domingo, 16 de dezembro de 2007

A MILITARIZAÇÃO DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Nota de
Frei Rodrigo Péret, ofm.
Secretário Nacional de Justiça, Paz e Ecologia dos Franciscanos


Sobradinho, 13 de dezembro de 2007


Estou em Sobradinho, BA, em solidariedade à luta pela defesa do rio São Francisco e a Dom Cappio, que nesse momento é símbolo dessa luta.

Dom Luiz Cappio já está há dezessete dias em jejum e oração como forma de protesto contra a transposição do Rio São Francisco.

A Militarização da Transposição do Rio São Francisco.

A Transposição é uma questão controversa e de muita luta social. O Governo Lula, além de iniciar as obras sem uma ampla consulta à sociedade e sem considerar as alternativas, propostas no âmbito do próprio governo, fez a opção pela militarização da Transposição. Entregou para o Exército Brasileiro o início da construção das Obras do Eixo Norte e do Eixo Leste da Transposição de parte das águas do Rio São Francisco.

Ficou encarregado das obras o 2º Batalhão de Engenharia e Construção do Exército, de Teresina, que toca as obras de transposição de águas do Rio São Francisco para o eixo Norte do semi-árido. Os militares mantém sua na Fazenda Mão Rosa e os acessos à área da obra estão impedidos. Uma grande área já foi desmatada.

Hoje tropas do exército estão estacionadas na região das obras nos dois eixos, bem como na barragem de Sobradinho. As notícias são de que também soldados da infantaria se encontram na região. Com armamento pesado e até mesmo presença de tanques.

O exército faz operação social, como que querendo ganhar para si uma opinião favorável da população de Cabrobó.

Tratar uma questão social e ambiental numa perspectiva militar é um grande erro. Não se impõem políticas que pretendem promover a vida por meio da força. Já vivemos no Brasil, no período da ditadura militar a infame ideologia de "segurança nacional". Essa ideologia buscava o tal inimigo interno e encarava toda e qualquer idéia do povo diferente das do diligentes, como um perigo para a segurança do país, mas ao mesmo tempo ampliava os interesses do capital internacional no país. Hoje, a Transposição serve aos interesses do agro hidro negócio e não ao consumo humano e às necessidades dos camponeses, povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas.
Na missa de ontem em Sobradinho o Pe e Teologo José Comblin comparou Dom Frei Cappio ao profeta Daniel.

Paz e Todo Bem!
Frei Rodrigo Péret, ofm.
Secretário Nacional de Justiça, Paz e Ecologia dos Franciscanos

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