domingo, 9 de dezembro de 2007

Gestão Pública e o aparthaid socioterritorial em Fortaleza

Por
Leonardo Sampaio, educador popular

A Gestão Pública é como um instrumento identificador dos processos de desigualdade socioeconômico e socioambiental da cidade, como podemos ver a infra-estrutura urbana em Fortaleza, o desnível de equipamentos públicos e privados encontrados dos lados Leste e Oeste da Cidade. Do lado Leste, circulam os maiores investimentos de capital privado e público, com estrutura urbanística voltada para servir à elite dominante, política, empresarial e turística.

Essa elite, ao longo dos anos, governa a cidade dentro de um aparthaid socioambiental, com políticas de desfavelamento da região, transferindo os pobres para as zonas Oeste e Sul (Conjuntos Marechal Rondon e Jurema, em Caucaia, e Conjunto Palmeiras, em Fortaleza), em péssimas condições de moradia. Situação que levou a uma resistência das comunidades faveladas do lado Leste, exigindo permanecerem onde estavam, mas, com melhorias de vida, construindo equipamentos públicos capazes de atender suas necessidades, como urbanização, construção de moradias, reforma de casas, escolas, postos de saúde, água, esgoto e outros. O que resultou na construção dos Conjuntos Santa Luzia, Santa Terezinha e Santa Joana d´Arc.

Já do lado Oeste residem as classes trabalhadoras pobre e média. A classe média tenta intermediar um padrão de vida com as estruturas do Oeste e a pobre padece da discriminação e arrogância da gestão do Estado burguês, distanciando-a da felicidade humana. O Oeste da Cidade de Fortaleza é o lado a que a gestão pública nega até os direitos constituídos em toda sua amplitude como qualidade de vida. Negação essa que leva esse contingente populacional, ocupar espaços vazios, muitas vezes inadequados à moradia, como: mangues, margens de açudes, rios e riachos sufocando o verde tão necessário à vida.

É nesse pouco verde que resta aonde nasce a resistência dos moradores da região Oeste pela preservação e construção de equipamentos urbanísticos que venham assegurar dignidade e vida a essa população apenada pelas gestões públicas, diminuindo assim, o processo de apartação socioterritorial da cidade de Fortaleza, com a implantação do Parque Urbano Rachel de Queiroz.

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