sábado, 24 de novembro de 2007

INTERVENÇÕES LOCAIS ANCORADAS EM PLANEJAMENTO GLOBAL

José Lemos
Engenheiro Agrônomo.
Professor Associado da Universidade Federal do Ceará.


Um dos grandes desafios da humanidade é a construção de uma sociedade mais justa e que respeite os limites da capacidade de suporte da terra sem agredir o nosso planeta. Esta não se constitui uma tarefa fácil, a julgar pelas prioridades dos modelos econômicos hegemônicos que privilegiam a produção incessante de mercadorias, muitas de utilidade duvidosa, em detrimento das precauções acerca da forma em que esses bens são produzidos e induzidos aos consumidores. Propagandas maciças criam “necessidades” pelo consumo de mercadorias que, muitas vezes, foram criadas mais para incrementar as riquezas de quem as produziu do que agregar conforto ou bem-estar para quem as adquire.

Nesta perspectiva o Livro “O Ponto de Mutação” de Fritjof Capra, dos meados dos anos oitenta, traz uma reflexão crítica acerca dos argumentos justificadores dessa forma de promover o crescimento econômico de qualquer forma, descuidando dos limites impostos pela disponibilidade dos recursos naturais. Capra sugere que o desfecho de tal processo só poderia ser estes que estão sendo denunciados, inclusive pela ONU, de cujos quadros saíram os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz em 2007, com uma obra mostrando os danos para o meio ambiente provocados por esta forma de condução do progresso econômico. Capra sugere uma forma diferente de encaminhamento desse progresso, preservando mais os recursos naturais, o ambiente e respeitando o ser humano. Para tanto, ancora-se numa vasta lista de autores para mostrar que o encaminhamento cartesiano das propostas de produção e distribuição da riqueza gerada no planeta são as causas primárias do atual processo desigual em que sobrevive a humanidade. Assimetria que possibilita a uma pequena proporção da população rica, que vive nos países industrializados e nos países pobres, deter padrões faustosos de consumo e de desperdício, inclusive de água potável, enquanto dois bilhões (30%) da população do planeta, segundo estimativas recentes da ONU, não têm acesso a água e a saneamento. Isto sem falar que existe praticamente um bilhão de famintos num mundo em que a produção de alimentos ainda é abundante.

Essas concepções prevalecentes de apropriação dos ativos econômicos e do pensar de forma reducionista, desconhecendo que a equação universal é holística, também estão nas raízes do problema. O raciocínio prevalecente é que o todo sempre representa a soma das partes, e também por isso não se exercita um planejamento global, onde a economia deveria ser entendida como parte de um sistema complexo que envolve seres bióticos e abióticos que interagem, e de cuja sinergia dependerá a vida saudável no planeta. O pensar holístico nos parece se constituir num requisito importante para o desenho dessa nova sociedade. Mas não apenas isso, devemos partir para intervenções locais, focadas no objetivo maior, mais amplo, global. Apreender as lições de Alain De Janvry que, ao propor ações em zonas de pobreza rural, sugere que os impactos das intervenções nessas áreas geram ao menos três externalidades positivas: efeitos transbordamento, ecológico e social, implicando que o todo, nesses casos, será bem maior do que a soma das partes. Programas e projetos de mitigação da pobreza que envolvam os sujeitos sociais diretamente atingidos na concepção, desenho e execução, se constituem nos pontos essenciais para que possamos conseguir melhores resultados globais.

Na metade dos anos setenta, Schumacher escreveu o livro “Small is beautiful” (O Importante é Ser Pequeno) em que mostra as vantagens dos pequenos projetos e negócios na construção de uma sociedade mais justa. Na avaliação desse autor, os mega-projetos são socialmente segregadores e provocam externalidades negativas, na medida em que pressionam o consumo de energia não renovável e dos demais recursos naturais. Provocam poluição via eliminação de efluentes para a atmosfera, solo e para os corpos de água, além de promoverem a concentração da renda e da riqueza. Nesses casos o todo é menor que a soma das partes.

Uma lição importante extraída do livro de Capra é esta: pensar de forma holística e agir localmente em sintonia com metas globais, priorizando projetos e programas de pequena escala. Lição simples, mas ainda não adotada no mundo porque contraria interesses de fortíssimos grupos econômicos, como aqueles das grandes companhias petrolíferas, apenas para ficar num dos setores mais poderosos no mundo.

(Publição simultânea com o jornal O Imparcial, de São Luís, MA)

Simpósio Comemora 140 anos de O Capital

O evento destaca, também, os 40 Anos de "A Sociedade do Espetáculo", de Guy Debord


Nos dias 12, 13 e 14 de dezembro deste ano, o Mestrado Acadêmico em Filosofia da UECE e o Grupo de Pesquisa em Dialética e Teoria Crítica da Sociedade estaremos realizando o evento Marx & Debord: simpósio comemorativo de 140 anos de O Capital e 40 anos de A Sociedade do Espetáculo. Participarão professores e pesquisadores de diversas universidades brasileiras e francesa. As inscrições já começaram. Informações pelo e-mail gpteoriacritica@yahoo.com.br, no blog www.dialeticaeteoriacritica.blogspot.com ou pelo telefone 85-31012033 (no período da tarde).

Programação:

Dia 12/12 - Quarta-feira

8:00 h - Pequena cerimônia de abertura8:30 h - Mesa de abertura: O capital hoje. Com Francisco J. S. Teixeira (UECE) , "Marx, ontem e hoje", & Celso Frederico (USP), "Marx, Debord e a pós-modernidade".
14:30 h - Adauto Lopes (UECE), "O caráter fetiche da mercadoria e sua manifestação na cultura industrializada: Marx e Adorno," & Fátima Nobre (UECE), "O caráter teleológico do trabalho: Marx e Lukács".
16:00 h / 16:20 h - Intervalo.
16:20 h - Imaculada Kangussu (UFOP), "Espectros do Espetáculo", & Expedito Passos (UECE), "Debord e Pasolini diante do presente como estetizzazione-derealizzazione de Vattimo"

Dia 13/12 - Quinta-feira

8:00 h - Tyrone Cândido (UECE), "A história na sociedade do espetáculo", & Santos Neto (PUC-PR), "A construção da imagem do capital e suas relações espetaculares".
9:30 h / 9:50 h - Intervalo9:50 h - Olgária Matos (USP), "Capitalismo e encantamento: imagens de desejo", & Emiliano Aquino (UECE), "Trabalho alienado e expropriação da linguagem comunicativa em A sociedade do espetáculo".
14:30 h -Antonio Rufino (UFPB), "Liberdade e emancipação em O Capital", & EstenioAzevedo (UECE), "Exposição e crítica n'O capital".
16:00 h / 16:20 h - Intervalo.
16:20 h - Ilana Amaral (UECE), "Antiestatismo e autonomia em Marx e Debord", & Gérard Briche (ERSEP-Turcoing/França), "A crítica radical do trabalho em Marx e Debord".
17:50 h / 19:00 h - Intervalo.
19:00 h - Exibição do filme In girum imus nocte et consumimur igni (Guy Debord).

Dia 14/12 - Sexta-feira [Manhã livre]

14:30 h - Itamar Azevedo (UECE), "Marx, Hegel e a economia política clássica", & Jorge Paiva (Instituto Filosofia da Práxis), "Com Marx e Debord, para além de Marx e Debord".
16:00 h / 16:20 h - Intervalo.16:20 h - Odílio Aguiar (UFC), "O lúdico e a resistência em Guy Debord", & Emanuel Fragoso (UECE), "Marx, leitor de Spinoza".
17:50 h / 19:00 h - Intervalo. 19:00 h - Conferência de encerramento: Eduardo Paulo Arantes (USP), "A guerra ao vivo no Estado-espetáculo". (Fonte: organização do evento)

ATIVIDADES DURANTE 16 DIAS COMBATEM A VIOLÊNCIA DE GÊNERO

Fonte: www.adital.org.br

Do feminicídio amplamente divulgado, mas ainda impune, em Ciudad Juarez (México) às agressões domésticas silenciadas, seja no Brasil, na Guatemala ou na Colômbia; a violência em razão do gênero atinge indiscriminadamente a um terço das mulheres na América Latina. Para combater essas violações aos direitos humanos, não só na região, mas em todo o mundo, a partir de domingo (25), mulheres, e também homens, estarão mobilizados na Campanha "16 dias de ativismo contra a violência de gênero".

Integrante do calendário dos movimentos sociais desde 1991, a Campanha deste ano tem como centro os desafios que dificultam a eficácia do trabalho das ativistas. A Campanha busca tornar visível o impacto que a violência em razão de gênero tem na vida das mulheres. Assim, questiona as políticas e praticas que permitem os atos de violência, pede proteção aos defensores dos direitos das mulheres e exige que os Estados nacionais prestem contas do compromisso de atuar contra todas as formas de violência contra as mulheres.

Em algumas cidades latino-americanas, as mobilizações contra a violência de gênero já começam hoje (23). Na Cidade do México, o Ciclo de Cinema "Mulheres Insubmissas" apresentará, em onze diferentes salas, mais de 80 filmes sobre esse tema. Na capital argentina, Buenos Aires, com o objetivo de "trabalhar para recordar e reforçar a idéia", a Campanha foi lançada hoje pela manhã no Centro de Informação das Nações Unidas.

Foram apresentados as atividades e projetos, que estão em execução em Buenos Aires. Além de, apresentado também, o Observatório de Violência. A Fundação para o Estudo da Mulher divulgou o documento: "As Mulheres NÃO esperam. Acabemos com a violência contra a Mulher e com o HIV/Aids. JÁ!: Publicação para a América Latina e Caribe".

Em Maracaíbo, na Venezuela, as atividades programadas pelo Instituto da Mulher de Aragua (IMA) terão início domingo, no Parque Santos Michelena, celebrando o Dia Mundial da Eliminação da Violência contra a Mulher, com um encontro familiar, para o qual toda a comunidade foi convidada. A partir das 8 horas, serão realizadas atividades culturais, esportivas e gastronômicas.

Para os organizadores da Campanha, algumas ações devem ser tomadas para superar esses desafios: exigir e assegurar suficiente financiamento para o trabalho sobre a violência contra as mulheres; exigir compromisso político dos Estados para prevenir e punir, com ações reais, os violadores; aumentar a sensibilização sobre o impacto da violência contra as mulheres, especialmente entre homens e meninos; avaliar a eficácia do trabalho de prevenção dessa violência; e assegurar a defesa dos ativistas pelos direitos das mulheres.

A violência de gênero atinge às mulheres física, sexual, psicológica, emocional e economicamente. A mais comum é a exercida dentro da própria casa, que é responsável por 5% do total dos problemas de saúde das mulheres de entre 15 e 44 anos em países em desenvolvimento, e 19% nos desenvolvidos. Na América Latina, 45% das mulheres já foram ameaçadas por seus parceiros.

Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), a violência contra a mulher por parte do marido ou companheiro representam entre 13% e 61% nos países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto a violência sexual varia entre 6% e 59%. A violência psicológica ou emocional exercida por marido ou companheiro oscila entre 10% e 51%, também de acordo com o país.

Na Colômbia, segundo o relatório da ONU divulgado em 2006, a cada seis dias uma mulher é assassinada por seu marido ou companheiro. Em países como Austrália, Canadá, EUA, Israel e África do Sul, entre 40% e 70% das mulheres mortas são assassinadas por seus maridos ou namorados.

O estudo destacou que a violação por parte do marido ou do companheiro é um delito previsto na maioria de legislações nacionais, mas, em pelo menos 53 Estados, esse crime ainda não está proscrito. Segundo o relatório, apenas 89 Estados contam com algumas disposições legislativas contra a violência doméstica, e existem 102 países que ainda não adotaram dispositivos legais sobre a questão.

De 25 de novembro até 10 de dezembro, a programação dos dias de ativismo tem datas específicas:
25 de Novembro: Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
1º de Dezembro: Dia Mundial da AIDS
06 de Dezembro: Data do Massacre de Montreal
10 de Dezembro: Dia Internacional dos Direitos Humanos

Moção de Apoio à Comunidade de Tatajuba Ceará

Reunidos durante o XIX Encontro Nacional do FBOMS, realizado em Curitiba PR, nos dias 26 a 28 de outubro de 2007, representantes de Ongs e Movimentos Sociais de vários estados brasileiros, manifestamos solidariedade às comunidades tradicionais vítimas do processo de especulação imobiliária e disputa de território por investidores do setor turístico e imobiliário. Em particular, repudiamos abusos e violência policial praticada contra a comunidade de Tatajuba - município de Camocim, situada na costa oeste do estado do Ceará. Diante da necessidade urgente da garantia dos direitos sociais, culturais e ambientais tão bem definidos na plataforma DHESCS, solicitamos que o Ministério Público Estadual e Federal se manifeste para analisar o conflito fundiário, origem da violação de direitos da Comunidade de Tatajuba.

Curitiba ( PR), 28 de outubro de 2007

Entidades que assinam:
FBOMS (DF)
Fórum Carajás (MA)
CEDEA (PR)
Instituto Ipanema (RJ)
FBOMS (DF)
CEDEA (PR)
Instituto Ipanema (RJ)
ECOA (MS)
Mater Natura (PR)
INGÁ (RS)
Fundação Vitória Amazônica (AM)
GDN (RJ)
GAMBÁ (BA)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (DF)
Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará (CE)
Instituto Terramar (CE)
GAMBÁ (BA)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (DF)
ASPAN (PE)
Sócios da Natureza (SC)
ASPAN (PE)
Sócios da Natureza (SC)
TEKOA - Amigo da Aldeia (PR)
AEIMM (SP)
ODESC (MG)
CUT (DF)
Gesta/UFMG
Apromac (PR)
Fundação Boll (RJ)
AEIMM (SP)
Apromac (PR)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

SUCESSO DO SEMINÁRIO SOBRE ÁREAS VERDES

Quatro palestras de impacto, grande presença da sociedade civil e a certeza: só do povo virá a transformação

Há um caos institucional a ameaçar o verde no Brasil, não só em Fortaleza. Firulas de interpretação das leis, omissões do poder Executivo e até retrocesso nas deliberações do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Há motivos para ser pessimista, há necessidade de ser realista e quem está na defesa e promoção do meio ambiente para todos só tem a persistir nas propostas e reivindicações. Esta é a minha síntese das discussões do Seminário Áreas Verdes, dia 19, das 14 às 19 horas, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará.

O Procurador da República Alessander Sales lamentou as decisões da Justiça desfavoráveis na ação contra as barracas que ocupam área pública na orla de Fortaleza. Respondendo a pergunta de participante, o procurador afirmou que o Ministério Público Federal age em defesa da lei, independente de apoios, mas que apoio não teve no caso das barracas. Disse que a administração pública nunca é impessoal, daí favorecer a uns em detrimento de outros. E denunciou o Conama por voltar atrás na Resolução 369, que proibia a construção de risorts na costa cearense e afirmava que hotéis e risorts representam interesse econômico privado, enquanto praias e dunas devem ser preservados no interesse da coletividade. Segundo ele, o retrocesso do Conama respondeu a pressão dos empresários do setor.

O advogado João Alfredo Telles de Melo denunciou a Prefeitura de Fortaleza que deu licença para a construção da Torre Empresarial Iguatemy, na área de mangue do rio Cocó, desrespeitou a lei também ao não ouvir o Conselho Municipal de Meio Ambiente. No seu entender, a prefeitura poderia revogar a licença, mas preferiu apelar para um referendo que se mostrará inútil. Porque se o referendo popular cassar a licença, a obra já estará concluída. O procurador Alessander Sales informou que todas as ações cabíveis deram entrada na Justiça, e com a mais adequada argumentação, irrefutável, pois "até os empreendedores admitem que ali é mangue". Ele se manifestou perplexo, pois "o poder público diz que não há desrespeito à legislação".

Vanda Claudino Sales, geógrafa, demonstrou que o município de Fortaleza dispõe de apenas 1,7% de seu território como área verde, ou 6/366km. Por outro cálculo, disse ela, chega-se a 3 metros quadrados de área verde por habitante, em Fortaleza, quando a ONU recomenda 11 metros quadrados. Para agravar a situação, ela informou que os parques da cidade não têm delimitação respeitada, seus terrenos nem todos foram desapropriados. Assim, os proprietários, não pagos, constróem e/ou depredam.

A Promotora de Justiça Maria Jaqueline Faustino de Souza expôs sobre a função social das cidades: habitar, trabalhar, deslocar-se e recrear-se. Disse que o direito à cidade efetiva-se quando há vida com dignidade, direito ao trabalho e à moradia. Conforme sua pesquisa, a função ambiental da cidade torna-se realidade quando há áreas verdes e equipamentos públicos. As áreas verdes desempenham função importante no equilíbrio do meio ambiente urbano, em face da cobertura vegetal de que são dotadas. Tais áreas "destinam-se ao lazer e à convivência social, com a presença de poucas edificações".

Assembléia dos Movimentos -- O debate, após as palestras, foi acalorado, com a participação de jovens, lideranças dos movimentos e cidadãos de vários bairros. Ficou acertada para o dia 1º de dezembro, sábado, às 15 horas, no Parque Ecológico Rio Branco, a assembléia dos movimentos para encaminhamento de ações da Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza. O evento a seguir é a Audiência Pública na Camara Municipal de Fortaleza, dia 3 de dezembro, às 9h.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Impressões dos Amigos sobre o Blog

O INCENTIVO DA JORNALISTA CARMINA DIAS:

Oi, Ademir,
Muito legal o blog. Agora vc é um jornalista independente mesmo. E o jornalismo só ganha com isso.
Carmina Dias

ZÉ TEIXEIRA ME CONHECEU AINDA ESTUDANTE:
Parabéns. Continue escrevendo e lutando por aquilo que acredita.
"... e sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança..."
Abraço.
Zé Teixeira

MAZÉ É EDUCADORA. COORDENA A AGENDA 21 DE FORTALEZA:
Bom dia Ademir.
Obrigada por me proporcionar suas impressões sobre o que está ocorrendo no cenário socioambiental fortalezense. Acho que estamos muito decepcionados. Você tem opinião formada sobre o centro de feiras que o governo CID Gomes quer colocar na Água Fria? Eu acho que deveria ser no Centro da cidade que está tão abandonado. Acho que, ao colocar o centro de feiras na Águia Fria/Edson, o governo Cid estará contribuindo para mais concentração de riquezas nas mãos de poucos (ex: Grupo Edson Queiroz), além do que estará contribuindo com mais desequilíbiros ambientais na área.
Um beijão!
Mazé – IBAMA

Realmente, considero equivocada a medida. Governo e prefeitura poderiam se dar as mãos e colocar o Centro de Feiras e Eventos mais próximo do centro de Fortaleza. É necessário pressionar neste sentido. A cidade ganharia mais, a meu ver. Até porque o centro tem grande efervescência, o povo usa muito, ainda é muito vital para Fortaleza.


DO JORNALISTA ZACHARIAS BEZERRA:
Caro Ademir,
Em primeiro lugar, parabéns pelo blog. Fonte é vida e sempre faz bem, principalmente as filosóficas e preocupadas com a vida e com o fazer do meio ambiente uma espaço inteiro para se viver. Despertar a ecologia humana em cada um é o que pode nos levar à paz e harmonia que tanto almejamos. Abraços para você, Luisa e todos em casa.
Zacka


ALDENÍZIO PINHEIRO É AMIGO E COMPADRE. SUSPEITO, PORTANTO:
Adorei!! Parabéns!! Coisa de gente grande.
Fui postar esta menssagem e não consegui. Tem que cadastrar?
Maravilhoso!!!!!! Uma visão científica da origem do mundo, poética e real, na palavra do amigo Ademir. Gostei muito!!!
Um abraço.
Pinheiro

Zacha me disse que precisa ter conta no Google. A gente pode se comunicar por e-mail.

A todos, obrigado pelo incentivo.
Ademir Costa

domingo, 18 de novembro de 2007

SEMINÁRIO SOBRE ÁREAS VERDES DE FORTALEZA

O movimento ecológico da cidade sai do torpor, talvez decepcionado com a falta de medidas da Prefeitura de Fortaleza em relação ao meio ambiente.

O movimento ecológico de Fortaleza esboça uma reação ao marasmo e realiza o Seminário Áreas Verdes que vai discutir aspectos socioecológicos e jurídicos dos espaços verdes que a cidade já tem e de outros que precisam ser oficializados, no interesse da coletividade. Será dia 19 de novembro, segunda-feira próxima, das 14 às 18 horas, no auditório Castello Branco, da reitoria da Universidade Federal do Ceará. Dia 3 de dezembro, às 9 horas, haverá audiência pública na Camara Municipal, em defesa das áreas verdes. O Movimento Proparque participa da articulação desses dois momentos, na esperança de que não seja apenas uma manobra politica com olhos voltados para as eleições 2008.

Desde a posse de Luizianne Lins na prefeitura da cidade, o movimento ecológico entrou em hibernação. Seja porque algumas pessoas das entidades foram ocupar cargos na prefeitura, seja porque alguns "deram um tempo", na expectativa de que o poder público municipal mudasse sua postura frente aos problemas ambientais. Há frustração por toda parte: as decisões da prefeitura no licenciamento de obras são tão predatórias quanto antes. Parece que os ambientalistas no poder não têm poder. As entidades fora do poder correram à cata de verbas, para a realização de algo aqui, outra coisinha acolá. O Movimento Proparque prosseguiu nas reivindicações pelo Parque Ecológico Rio Branco. Com a autorização da Torre Empresarial às margens do Rio Cocó, reativou-se o Movimento SOS Cocó, porém sem a força dos anos 1970.

O seminário de amanhã é uma realização da Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, da qual fazem parte o Instituto Brasil Verde, a Frente Popular Ecológica de Fortaleza, o Instituto Ambiental Viramundo, o Movimento Proparque (Joaquim Távora), o Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa, o Movimento de Revitalização do Pólo de Lazer da Sargento Hermínio, o Movimento SOS Cocó, a Associação Comunitária Delmiro Gouveia e o Movimento Pró-Parque Lagoa de Itaperaoba (Serrinha).

Mais informações, 9917.8560; inscrições: www.brasilverde.org.br/areasverdes

Programação:

14h - AberturaApresentação do seminário e Exposição sobre a situação atual das áreas verdes de Fortaleza
14:40 - Painel 1 - Áreas Verdes: Aspectos Sócio-ecológicosPalestrantes: • Vanda Claudino Sales - Geógrafa; mestra em geografia Física pela Universidade de São Paulo; doutora em Geografia pela Université Paris-Sorbonne, França; pós-doutora em Geomorfologia Costeira pela University of South Florida, EUA; Professora do Departamento de Geografia da UFC. • João Alfredo - Advogado; mestre em direito público pela Universidade Federal do Ceará; professor de direito ambiental na Fa7; consultor do Greenpeace.
15:20 - Debate do painel
15:50 - Intervalo
16:00 - Painel 2 - Áreas Verdes: Aspectos do Direito Ambiental e UrbanísticoPalestrantes:• Alessander Sales - Procurador da República no Ceará; mestre em direito constitucional pela Unifor; professor de direito constitucional e processo constitucional na Unifor. • Jacqueline Faustino - Promotora titular da 4a Promotoria de Justiça Criminal de Fortaleza; especialista em Direito Ambiental pela UECE e Escola Superior do Ministério Público; integrante da comissão de defesa do meio ambiente em Guaramiranga.
16:40 - Debate do painel
17:00 - Debate sobre articulação dos movimentos pró-áreas verdes e novas atividades a serem realizadas
18h - EncerramentoCoquetel e Lançamento do cordel sobre o Pulmão Verde do Siqueira, de autoria de Manoel Geraldo de Lima, o Jota.

Audiência Pública:

Uma audiência pública sobre as áreas verdes de Fortaleza será realizada dia 3 de dezembro, na Câmara Municipal de Fortaleza, iniciativa do vereador José Maria Pontes, a pedido das entidades da Jornada em Defesa das Áreas Verdes.
Mais informações: 3278.3148

Jornalista Ademir Costa
Movimento Proparque - 99949052, res.: 3254.1203; Trb: 3299.3737

sábado, 10 de novembro de 2007

PELA DEMOCRACIA: PROFESSORES E PARLAMENTARES

Apóio o desabafo (abaixo) do colega professor em seu grito de indignação. Não apóio a idéia de trocar um parlamentar por 344 professores. Porque os 345, o parlamentar e os professores, são necessários para a democracia.

Nosso inconformismo precisa nos conduzir à consolidação da democracia. Jamais ao retrocesso. Na ditadura de Médice, tínhamos parlamentares vergonhosamente bem pagos, professores (eu incluso) nem tanto, porém todos nós estávamos calados e sob a batuta do canhão.

Nossa vigilância deve ser no sentido de que o professor ganhe dignamente, para não ter desculpa de não dar boa aula, o parlamentar ganhe bem para não ter desculpa de ceder à corrupção. Também precisamos reagir quando a coisa não nos atinge direto, mas atinge outros, próximos ou distantes de nós. A democracia agradecerá. As futuras gerações serão mais felizes. É para isso que vivemos: para deixar um mundo melhor para nossos descendentes.

Ademir Costa

O DESABAFO DO PROFESSOR

Sou professor de fisica de ensino médio de um escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$ 650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$ 440,00.

Será que alguém acha que com um salário assim, a rede ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar ?Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, mas atualmente a regra é essa: o professor faz de conta de dá aula, o aluno faz de conta que aprende e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade!

Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$ 10,2 milhões por ano. São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$ 11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$ 3,9 milhões; na França, pouco mais de R$ 2,8 milhões; na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil; e na vizinha, Argentina, R$ 1,3 milhão. Trocando em miúdos um parlamentar custa ao país, por baixo: 688 professores com curso superior!

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será:" TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES ".

(*) Poderia ter colocado no lema para 688 professores, mas coloquei a metade (344), pois, assim, sobra uma verba para aumentar o nosso salário, que é uma vergonha...

Atenciosamente:

Um professor de física do interior da Bahia

O Futuro da Terra

Uma poesia para pensar a vida de nossos netos:

Nós habitantes da Terra
Queremos respeito à vida: peixe, água, ar e mar...
O Futuro da Terra em suas mãos!

Grite pelo parque, grite pela vida!

Desejamos paz na Terra,
Cada pessoa é irmã, justiça leva à paz.
O Futuro da Terra em suas mãos!

A Terra é nossa nave,
Na viagem sideral, preserve o que é de todos.
O Futuro da Terra em suas mãos!

A Terra é o grande parque
Que a natureza nos deu, pra gente aqui ser feliz.
O Futuro da Terra em suas mãos!

Moradores da cidade,
Solidários com a vida, juntamos força no abraço.
O Futuro da Terra em suas mãos!

O Movimento Proparque
Deseja para você um mundo muito melhor.
O Futuro da Terra em suas mãos!

HOJE, TRABALHO INFANTIL É CRUELDADE

Li no jornal O Povo, de Fortaleza, e até me emocionei com a carta do Sr. Vitoriano Bezerra de 14.set.2007. Quero externar aqui minha admiração e aplauso por sua história, a mesma de milhares de sua geração.

Casos como os dele já não se aplicam como modelo para o mundo de hoje. É forçoso reconhecer que os tempos são outros, as oportunidades de sobrevivência nos empregos e trabalhos autônomos bem simples exigem sempre mais capacitação, torna-se cada vez mais difícil viver sem qualificação adquirida com dedicação total aos estudos. Não se trata só de possuir diploma, mas de desenvolver competências mínimas de comunicação e domínio de um ciclo tecnológico muito superior ao da geração de nossos pais.

No contexto atual, permitir que crianças e adolescentes trabalhem oito horas e estudem à noite não é o ideal. Se este fosse o melhor modelo, os filhos da classe média e da elite adotariam este esquema. Não é o que se vê. Criança fora da escola e trabalhando constitui violência. Se a sociedade aceitou tal situação antes, aquele tempo é página virada.

Se autoridades e jornalistas advogam a favor daquele paradigma, estão equivocados e fazendo a defesa de quem, de alguma forma, ainda hoje tira proveito daquela situação. Hoje, crianças e jovens trabalham e conseguem destaque na vida, são a minoria que chega ao pódio, são exceção. A regra é um futuro de pobreza extrema, miséria e, até, de delinqüência.

Quem deseja este futuro para as crianças e adolescentes de hoje? Quero escola para crianças e adolescentes pobres -- e escola de qualidade. Em tempo integral. Dinheiro nossa nação tem. Povos menores e menos influentes que o Brasil fizeram esta opção há 20 ou 30 anos e hoje colhem os frutos. Pressionemos os que se apropriaram do poder para que usem o poder em benefício da maioria da população, também pela perspectiva educacional. Por que haveríamos de condenar nossos filhos e os filhos de nossos contemporâneos a um futuro sem futuro? Parece-me, seria muita crualdade.

Jornalista Ademir Costa

3ª Conferência Nacional de Meio Ambiente e sua Preparação no Ceará

A 3ª Conferência Nacional do Meio Ambiente vai discutir Mudanças Climáticas. Será precedida das Conferências Municipais, Regionais e Estaduais. No Ceará, a III Conferência Estadual de Meio Ambiente realizar-se-á em Fortaleza no Auditório da UNIFOR, no período de 13 a 15 de dezembro do corrente ano. As Conferências municipais serão realizadas de forma regionalizada, totalizando 12 Conferências Regionais de Municípios, culminando com a realização da III Conferência Estadual do Meio Ambiente.

Nas Conferências Regionais serão eleitos representantes para a Conferência Estadual e somente nesta última serão eleitos os delegados estaduais para a etapa nacional. O governo estadual está incentivando o envolvimento das prefeituras na articulação de todos os segmentos envolvidos, ou seja, representação do setor governamental, da sociedade civil e do setor produtivo (setor empresarial patronal).

Cada município terá o direito de enviar para a conferência regional, um determinado número de participantes que foi definido tendo por base, dentre outros, o critério populacional.

Mais informações:
Comissão Organizadora Estadual – COE, Fone: (85) 3101 – 1247 / 1228, Fax: (85) 3101 – 1233 e e-mail: ritadecassia@conpam.ce.gov.br ou sexec@conpam.ce.gov.br.
Site: www.conpam@conpam.ce.gov.br


TEMA: MUDANÇAS CLIMÁTICAS

SUB-TEMAS PARA DISCUSSÃO:

ATIVIDADES PRODUTIVAS
CIDADES
MACRO-ESTRUTURAS
TERRA E ÁGUA
AGENDA 21
*AGRICULTURA / PECUÁRIA
*AQUICULTURA / PESCA
* INDÚSTRIA/TURISMO
*COMÉRCIO SERVIÇOS

* PLANOS DIRETORES
* HABITAÇÃO
* SANEAMENTO
* RESÍDUOS SÓLIDOS

*ENERGIAS ALTERNATIVAS
* BIOCOMBUSTÍVEIS
* TRANSPORTES
* COMUNICAÇÕES

* ABASTECIMENTO
* SANEAMENTO
*GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS
* DESERTIFICAÇÃO
* MODELO DE PRODUÇÃO E CONSUMO
* SUSTENTABILIDADE
* PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL
* GESTÃO LOCAL
* EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Fonte: Conpam

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

AS ATIVIDADES ECONÔMICAS E A DETERIORAÇÃO AMBIENTAL: O CASO DO PARQUE ECOLÓGICO RIO BRANCO EM FORTALEZA

Ademir Costa

Resumo de monografia aprovada pela Universidade Federal do Ceará, no término do curso de Especialização em Economia para Jornalistas.

OBJETIVO: Tem por objetivos demonstrar: (a) como a atividade econômica pode causar a deterioração de um ecossistema, a partir de um caso específico ocorrido no âmbito urbano de Fortaleza, Estado do Ceará; (b) a reação popular frente ao problema, na tentativa de estancar o processo de degradação ambiental e garantir o mínimo que resta de uma natureza originalmente exuberante; e (c) os encaminhamentos dados pelo poder público em resposta às reivindicações da população representada pelo Movimento Proparque.
METODOLOGIA: Para atingir estes objetivos, foram realizadas pesquisa bibliográfica, entrevistas com antigos moradores da área, pesquisa em documentos de órgãos públicos e da ong Movimento Proparque, além da observação participante, posto que o autor integra aquela ong. O artigo portanto, resulta de uma meta-observação – em que o sujeito da pesquisa faz parte da própria observação. É o relatório de uma observação-observante.
As entrevistas foram realizadas nos meses de junho a agosto de 2000, a partir de “garimpagem” das pessoas remanescentes dos primeiros moradores do bairro. As pessoas foram escolhidas pelo critério de antigüidade, pois o objetivo era vislumbrar a paisagem original, para contrastar com a situação atual da área destinada ao parque.
Fundamentação Científica – Recorre aos conceitos da economia, da ecologia, e do urbanismo. Toma como suporte, igualmente, a sabedoria popular e a visão do senso comum sobre a deterioração do ambiente objeto de estudo. Conceito básico é o de desenvolvimento sustentável da Comissão Mundial de Meio Ambiente das Nações Unidas. O trabalho fundamenta-se também a legislação federal, estadual e municipal que ampara a preservação, conservação e recuperação do Parque Ecológico Rio Branco: o artigo 225 da Constituição Federal; Lei federal 4.771, de 15 de setembro de 1965, conhecida como Código Florestal; a Lei Orgânica do Município de Fortaleza (LOM), de 5 de abril de 1990; a Lei do Uso e Ocupação do Solo Urbano; o Código de obras e Posturas e o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza – PDDU-FOR – (Lei 7061, de 16.01.92, publicada no DOM de 20.01.92), além da Lei 7893, de 02.05.96 (DOM de 22.05.96), que estabelece as Áreas de Proteção de Fortaleza, entre as quais está o Parque Ecológico Rio Branco.
CORPO DO TRABALHO – Parte do princípio de que na lei da entropia, o crescimento econômico encontra seu limite, e que urge encontrar um ponto de equilíbrio entre as necessidades humanas e as possibilidades e limitações do Planeta. A tarefa não é fácil, pois implica optar por uma nova racionalidade, que dê conta tanto das visões de mundo (conceitos teóricos) e da dimensão instrumental (racionalidade tecnológica), como do âmbito da convivência de grupos, respeitados seus valores (racionalidade cultural).
O trabalho coloca as cidades como o lugar de expressão de graves efeitos de entropia. Análise da ONU, de 1986, embora não exaustiva, deu a dimensão da tendência ao caos urbano: o elevado preço de moradias, estradas, abastecimento d’água, esgotos e serviços públicos; violência, além de perdas de terras agricultáveis e de paisagens naturais necessárias para parques urbanos e lazer.
A Situação de Fortaleza – Descreve Fortaleza como cidade de clima agradável, com lindas praias em sua zona urbana, grande número de lagoas e dotada de 23 áreas classificadas pela prefeitura como parques urbanos. Com evidências de poluição hídrica em todas as amostras coletadas nas 21 maiores lagoas de Fortaleza. No Ceará, as dunas da costa cearense são destruídas gradativamente. Com elas, perdem-se os manguezais – até os da capital. Aqui, a indústria da construção civil avança sobre os recursos hídricos, a ponto de colocar em risco sua conservação, por construir imóveis localizados muito próximos a córregos, rios e lagoas. Já está comprovado que a construção civil provocou em Fortaleza a elevação do desconforto térmico decorrente da “ilha de calor”, sobre a cidade, conforme trabalho da geógrafa Eurália Cleonice Holanda Malveira.
Estudo encomendado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza registra o fracasso de sucessivos projetos elaborados com a finalidade de ordenar o crescimento da cidade, nenhum deles aplicado de forma coerente. Em outro estudo, a cidade registra grave tendência à desertificação, relacionada à degradação ambiental (forte urbanização), à pobreza e à imigração. Trata-se, portanto, de uma propensão à desertificação subordinada a aspectos sociais. Os autores admitem, porém, estar assumindo uma posição conservadora, conciliando os dados naturais e sócioeconômicos.
O artigo mostra que a população de Fortaleza tem reagido em defesa dos recursos naturais da cidade e da garantia de qualidade de vida, do que resultou a criação de áreas a serem preservadas/conservadas como o Parque Cocó (Decreto nº 20253, de 05.09.89), Parque Parreão e Parque Ecológico Maraponga (Decreto nº 21.349, de 03.05.91, DOE 07.05.91), além do Corredor Ecológico do Pacoti (Decreto nº 25.777, de 15.2.2000) e da Área de Proteção Ambiental do Pacoti (Decreto nº 25778, de 15.2.2000), estes dois últimos na esfera estadual.
As manifestações contra a venda da área do 10º Grupo de Artilharia de Combate para nela instalar-se um grande shopping center e pela urbanização do Parque Ecológico Rio Branco são exemplos de reações populares no âmbito da cidade, a ponto de a Prefeitura Municipal de Fortaleza haver anunciado a transformação da primeira área em parque e a ampliação do segundo. Há, atualmente, um esboço de reação popular frente à anunciada construção de uma torre destinada a escritórios, ao lado do Shopping Center Iguatemy.
O Parque Ecológico Rio Branco foi criado pelo Decreto 4628/76, publicado no Diário Oficial do Município em 19.02.76, e sua área, desapropriada pelo Decreto 8.960/92, de 06.11.92 (DOM de 16.11.92). Compreende uma área de 8,3ha cujos limites são, ao Norte, a R. Castro Alves; Leste, R. Capitão Gustavo; Sul, Av. Pontes Vieira; e Oeste, Av. Visconde do Rio Branco. Localiza-se na confluência dos bairros Joaquim Távora, São João do Tauape e Fátima, portanto em área muito próxima ao centro de Fortaleza.
O artigo descreve a necessidade do parque para 350.000 habitantes de uma Fortaleza com população é estimada em 2,1 milhões de habitantes e cuja área verde é de 4m² quadrados por habitantes, quando a ONU recomenda 12m². Também destaca a existência de famílias classe média média, no entorno do parque, mas a predominância de famílias de classe média baixa e classe pobre, destas últimas, não poucas em situações de miséria. Há, portanto, considerável faixa de público carente de informação sobre a importância da preservação da área como parque, dada sua defasagem cultural. Entretanto, o pessoal de classe média conduz cães ferozes e/ou trafega de automóvel ou moto no parque.
Há no trabalho uma rápida abordagem da expansão imobiliária nos bairros limítrofes ao parque – como de resto em toda a cidade – e do desastroso asfaltamento das ruas. A partir desse quadro, atribui-se à indústria da construção civil a principal causa da deterioração ambiental, pois de sua atuação resultam a barragem da ventilação pelos prédios, a maior insolação e o aumento da sensação de calor nas moradias e nas ruas. Outras situações estressantes: poluição sonora e do ar, o rebaixamento e a poluição do lençol freático por as fossas sépticas, já que apenas 37% das casas estão ligadas à rede de esgoto do Projeto Sanear, que cobre 65% da área da cidade.
A Economia e a Deterioração do Parque Ecológico Rio Branco – Do quadro documentado, o trabalho conclui ser a construção civil – caracterizada como aquela cuja finalidade é prover a instalação da infra-estrutura urbana, moradias, sedes de atividades produtivas e equipamentos públicos – a atividade econômica que causa o maior deterioração do meio ambiente natural, dentro e no entorno do Parque Ecológico Rio Branco. Essa indústria modificou a paisagem e reduziu área do parque, aterrada até pelo poder público, com “praças” construção de acesso previstas no projeto. A deposição de toneladas de entulho nos terrenos do parque por empresas da indústria da construção civil desviou o curso do Riacho Rio Branco que nasce no parque.
Nas imediações do parque, funcionam atualmente movelaria, padaria, metalúrgica, restaurantes, postos de gasolina, clube social, oficinas mecânicas, empresa de transporte coletivo, bancos e igrejas. Praticamente todo o solo adjacente está impermeabilizado. O resultado é o alagamento de residências, quando ocorrem chuvas maiores.

Na Figura 1 (não deu para reproduzir aqui) observa-se que residências construídas sobre as nascentes fizeram diminuir o corpo d’água dos riachos que se originavam (a) onde hoje ficam as esquinas da R. Capitão Gustavo com R. Castro Alves, (b) na R. Prof. Antônio Furtado e (c) no bairro São João do Tauape, este último entrando na área preservada passando sob a Av. Pontes Vieira. Há uma galeria pluvial (d) que recolhe águas ao Norte, sob a Rua Pe. Antonino, entrando em seguida no parque. Dessas fontes de água, pouco resta atualmente. Do situado no ponto (a), um filete d’água teima em dirigir-se à Av. Visconde, pois sua fonte está quase totalmente sufocada por casas da Capitão Gustavo e pela ocupação irregular de parte da área do parque. Os riachos dos pontos (b) e (c) tiveram seus cursos transformados em galerias pluviais e só emergem dentro do parque. As nascentes e os percursos desses córregos foram mencionados dos moradores, nas entrevistas. Essas águas são drenadas para a Av. Aguanambi via galeria pluvial sob a Av. Visconde do Rio Branco e diversas ruas.
Conforme os depoimentos dos primeiros moradores da área, na vegetação original do terreno do parque e em suas imediações predominavam cajueiros, mangueiras, bananeiras, xanana castanha, araticum, borboleta, jaqueira, gravioleira, coqueiros, mangirioba, capim de burro, matapasto, ameixa preta e castanholeira, dentre outras espécies[1]. Os pássaros também eram muitos e foram citados: canários, galo de campina, bigodeiro, caboclo lindo, ciricóia, rolinha, sabiá, beija-flor, borboleta, cabeça vermelha, bem-te-vi, pardais, graúna, periquito. Dos animais silvestres, foram estes os de que se lembraram: guaxinin, sagüi, raposa, preá, cobras, sagüi (soim), urubu, jacaré, anta (sic) e urubu-rei.
Os moradores descrevem “um corrente” que nascia na parte alta, atravessava o que hoje é a R. Capitão Gustavo e “ia até o sítio de Eugênio Porto, desembocando na atual Aguanambi”. Com pequenas variações em detalhes, os depoimentos coincidem no essencial: a região era dotada de uma flora e fauna exuberantes e de cursos d’água, tudo hoje profundamente depredado pela ação antrópica.
É neste contexto que populares se unem no Movimento Proparque para reivindicar mais cuidado com o Parque Ecológico Rio Branco, com o apoio de entidades civis, técnicos de órgãos governamentais e pesquisadores da Universidade Federal do Ceará.
O Movimento Proparque e Suas Propostas – O Movimento Proparque foi criado em 1º de novembro de 1995, por Maria Luísa Vaz Costa, Ademir da Silva Costa, Francisco Costa Nogueira, Maria José Justino Holanda, Francisco Tarcísio Tavares e Antônio Venâncio de Sousa Neto. Foi a forma que encontraram de enfrentar e conter o despejo de entulho de construção no terreno do parque, já registrado na então Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Administração Territorial (Splam). Após várias idas à Splam, sem resultado palpável, seguiu-se um período de manifestações públicas no parque, abaixo-assinados reivindicações e negociações com os responsáveis por órgãos municipais, especialmente com Eliseu Becco, titular da Secretaria Executiva Regional II (SER II), espécie de subprefeitura a cuja jurisdição pertence o parque.
O que o Movimento Proparque reivindica(va): retirada do entulho, reflorestamento, retirada de animais que ali pastejam, colocados por seus proprietários; mais alamedas para caminhada, melhor piso nas alamedas, equipamentos de musculação, iluminação das quadras de esporte, portões fechados às 22h ou 23h, para serem abertos às 4h do dia seguinte, e segurança 24 horas, com o que seriam evitadas depredações de plantas e do patrimônio construído, além da deposição de lixo e entulho no parque.
O artigo relata a trajetória do Movimento Proparque ao longo das administrações dos Prefeitos Antonio Cambraia e Juraci Magalhães (dois mandatos), para desembocar na de Luizianne Lins, quando conseguiu participar da elaboração de um projeto de revitalização que agora está sendo executado.
Ao longo desses anos, o Movimento Proparque mobilizou pessoas e difundiu suas idéias em reuniões, eventos, abaixo-assinados, sempre com apoio e parcerias com entidades populares, ongs, ogs e representações profissionais.
O movimento se estruturou e tem saldos positivos a comemorar, mas nunca chegou a somar mais de 20 pessoas como sócias efetivas. Permanece pequeno o número de seus integrantes na linha de frente. Verifica-se aqui que as pessoas são capazes de aprovar em tese uma campanha ou idéia como um de seus interesses difusos, mas estes são às vezes sufocados pelos interesses pontuais do dia-a-dia.
A ação do Movimento Proparque tem sido fator de educação ambiental não formal para seus membros e para a população. Meios para isso são as discussões travadas nas reuniões, os boletins distribuídos à população, as cópias de notícias de jornais disseminadas junto com convites para reuniões ou manifestações, e os atos promovidos no parque nos quais sempre foram realizadas mini-palestras, peças teatrais e o repasse de informações científicas sobre meio ambiente.
As Reações do Poder. A Campanha pela urbanização do Parque Ecológico Rio Branco nos seus primeiros cinco anos foi recebida pelas autoridades do Executivo com indiferença, depois com diálogos. Em seguida chegou-se ao estágio das respostas com promessas nas audiências e desembocou em pequenas reformas e na elaboração de um novo projeto, em 2000, agora contemplando boa parte das sugestões populares. Para isso, contribuíram órgãos como:
· A SMDT tomaria, mais tarde, a iniciativa de realizar inspeção técnica no parque, de que resultou um relatório técnico que constatou irregularidades denunciadas; contaminação por esgoto doméstico e insegurança.. Essa intervenção da SMTD decorreu de um requerimento formal do deputado Estadual Artur Bruno, solicitando informações sobre a situação do Parque Ecológico Rio Branco.

· Câmara Municipal de Fortaleza. De imediato por meio do vereador Sérgio Novais, membro da Comissão de Urbanismo. A câmara incluiu sucessivamente, no orçamento municipal, verbas destinadas à conclusão do parque, a partir de 1997, mas como ao Executivo faltava decisão, a verba orçada não se efetivava. Em 30 de maio de 1998, por iniciativa da então vereadora Luizianne Lins, a câmara realizou uma Audiência Pública no Parque Ecológico Rio Branco. A SER II apresentou o novo projeto de revitalização, embora sem prazo para executá-lo, alegando falta de verbas e de autonomia para decidir.
· O Ministério Público Estadual ouviu o Movimento Proparque, impediu a derrubada de árvores e instou a Prefeitura Municipal a resolver os problemas do parque.
· Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará e da Câmara Municipal de Fortaleza organizaram audiências e pedidos de informação.
Entidades da sociedade civil também ajudaram:
· Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deu apoio jurídico.
· Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) forneceu apoio em sua especialidade.
· Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) elaborou laudo técnico para fundamentar representação do Movimento Proparque perante o Ministério Público.
· Sindicatos e centrais sindicais, dentre outras entidades, deram suporte na realização de eventos.
Esta fórmula manifestou-se eficiente para o intercâmbio de informações entre a coordenação do Proparque e a população, especialmente nos convites e mobilizações, e para abrir espaços de negociação com o poder público municipal.

CONCLUSÕES – O Parque Ecológico Rio Branco é hoje o que resta de um ambiente anteriormente dominado por vegetação e fauna diversificadas, e terreno fértil entrecortado por riachos. A fonte de um desses córregos, deslocada de ponto mais alto, perdura dentro do parque e pode ser recuperada. A depredação ambiental nele ocorrida decorre basicamente da indústria da construção das moradias e equipamentos urbanos.
Verificam-se aqui, em dimensão microscópica, os mesmos problemas constatados no ecossistema Terra:
· A intensidade das atividades econômicas não respeita a capacidade de suporte nem de resiliência do ambiente original;
· O espaço construído se torna a cada dia mais agressivo ao homem, sendo, a um só tempo, causa e efeito de relações humanas que impulsionaram o individualismo. Apesar (e por causa) disso, emergiu da população o Movimento Proparque, cuja finalidade é reverter este quadro, garantindo para a cidade espaço de contemplação da natureza, de convivência na prática de exercícios e fruição da arte;
· A recuperação da paisagem original é difícil e talvez impossível. É factível (e esta é a proposta do Movimento Proparque) o reflorestamento e conciliação do que resta do sistema natural com as exigências atuais de uma população que reclama a revitalização do parque e, nele, espaços para o lazer e a convivência;
· O avanço de um processo de desertificação ou, no mínimo, de grave depredação ambiental. Fator decisivo para tal quadro é a migração que aumenta a população do município e pode tornar-se causa para o crescimento do antropismo e da degradação ambiental, motivados especialmente pela construção civil em um processo descontrolado de urbanização; e
· A concentração das oportunidades de emprego, serviços e infra-estrutura urbana em Fortaleza gera, a um só tempo, o adensamento da população e os problemas dela decorrentes, como já verificado em megacidades mundiais.
Pessoas do povo dão-se conta de que Fortaleza caminha para um quadro de crescente mal-estar. Porém percebem que ainda há chance de reverter esse processo. Outras às vezes sentem-se impotentes nos seus campos de atuação, seja no parlamento, em entidades oficiais, privadas ou não-governamentais, apesar de detentoras de saber científico a fundamentar uma visão mais abrangente do estágio de desenvolvimento da cidade. Espaços como o Movimento Proparque são instâncias onde esses grupos cidadãos juntam esforços para resgatar uma cidade na qual se viva e desfrute prazer e os serviços da natureza.
[1] Pássaros, árvores e rios são aqui mencionados com os nomes populares referidos nas entrevistas.

POR UMA UTOPIA DE PAZ

Há 15 bilhões de anos, com o “big-bang” ou grande explosão, iniciou-se um processo de fusões e complexificações de elementos do universo do qual resultaram as estrelas, as supernovas, as galáxias, os sóis, os planetas com seus satélites, os quarks, os 100 diferentes átomos de pesos diversos, que entram na composição de todos os seres materiais do universo, os microorganismos, os peixes, as lesmas, os animais e, por fim, os humanos. Esta é uma explicação atual da origem do cosmos e da vida, fundamentada na teoria da grande explosão, de Georges Lamaître, complementada pela teoria do universo inflacionário, de Alan Guth.
A partir desses pressupostos, o universo não estaria acabado, mas em expansão e evolução permanentes. No homem, a evolução tomou consciência de si mesma e agora rege seu destino, para o bem ou para o mal. Assim é que, nos últimos 50 anos, a humanidade produziu mais objetos que nos anteriores 50 mil anos. O homem desceu às regiões abissais da Terra, projetou-se, por seus artefatos, para outros planetas do sistema solar e já reúne condições de sair dele.
Antes o homem se identificava com a natureza ao seu entorno. Porém, particularmente nos últimos quatro séculos, foi demarcando limites e conquistando independência frente às forças naturais. Os conhecimentos da matéria e o domínio dos sistemas vivos e daqueles tidos por inanimados garantiram-lhe vida mais longa e a superação de empecilhos a seu conforto, o encurtamento de distâncias, a aproximação de povos e línguas, a miscigenação de culturas.

Em seus avanços, a humanidade desenvolveu uma tal ideologia de autonomia e reino sobre os elementos naturais que, hoje, vê-se ameaçada por sua volúpia dominadora. Justamente agora que compreende melhor as razões de sua presença sobre a Terra, caso não se dobre aos imperativos da ética, está prestes a eliminar a vida do planeta.

A ciência da ecologia se expande, apontando para a humanidade caminhos de sobrevivência pacífica não somente com os seus semelhantes, mas com todos os seres vivos e com os ditos inanimados, pois humanos e natureza gozam de uma igualdade intrínseca: todos vêm da mesma explosão-expansão.

A capacidade de orientar-se por valores justifica à espécie humana o título de “homo sapiens”. Ao afastar-se do pitecantropus erectus, mais se transforma em ser moral, com preocupações práticas. É então que a ética passa a orientar o agir humano. Entretanto, sendo o homem uma síntese das forças cósmicas, é natural que nele se revolvam, também, tendências de destruição. Razão por que, com freqüência às vezes desconcertante, nele eclodem comportamentos de fera (“homo demens”), cujos registros pontuam a História.

Para não poucos analistas, o homem entrou em rota de colisão com a vida, pois construiu a civilização neotécnica de consumo conspícuo, em que a riqueza é o norte de indivíduos e nações, grassa a competição, o egoísmo é adotado como ética privada, prevalece a filosofia do naufrágio ou o ‘salve-se quem puder”. Há, porém, quem veja neste começo de milênio que ora se celebra, um ponto de inflexão no qual se torna possível aplicar o conhecimento a favor da solidariedade e da preservação da vida. A disseminação da telemática – hoje a serviço de uma globalização desumana – estaria na origem desse processo.

A humanidade dispõe, hoje, de um crescente conhecimento sobre os sistemas que regem a vida sobre a Terra. Religiões e profetas, filósofos, cientistas e o testemunho de comunidades ancestrais fazem apelos para a convivência pacífica entre os viventes, de modo a se considerar nosso planeta como ser vivo, a cujo destino estão irremediavelmente associadas nossas próprias vidas. De Francisco de Assis, o Homem do 2º Milênio, ainda ecoam os versos que apontam para a paz ecosférica: “Irmão vento, irmão sol, irmã lua, irmão lobo tu és meu irmão...”. Uma utopia a nos fazer crer que da sabedoria ecológica e da responsabilidade ética surgirá o homem novo, irmão do universo.

O autor, Ademir Costa, é membro da ong Movimento Proparque.
Para conhecer a ong, visite a página www.movimentoproparque.blogspot.com