidariedade entre os dois (casamento, no caso cristão) e há a busca egoista do prazer à custa do outro. Pode ser ato ético o uso da camisinha se, de acordo com os valores do casal, os dois querem ter prazer, sim, mas não querem filhos e estão conscientes disso, usam o preservativo com esta responsabilidade; e mais: um está tão preocupado com o outro que não deseja repassar nenhuma doença. Havemos de convir que, embora essas condicionantes ainda não satisfaçam o ideal cristão, chegam perto dele. Melhor que nada. Os dois estão agindo conforme sua consciência que não é uma consciência formada nos marcos do cristianismo. E demonstram, com esta atitude, encarar as conseqüências pessoais e sociais do sexo.

Então, que a hierarquia ensine aos fiéis o comportamento ideal para os cristãos e até para toda a humanidade, conforme os preceitos cristãos. Quem é cristão que siga sua consciência cristã, e será livre. Quem não for cristão e achar bonita esta postura, venha para as igrejas cristãs. Ninguém é obrigado a ser cristão. Jesus disse ao jovem rico: "se queres ser perfeito, vem comigo." Aqui está o radical direito de decidir. Tomada esta decisão, as outras são decorrência. A beleza do cristianismo está na adesão livre à pessoa de Jesus. O dever da hierarquia é anunciá-lo com dogmas claros, mas com base no conhecimento científico atual. Para não ser obscurantista.

Ao governo cabe, também, papel crucial: ensinar a toda a sociedade, pelo sistema educacional e pela grande mídia, o usufruto do sexo com responsabilidade. Alertando a todos que sexo tem conseqüências pessoais e sociais. Se, porém, a sociedade quiser aderir simplesmente ao princípio epicurista do prazer pelo prazer, valerá tudo (milhões já estão no vale-tudo). Parece que estamos saindo de uma sociedade com valores predominantemente cristãos para uma sociedade de valores mais seculares, pagãos, para usar um termo forte. O cristianismo surgiu no império romano e o converteu. Os fiéis do Cristo, hoje como ontem continuarão fiéis a Ele. Agora com outra missão: evangelizar a nova Roma.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

FRATERNIDADE E DIREITO À VIDA

Católicas criticam campanha da CNBB

Para o grupo Católicas pelo Direito de Decidir, a Igreja pode atravancar o andamento dos projetos de lei que abordam a legalização do aborto no Brasil. Ontem (7.2.2008), enquanto a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançava oficialmente em Belo Horizonte a Campanha da Fraternidade deste ano, com o lema “Fraternidade e direito à vida”, o movimento Católicas pelo Direito de Decidir divulgava um manifesto abordando pontos que considera contraditórios nas orientações da Igreja Católica. Entre eles, estão a condenação do uso de preservativos – preconizado pela Organização Mundial de Saúde para deter o avanço da Aids e salvar vidas - e a condenação das pesquisas com células-tronco embrionárias – que poderiam ajudar muitas pessoas a ter uma vida melhor, de acordo com o grupo.

Para a ginecologista e obstetra Neila Dahas, a campanha, que condena o aborto, poderá atravancar o andamento dos projetos de lei que tratam sobre a legalização da prática no Brasil. “Não acredito que a Igreja tenha o direito de influenciar o Estado, já que o país tem um Estado laico e para cuidar da saúde existe um ministério que tem a competência para tomar decisões”.

Editorial – Em editorial, o jornal Meio Norte comenta a posição contrária à interrupção não-natural da gravidez e ao uso de células embrionárias em pesquisa. Embora, para o periódico, a Igreja esteja impondo um pensamento único a todos os seus fiéis, a iniciativa abre oportunidades para um debate mais amplo e democrático a respeito dessas questões. “A discussão certamente sairá dos espaços sagrados para a mídia e outros fóruns, ajudando a diminuir dúvidas ou a consolidar posições contra ou a favor. É neste ponto que a Campanha da Fraternidade cumprirá um papel positivo”, explica.

[O Liberal (PA); Estado de Minas (MG); O Tempo (MG); Tribuna da Bahia (BA); Jornal Pequeno (MA); Correio da Paraíba (PB); Estado do Maranhão (MA); Correio da Bahia (BA) – 08/02/2008] FONTE: http://www.andi.org.br/

HÁ CONTRADIÇÕES NO
"DIREITO DE DECIDIR"

Ninguém é obrigado a ser cristão. Jesus disse ao jovem rico: "se queres ser perfeito, vem comigo." Aqui está o radical direito de decidir. Tomada esta decisão, as outras são decorrência. A beleza do cristianismo está na adesão livre à pessoa de Jesus.

Por
Ademir Costa
Jornalista Amigo das Crianças pela Agência de Notícias dos Direitos da Criança
Cristão

De saída, fique claro: sou a favor da vida e contra o aborto. Não por ser homem, mas por considerar a vida em si o valor máximo. A Igreja se coloca contra o aborto como qualquer grupo de brasileiros pode se colocar a favor ou contra. Aqui não cabe a lenga-lenga da separação Estado-Igreja. O Estado não só deve como precisa sofrer pressões de todos os grupos que compõem o povo brasileiro. E as igrejas cristãs e outras religiões, no Brasil, podem e devem pressionar para que sejam adotados medidas, leis, regulamentos que reflitam o pensamento da maioria dos brasileiros representados no Congresso Nacional.

A questão, quanto a aborto, é outra. Reconheço que a mulher tem direito a usar seu corpo. O homem também, claro. Direitos usados de forma desigual ao longo do tempo, por questões culturais, machismo, é verdade. Vamos, então, usar o corpo com coerência. Fica combinado: o homem não força a mulher, prevalecendo-se de ser mais forte. Relação sexual, só de comum acordo. Para usar bem o corpo, cada um conheça o seu, estude, tenha acesso aos meios de evitar a concepção indesejada. E estaremos no melhor dos mundos. Só engravida quem quiser.

Os métodos contraceptivos não abortivos sejam usados por todos. Caia o preço da camisinha, todos, meninos e meninas sejam educados quanto ao correto uso da pílula anticoncepcional. Quem quiser e estiver na idade, faça ligadura de tompas ou vasectomia. Estes métodos só envolvem o casal. Se houver alguma conseqüência negativa, algum efeito colateral, o casal seja advertido, de modo a entrar na jogada consciente do benefício a conseguir e das irreversibilidades dos métodos, quando for o caso. Exemplo: quer casar depois e fez vasectomia ou laqueadura de trompas?

Quaisquer métodos abortivos são antiéticos porque envolvem uma terceira vontade, a da criança. Ela é uma vida, uma pessoa, possuidora de dignidade pelo fato de estar viva, portadora de direitos reconhecidos pela constituição brasileira. Este é o argumento radical -- de raiz, não em sentido pejorativo. A vida humana é o valor máximo e começa no momento da concepção. Este é o argumento radical inicial. Se você discorda deste argumento, a partir daqui nenhum outro argumento vai convencer você.

Se a vida não tem valor, tudo o mais é secundário e qualquer argumento será usado para confundir e fugir o foco principal de que a vida é um valor. Para tergiversar, levantam-se questões como: a partir de quando há uma vida? No momento do encontro das células masculina e feminina? Um dia após a relação? Quando se forma o sistema nervoso? E por aí vai...

Vamos aos argumentos secundários: interessante é argumentar qua a mulher tem direito ao uso do corpo. E se em seu seio estiver uma menina? Esta não teria direito a seu corpo? Se a mãe da grávida atual tivesse cometido aborto, hoje ela não estaria exercendo seu direito de decidir. O direito de decidir começa na educação doméstica calcada no dar valor à vida. Inclui decidir pensando nos três: pai, mãe e filho/a. O que é bom para os três é ético. A decisão que elimina um dos três (o pai também) é antiética. Por ferir a dignidade da vítima e, também, a dos algozes (pais).

A HIERARQUIA DA IGREJA PISA EM FALSO, a meu ver, quando não educa os fiéis para o respeito à vida e quer impor a toda a sociedade o não-uso da camisinha. Aqui seus opositorres têm razão: os usuários da camisinha podem estar se protegendo da Aids e, assim, salvando suas próprias vidas. E mais: evitando conceber uma terceira pessoa, para abortá-la no dia seguinte ou alguns meses depois...

A hierarquia diz que o uso da camisinha é antiético. E pode ser, mesmo, mas nem sempre. É antiético, se cada um só pensa em si, não há compromisso de solidariedade entre os dois (casamento, no caso cristão) e há a busca egoista do prazer à custa do outro. Pode ser ato ético o uso da camisinha se, de acordo com os valores do casal, os dois querem ter prazer, sim, mas não querem filhos e estão conscientes disso, usam o preservativo com esta responsabilidade; e mais: um está tão preocupado com o outro que não deseja repassar nenhuma doença. Havemos de convir que, embora essas condicionantes ainda não satisfaçam o ideal cristão, chegam perto dele. Melhor que nada. Os dois estão agindo conforme sua consciência que não é uma consciência formada nos marcos do cristianismo. E demonstram, com esta atitude, encarar as conseqüências pessoais e sociais do sexo.

Então, que a hierarquia ensine aos fiéis o comportamento ideal para os cristãos e até para toda a humanidade, conforme os preceitos cristãos. Quem é cristão que siga sua consciência cristã, e será livre. Quem não for cristão e achar bonita esta postura, venha para as igrejas cristãs. Ninguém é obrigado a ser cristão. Jesus disse ao jovem rico: "se queres ser perfeito, vem comigo." Aqui está o radical direito de decidir. Tomada esta decisão, as outras são decorrência. A beleza do cristianismo está na adesão livre à pessoa de Jesus. O dever da hierarquia é anunciá-lo com dogmas claros, mas com base no conhecimento científico atual. Para não ser obscurantista.

Ao governo cabe, também, papel crucial: ensinar a toda a sociedade, pelo sistema educacional e pela grande mídia, o usufruto do sexo com responsabilidade. Alertando a todos que sexo tem conseqüências pessoais e sociais. Se, porém, a sociedade quiser aderir simplesmente ao princípio epicurista do prazer pelo prazer, valerá tudo (milhões já estão no vale-tudo). Parece que estamos saindo de uma sociedade com valores predominantemente cristãos para uma sociedade de valores mais seculares, pagãos, para usar um termo forte. O cristianismo surgiu no império romano e o converteu. Os fiéis do Cristo, hoje como ontem, continuarão fiéis a Ele. Agora com outra missão: evangelizar a nova Roma.

Nobel de Medicina Rita Levi Montalcini dá lição de Determinação e Persistência

Rita Levi Montalcini, que tem 98 anos, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina há 21 anos, quando tinha 77!!! Ela nasceu em Turin, Itália, em 1909. Formou-se em Medicina. Sua especialidade é Neurocirurgia.

Eis uma entrevista com a médica, feita no dia 22/12/2005:

- Como vai celebrar seus 100 anos?
Ah, não sei se viverei até lá, e, além disso, não gosto de celebrações. No que eu estou interessada e gosto é o que faço a cada dia!

- E o que você faz?
Trabalho para dar uma bolsa de estudos às meninas africanas paraque estudem e prosperem ... elas e seus países. E continuo investigando, continuo pensando.

- Não vai se aposentar?
Jamais! Aposentar-se é destruir cérebros! Muita gente se aposentae se abandona... E isso mata seu cérebro. E adoece.

- E como está seu cérebro?
Igual a quando tinha 20 anos! Não noto diferença em ilusões nem em capacidade. Amanhã vôo para um congresso médico.

- Mas terá algum limite genético ?
Não. Meu cérebro vai ter um século, mas não conhece a senilidade. corpo se enruga, não posso evitar, mas não o cérebro!

- Como você faz isso?
Possuímos grande plasticidade neural: ainda quando morrem neurônios, os que restam se reorganizam para manter as mesmas funções, as para isso é conveniente estimulá-los!

- Ajude-me a fazê-lo.
Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo, faça-o trabalhar e elenunca se degenerará.

- E viverei mais anos?
Viverá melhor os anos que viver, é isso o interessante. A chave é manter curiosidades, empenho, ter paixões....

- A sua foi a investigação científica...
Sim, e segue sendo.

- Descobriu como crescem e se renovam as células do sistema nervoso...
Sim, em 1942: dei o nome de Nerve Growth Factor (NGF, fator docrescimento nervoso), e durante quase meio século houve dúvidas até que foi reconhecida sua validade e, em 1986, me deram o prêmio por isso.

- Como foi que uma garota italiana dos anos vinte converteu-se em neurocientista?
Desde menina tive o empenho de estudar. Meu pai queria me casar bem, que fosse uma boa esposa, boa mãe... E eu não quis. Fui firme e confessei que queria estudar.

- Seu pai ficou magoado?
Sim, mas eu não tive uma infância feliz: sentia-me feia, tonta epouca coisa... Meus irmãos maiores eram muito brilhantes e eu me sentia tão inferior...

- Vejo que isso foi um estímulo...
Meu estímulo foi também o exemplo do médico Albert Schweitzer, que estava na África para ajudar a curar a lepra. Desejava ajudar aos que sofrem, esse é meu grande sonho.

- E você o tem realizado... com a sua ciência.
É, hoje, ajudando as meninas da África para que estudem. Lutamos contra a enfermidade, a opressão à mulher nos países islâmicos, porexemplo, além de outras coisas...

- A religião freia o desenvolvimento cognitivo?
A religião marginaliza muitas vezes a mulher perante o homem, afastando-a do desenvolvimento cognitivo, mas algumas religiões estão tentando corrigir essa posição.

- Existem diferenças entre os cérebros do homem e da mulher?
Só nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas, quanto às funções cognitivas, não hádiferença alguma.

- Por que ainda existem poucas cientistas?
Não é assim! Muitos descobrimentos científicos atribuídos a homens,realmente foram feitos por suas irmãs, esposas e filhas.

- É verdade?
A inteligência feminina não era admitida e era deixada na sombra. Hoje, felizmente, há mais mulheres que homens na investigação científica: as herdeiras de Hipatia!

- A sábia Alexandrina do século IV...
Já não vamos acabar assassinadas nas ruas pelos monges cristãosmisóginos, como ela. Claro, o mundo tem melhorado algo...

- Ninguém tem tentado assassinar você...
Durante o fascismo, Mussolini quis imitar Hitler na perseguição dosjudeus. E tive que me ocultar por um tempo. Mas não deixei deinvestigar: tinha meu laboratório em meu quarto... E descobri aapoptose, que é a morte programada das células!

- Por que existe uma alta porcentagem de judeus entre cientistas eintelectuais?
A exclusão estimula entre os judeus os trabalhos intelectivos eintelectuais: podem proibir tudo, mas não que pensem! E é verdade que há muitos judeus entre os prêmios Nobel...

- Como você explica a loucura nazista?
Hitler e Mussolini souberam como falar ao povo, onde sempreprevalece o cérebro emocional por cima do neocortical, o intelectual. Conduziram emoções, não razões!

- Isto está acontecendo agora?
Por que você acha que em muitas escolas nos Estados Unidos é ensinado o criacionismo, e não, o evolucionismo?

- A ideologia é emoção, é sem razão?
A razão é filha da imperfeição. Nos invertebrados tudo estáprogramado: são perfeitos.. Nós, não! E, ao sermos imperfeitos,temos recorrido à razão, aos valores éticos: discernir entre o bem eo mal é o mais alto grau da evolução darwiniana!

- Você nunca se casou ou teve filhos?
Não. Entrei no campo do sistema nervoso e fiquei tão fascinada pelasua beleza que decidi dedicar-lhe todo meu tempo, minha vida!

- Lograremos um dia curar o Alzheimer, o Parkinson, a demência senil?
Curar... O que vamos lograr será frear, atrasar, minimizar todasessas enfermidades.

- Qual é hoje seu grande sonho?
Que um dia logremos utilizar ao máximo a capacidade cognitiva denossos cérebros.

- Quando deixou de sentir-se feia?
Ainda estou consciente de minhas limitações!

- O que tem sido o melhor da sua vida?
Ajudar aos demais.

- O que você faria hoje se tivesse 20 anos?
Mas eu estou fazendo!!!!

Nota: Rita Levi-Montalcini; é desde 2001, senadora vitalícia daRepública Italiana, nomeada diretamente pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi.

Fontes:
http://www.europarl .europa.eu/default.htm
http://www.abc . org.br/sjbic/ curriculo.asp?consulta=montalcini
http://en.wikipedia ..org/wiki/Rita_Levi-Montalcini
http://www.leme pt/biografias/80mulheres/levi.html
http://www.netsaber .com .br /biografias/ver_biografia_c_1500.html
http://www.unesco.it/blog/2005/12/montalcini-mi-occupero-dellafrica.html

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

DIESEL: A POLUIÇÃO QUE PODE DAR CÂNCER

O professor Francisco Emilio Coutinho Goux – argentino, neto de brasileiros – é um estudioso da contaminação provocada por veículos e motores. Essa é a sua especialidade e formação: a mecânica, pela Universidade da República, da Argentina. Tem especialização em mecânica industrial (1982). Está escrevendo o livro "Ética ecológica para crianças".

Para contato com ele: e-mail emiliogoux@hotmail.com e telefone (11) 96864033.

Em entrevista à equipe do Programa Eco&Ação, ele prestou alguns esclarecimentos importantíssimos sobre combustíveis:

  • poluição do díesel pode causar câncer,
  • vantagens e desvantagens do biodíesel brasileiro,
  • responsabilidade da Petrobras frente aos combustíveis que produz,
  • dificuldades para disponibilizar terras só para cultivo de oleaginosas para biocombustível, dentre outros temas.

Fonte: Programa Eco&ação - http://www.ecoeacao.com.br/.
Coordenadora: Ana Echevenguá - (48) 84014526/84064397
Florianópolis, SC.

Autorizado pelo Programa Eco&Ação, reproduzo aqui a entrevista, para alimentar o debate:

Eco&Ação – Professor, qual a sua opinião sobre os biocombustíveis?

Eu acredito no biodiesel total, ou seja 100% vegetal; e já ficou comprovado que este produz menos CO2, ou seja, quase não produz resíduos MP.

Eco&Ação – Resíduos MP?

MP é ‘Material Particulado’ que os motores a Diesel produzem, aquela fumaça negra. Chama-se assim pois é muito pequeno, tem MP 10 a MP 2,5 Micras; essas partículas são tão pequenas que chegam até os alvéolos pulmonares, onde ocorre o intercâmbio de oxigênio e sangue, por isso é tão perigoso. São pequenas esferas de carvão, que levam de carona produtos cancerígenos. Para que tenha uma idéia, elas transportam porções de lubrificante do motor. Peço que leia nos envases de lubrificante: "Manter fora do contato com a pele". Imagine em contato com o sangue e dentro dos nossos pulmões? Esta substância foi achada nas partículas de "carvão" dos escapamentos de motores a Díesel, com o teste de Ames (teste para determinar o potencial cancerígeno de substâncias, feito com Salmonela. Ames é um cientista norte-americano que desenvolveu um sistema para identificar o potencial cancerígeno de substâncias). O Instituto da Saúde de Tókio/Hitomi Susuki comprovou que produz até 6 milhões de mutações no DNA do sangue de ratos. Significa 6 milhões de possibilidades de desenvolver câncer. Explicando melhor: 3-NITRO BEZANTRONA é a substancia cancerígena presente nas partículas de escapamento Diesel, que pode modificar até 6.000.000 de vezes o DNA de cepas bacterianas (Salmonela-Tipirium). A fonte desta informação é The Independent, jornalista Fred Pierce. Aí eu fico pensando: quantos óbitos foram conseqüência direta da contaminação atmosférica do Material Particulado dos motores a Diesel (MP-10-MP-2,5), que produz câncer de pulmão? Essa é a razão para melhorar o Diesel brasileiro.

Eco&Ação – Bom, vamos falar de Diesel, palavra que o senhor costuma escrever com letra maiúscula.

Sim. Faço isso em homenagem a Rudolf Diesel, por quem eu sinto um grande respeito; ele é o inventor do motor mais eficiente do mundo. Mas ele também foi o inventor do BioDiesel, ele utilizou azeite de amendoim para fazer funcionar seu protótipo, em 1896. Outro dia, escutei algo surpreendente: que um brasileiro é o inventor do BioDiesel; acho uma piada, uma falta de respeito a Diesel. Por isso, sempre escrevo seu sobrenome com letra maiúscula.

Eco&Ação – O que o senhor acha da qualidade do Diesel produzido no Brasil?

O Brasil precisa melhorar a qualidade do seu óleo Diesel que, hoje, é um dos piores do continente. A tabela de poder calorífico do óleo Diesel vai de 42 a 54 Cetano. O "Novo Diesel 500" (500 ppm), da Petrobras, tem 45 Cetano. É péssimo para os caminhões, ônibus e todo motor que funcione a Diesel. O Chile aposentou, em julho de 2004, o Diesel que aqui chamam de "NOVO 500". Hoje, ele produz o Ciudad Plus (0,005 % Enxofre e 52 Cetano); o México tem o Pemex (0,003% Enxofre e 52 Cetano). Existe um informe reservado feito pela Petrobras: a Austrália testou o óleo Diesel brasileiro em seus caminhões; o resultado foi: "perda de potência do motor, muitas vibrações e aumento do desgaste de peças pelo baixo poder calorífico (número de Cetano 45), produção de ácidos pelo alto conteúdo de Enxofre". Além disso, a Petrobras mente quando diz que "tudo o que a gente faz é com responsabilidade social e ambiental". Ter um óleo Diesel melhor significa menos doenças em crianças, menos abortos espontâneos em mulheres grávidas, menos mortes de idosos asmáticos ou alérgicos. Para que serve ter a melhor gasolina do mundo se, nas estradas, não se pode ultrapassar os 110 Km/hora?

Eco&Ação – E sobre a Petrobras e seu monopólio dos combustíveis?

O Brasil é uma potência em petróleo; a Petrobras ganha muito dinheiro... o barril com 159 litros, para a Petrobras, custa 6 dólares; no exterior o barril sai 100 Dólares. Imagina a grana que entra na Petrobras!! O problema é que a Petrobras tem 40% de investidores estrangeiros, cotiza em Wall Street... assim, explora o povo brasileiro para pagar "dividendos" a estrangeiros. Ela deveria olhar para o povo e baixar os preços. Façam as contas: 1.900.000 barris ao dia? Ela poupa 94 dólares por barril...

Eco&Ação – Diante desses dados letais que o senhor nos repassou, qual o problema da produção de biocombustíveis?

Não é melhor abandonar de vez o uso do combustível fóssil? Um esclarecimento: há 18 anos trabalho em contaminação ambiental de veículos e motores, mas hoje tem muita gente opinando porque está na moda falar de ecologia. Eu vejo alguns problemas decorrentes da produção de grande quantidade de combustível vegetal. Segundo especialistas da UE (União Européia, fonte The Guardian), se Inglaterra fosse movimentar o transporte que funciona a óleo Diesel, totalmente com biodiesel, teria que parar de produzir alimentos; as terras destinadas à pecuária também teriam que ser utilizadas para plantar grãos. Com isso, seria necessário multiplicar por 5 (cinco) toda a terra útil agropecuária. Impossível! Um exemplo disso, aqui no Brasil, é a planta da Soyminas, inaugurada pelo presidente Lula em Cassia (MG). Essa planta produz 12.000.000 de litros por ano de biodiesel, ou seja, 1.000.000 de litros ao mês. Como são necessários 70.000.000 de litros para cobrir o Programa de Biodiesel B2, a demanda de grãos disparou. Favoreceu pequenos produtores e cooperativas. Mas muita gente entrou no negócio da soja de olho nos lucros, pois o preço da tonelada está aumentando todos os dias. Eco&Ação – E isso está diretamente relacionado com outro problema: o desmatamento no Brasil e no mundo? Sim. Essa é a chave do desmatamento e das queimadas no Brasil: o lucro de gente que está de olho na SOJA e na cana-de-açúcar. Então, não adianta esgotar a fertilidade da terra com plantações para produzir combustíveis se o Brasil tem petróleo assegurado para várias décadas, até 2050 aproximadamente. Para que esgotar a terra agora em 2008?

Eco&Ação – Pra finalizar, professor, por que está escrevendo um livro voltado para as crianças?

Para mim, as crianças são como um computador "novo" que você comprou e esta todo limpo, pronto para "gravar" as informações que você deseja que entrem; a idéia é gravar, nas mentes das crianças, costumes que nós, os maiores, não temos: não jogar lixo nas ruas, saber o que contamina, ter consciência dos atos... por isso, “Ética Ecológica para Crianças".

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

FLAGELADOS SÃO OS OUTROS!

Para seu conhecimento e reflexão, a fim de você se perguntar se isso está ocorrendo só em Santa Cartarina ou, também, no Ceará e no resto do Brasil.

Por
Ana Echevenguá
Advogada ambientalista
Coordenadora do programa Eco&Ação
E-mail: ana@ecoeacao.com.br

Extraí do editorial ‘Inconsciência Ambiental’, do periódico catarinense ‘A Notícia’, que tratava dos resultados da Cúpula de Bali[1], algumas frases interessantes e aplicáveis à situação caótica que experimentamos em Santa Catarina quando o assunto é defesa e proteção do meio ambiente.

“Repetiu-se o que tem ocorrido nos últimos anos: os maiores poluidores são os que mais resistem em corrigir os rumos.” (Grifo nosso, em cor.)

Sabem o que aconteceu aqui no final de 2007? Pois bem: o projeto da USITESC - Usina Termelétrica Sul Catarinense, de propriedade de duas empresas carboníferas, recebeu sua licença ambiental prévia. Trata-se de mais um ato politiqueiro do nosso governo estadual: numa das visitas do governador ao sul, o presidente da CELESC anunciou a boa nova. Agora, os donos do negócio vão correr atrás da licença de instalação para que a usina comece a funcionar em 2012.

Este empreendimento vai queimar 2,3 milhões de toneladas de carvão mineral por ano. Energia suja! Pergunta-se: qual o cálculo do débito de Carbono gerado com a queima deste combustível fóssil?

Puxa vida! O combustível eleito é o carvão quando o mundo está adotando novas energias. Até a China, aonde a queima do carvão é o principal vilão, já está implantando medidas redutoras desta poluição. A Academia de Planejamento Ambiental da China comprovou que os custos causados à saúde humana pela poluição do ar somam 3% do PIB nacional e chegarão a 13% deste em 2020, se nada mudar.

“Não teria sido realista supor que a complexidade das questões envolvidas desembocasse num mutirão em que o mundo se juntaria na defesa do mundo. Tal é apenas o sonho dos ambientalistas e, talvez, a necessidade mais profunda imposta pela urgência do aquecimento global.”

“Pior que não ter um caminho definido é não ter a consciência da gravidade do desafio e dos riscos econômicos e sociais que uma omissão pode desencadear”.

Se o mundo não se junta num mutirão na defesa do mundo, Santa Catarina está no mesmo barco. O procurador da República Darlan Airton Dias afirmou que o EIA/RIMA "foi elaborado rigorosamente como determina a lei...". Ora, o papel tudo aceita!

Quem vai fiscalizar o funcionamento da usina? A falta de fiscalização dos órgãos competentes é vergonhosa: o IBAMA nem aparece na região; a FATMA – órgão ambiental estadual - apresenta fiscalização zero.

As entidades ambientalistas entendem que o EIA/RIMA apresenta várias ilegalidades. A alternativa locacional, por exemplo, é a pior possível. A região já é degradada pelos efluentes da Termelétrica Jorge Lacerda, cujos impactos negativos são provocados com a conivência do descontrole ambiental reinante no nosso Estado.

É público e notório que raras atividades são tão nocivas à sadia qualidade de vida quanto as termoelétricas a carvão mineral. Trata-se de uma das indústrias mais poluentes do planeta, devido à brutal emissão de efluentes. É impossível, portanto, o funcionamento de outra termelétrica naquela região.

“O que até bem pouco soava como catastrofismo, agora integra os relatórios mais respeitáveis”.

Para quem não sabe, a região sul de Santa Catarina convive, desde a década de 50, com o passivo ambiental produzido pela atividade mineraria; em 1980 o Governo Federal a enquadrou como uma das 14 áreas brasileiras críticas de poluição. Segundo o Desembargador Federal do TRF/4ª Região, Dr. Paulo Afonso Brum Vaz, “O processo de lavra do carvão a céu aberto, revolvendo a camada produtiva do solo para extrair a de carvão, abandonando as áreas de extração sem qualquer recuperação, foi catastrófico!”

“Milhões de pessoas poderão ser forçadas a sair de suas terras, formando um exército de meio bilhão de flagelados ambientais. Inevitavelmente, os mais pobres serão as primeiras vítimas”.

Os catarinenses que moram no entorno desses monstrengos já formam um exército de flagelados ambientais. Os flagelados do carvão! Muitos não têm para onde ir. Mas isso não importa aos detentores do poder de decisão. Agem como “se o problema não fosse com eles”. Afinal, este ‘exército’ só é lembrado às vésperas das eleições.

“Maiores responsáveis pela emissão de poluentes, os Estados Unidos e a China comportam-se como se o problema não fosse com eles”.

Somente EUA e China? E nóis aqui? Estamos fazendo a lição de casa? Exercendo o tão propalado ‘agir localmente’? Cadê o nosso compromisso com a redução da emissão de poluentes? A gente também continua agindo como se o problema fosse dos outros...

[1] Fonte: http://www.an.com.br/2007/dez/16/0opi.jsp