quarta-feira, 14 de abril de 2010

Jornalista reage à truculência em Congresso

O texto a seguir mostra como a falta de democracia impera até entre nós jornalistas que, a todo dia, denunciamos as intolerâncias dos outros. A autora, jovem jornalista, difundiu sua indignação via e-mail, portanto é uma manifestação pessoal dirigida inicialmente a seus amigos. Recebi autorização dela para publicar.


Janayde Gonçalves

No último fim de semana,10 e 11 de abril, fui ao Congresso Estadual de Jornalistas.
A valorização da profissão de Jornalista se faz com resistência e luta. E neste caminho prosseguimos em defesa do direito de ocupar o espaço político que nos cabe.
Os objetivos do evento eram: comemorar o dia do Jornalista, celebrar 57 anos do sindicato no CE, eleger delegados para o Congresso Nacional e votar pautas de interesse da categoria.

Talvez, muitos dos que estejam lendo essa carta só estejam sabendo disso agora.
Pois bem companheiros, quando iniciada a votação, as bandeiras começavam a se erguer e vozes de jornalistas que não faziam parte da atual gestão foram diversas vezes cerceadas pelo puro autoristarismo da mesa diretora e da presidente do sindicato. Pelo uso da força, até. Mesa essa votada por 26 delegados. Digam-me se 26 representam os mais de 2 mil jornalistas do Ceará?

Não é de hoje a precarizarização do movimento sindical em nossa categoria. Presenciamos uma gestão que mantém um equipamento que deveria ser representativo sob seu controle, a punho de ferro, com portas fechadas e da forma mais fechada possível. Eu ouvi falar do sindicato em 2003, recebi canais de comunicação da entidade nesse ano, quando entrei na faculdade, e somente agora em 2010, quando fui convidada a participar de um movimento que propõe uma transformação coletiva da atual conjuntura.

Fiquei estarrecida com o que me aconteceu, com o que presenciei no evento. O autoritarismo tomou conta do Congresso. Mesa diretora e Presidente do Sindicato tentaram impedir-me de pronunciamento. Débora arrancou o microfone de minha mão. A plenária se posicionou contrária à presidente, mas foram quase 20 minutos de discussão para a mesa autorizar que eu me pronunciasse.Toda a briga para que eu falasse por apenas dois minutos. Falta democracia no Sindicato. Como disse Daniel Fonseca: o Sindjorce hoje tem uma gestão despótica e monocrática.

Em seguida, Débora faz discurso de vítima, depreciou dois colegas, Daniel Fonseca e Helena Martins pela atuação de ambos na Enecos (eles já tinham saído do auditório).
Por fim desdenhou das únicas 3 pessoas que pela primeira vez, se posicionaram sobre as pautas, expuseram suas opiniões, naturalmente contrárias à dívida histórica que a atual gestão contraiu com a categoria e com os milhares de jornalistas que se formaram nos últimos 7 anos. Uma situação monocrática, de descaso e distanciamento de uma entidade que não é representativa.

Digam-me se se um congresso que possui 26 delegados, dos quais 21 são ligados a atual gestão, é legítimo? Lembrando que só uma diretoria compõe 18 nomes.. A presidente disse que as pessoas que se posicionaram contrariamente estavam ali para manchar sua imagem.

Eu senti um tremendo mal estar nesse encontro. Por essa situação, não posso me furtar de expressar a todos os amigos companheiros da profissão, minhas considerações sobre o Congresso Estadual dos Jornalistas, minha profunda tristeza, decepção, na minha primeira ida a um Congresso de Jornalistas do Ceará.

E imagino, meus companheiros, o que os afasta desses espaços. Mas convoco e saúdo os que têm coragem a congregarem esforços, contruir um movimento de alguma maneira, para mudar a situação da representação dos jornalistas no Ceará. Jornalistas ainda não sindicalizados, filiem-se e exerçam seu direito de voto, de voz.

Jornalistas sindicalizados, cheguem junto.

Jornalistas de redação não são “frouxos” como quiseram afirmar no Congresso.

A companheira Mozarly Almeida solicitou, oficialmente, ao representante da Fenaj presente na Plenária final do Congresso, no caso Celso Schröder, que a Federação Nacional dos Jornalistas designasse um observador para acompanhar as eleições previstas para fim de julho. Também ressaltou para a mesa que dirigia os trabalhos que gostaria que nosso pedido constasse em ata.

Nossa profissão é de uma belíssima função social. As contribuições que damos ao nosso estado são importantes. Não podemos deixar que os jornalistas sejam, a todo momento, minados, desarticulados e oprimidos, por interesses de um grupo tão pequeno.
Não podemos nos omitir, temos que tentar mudar essa situação. A crise é muito maior do que aparenta!

E nesse momento faço minhas a palavras de Mozarly Almeida: Temos que contribuir, para a defesa da categoria, porém em conjunto com os colegas de profissão. Para nós, o saldo maior será termos conseguido tirar as pessoas que compõem esta sofrida profissão da zona de acomodação e apatia, graças ao debate ideológico sobre os caminhos e a forma de atuação que acreditamos serem os mais viáveis para o Sindjorce.

Por isso, estamos no páreo e esperamos contar com o apoio e o reconhecimento dos colegas, que, como nós, acreditam que é possível a construção de uma representatividade forte e combativa, respaldada em suas ações e por jornalistas.

Janayde Gonçalves é jornalista recém-formada e integra o Movimento Transformação Coletiva. Este movimento catalisa a insatisfação da categoria ante o ambiente hostil capitaneado pelos patrões e que culminou com a desregulamentação do exercício profissional pelo Supremo Tribunal Federal, ato criticado até por altas autoridades do Judiciário

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