terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Arrastão Causa Pânico e Morte no Centro de Fortaleza

Uma onda de assaltos tomou conta do centro de Fortaleza. Instlou-se o pânico entre as pessoas que corriam de um lado para outro, em busca de lugar seguro. Uma senhora morreu após ataque cardíaco. Crianças perderam-se dos pais. Era sábado, 22, o centro cheio, dadas as compras de natal. Autoridades das Polícias Militar e Civil negam tenha havido arrastão, mas apenas uma "grande confusão", conforme o jornal O Povo. O jornal Diário do Nordeste não noticiou a ocorrência, na edição que li. Não sei se saiu segundo clichê.

O fato faz água na propaganda do governo do Estado que anuncia a eficiência do programa Ronda do Quarteirão (RQ) em três áreas do Estado. É que o policiamento no centro e em outros bairros está aquém das necessidades. Por seu turno, a propaganda do RQ exalta: veículos Rilux equipados com computador, rádio e celular. É evidente o destaque para as tecnologias.

Na publicidade oficial, nenhuma palavra sobre o policial que está(rá) em ação. Parece que as máquinas garantirão a segurança. A pessoa humama em segundo plano. Há pelo menos 15 anos, o policiamento está precário, por falta de concurso para admitir gente, por escassez de armas e muniões. Data desse tempo a opção pelas tecnologias como monitoramento GPS, computador de bordo, essas pirotecnias. Só que sem gente, e gente bem treinada e em número suficiente, em todos os pontos da cidade, nada feito.

As pirotecnias são seguidas de "redução do Estado", das despesas. Parece paradoxal , mas há uma lógica não-dita. Compram-se veículos de americano praticar esporte e equipamentos fabricados por multinacionais. O Estado reduz postos de trabalho, a pessoa perde oportunidade de emprego, mas o capital internacional continua faturando. E a insegurança grassa entre a plebe ignara, mistificada por imagens televisivas e aterrorizada pelo crime batendo à sua porta. O ciclo viciado e vicioso perdura: a população pede segurança e vota; os eleitos estreitam aliança com o capital e garantem a reprodução deste.

Parece seguro concluir que a segurança entra nesse roteiro teatral como Pilatos entrou no Credo.

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