sábado, 11 de julho de 2009

O Diploma, os Jornalistas e os Professores

Uma amiga que identifico aqui apenas como "Do Carmo" mandou-me mensagem de um professor contestando a decisão do Surpemo de não se exigir diploma para o exercício da profissão de jornalista.

Sou favorável ao diploma. Submeti-me à lei e estudei, recebi o diploma. Acho, mesmo, que uma formação específica é algo desejável. Sou favorável à exigência do diploma para ser jornalista, mas não concordo com todas as argumentações a favor desta posição. É isso, Ponto.

Aproveito a mensagem do Professor para tecer algumas considerações. Não podemos tapar os ouvidos aos argumentos dos que são contra, se ficarmos “atordoados” ante nossos opositores.

Reproduzo abaixo a mensagem que recebi e faço alguns comentários em negrito:

Mais que isso, o jornalista deve ter um compromisso com a ética, com a educação, com os resultados que a sua fala ou a sua escrita irão provocar na sociedade.
Nem todo jornalista formado se comporta com ética. Aprendi a vivenciar ética na minha casa e na minha religião. Até porque vários professores foram péssimos modelos de ética, incluindo um que não ensinou, apesar de terem lhe dado a cadeira de “ética e legislação”... – kkk. A reflexão sobre ética no curso ajuda, claro!.

Não sabem da existência de laboratórios de fotografia, de rádio, de televisão, informática e planejamento gráfico. Que se ensina filosofia, psicologia, sociologia e antropologia como bases fundamentais para o exercício da profissão. Não é indispensável fazer comunicação para aprender estas práticas e teorias.

É como se para ser juiz, bastasse ler a constituição. Aliás, diga-se de passagem, que para ser ministro do Supremo, não é necessário se prestar concurso público, bastando ser nomeado pelo presidente da República, com aprovação pelo Senado Federal. Ou seja, este negócio de "com curso" não é realmente bem aceito pelos ministros do Supremo. O argumento é falho porque o cara passou primeiro em um concurso para ser juiz e “subiu”, supostamente, por merecimento. Se há falhas no processo, corrija-se o processo, mas esse argumento de ministro não aceitar concurso é raciocínio fraco para o professor de comunicação.


Em um país que passa fome de educação, de cultura, de profissionalismo, a decisão enfraquece ainda mais as instituições e debilita o já enfraquecido organismo social. Só de modo secundário o curso de comunicação ajuda a fortalecer o tal organismo social. Sua influência ocorre junto com outras influências e não é fácil detectar com precisão os benefícios decorrentes só da profissão de jornalista diplomado. A primeira finalidade do curso não é esta, mas preparar para o correto exercício da profissão. O sapateiro que aprendeu com seu pai pode ser tão (ou até melhor) cidadão engajado e lutador pela melhoria das instituições que os diplomados de outras profissões, hoje. A luta dos sindicatos dos sapateiros está registrada na história do Brasil, para este professor ler.

É cedo ainda para prever os resultados da não obrigatoriedade do diploma. Os cursos de jornalismo serão fechados? (o fechamento de muitos será um benefício para a sociedade) Quais as conseqüências na mídia? (a mídia ficará com os diplomados e os sem-diploma que fizerem o papel de subordinados ao capital. Ficará com os sem-diploma e com-diploma que sejam bons, como Paulo Henrique Amorim, que não tem diploma, mas tem coragem e enfrenta poderosos como Daniel Dantas. A mídia precisa dos bons, para o sua melhor imagem) Quem lutou para conquistar um diploma de jornalismo, faz o quê? (Cava um lugar com esforço e sem a moleta da obrigatoriedade do diploma) Os professores de jornalismo farão um curso de culinária no SENAC? (Os bons darão aula até de culinária, sem desmerecimento algum. Se não é bom professor, melhor ir encher “pastel de vento” em outro lugar, fora das cátedras que jamais deveria ter ocupado. Mas se a universidade quisesse qualidade, o incompetente sairia, independente da questão do diploma ser analisada pelo Supremo).

O que realmente “está matando” a categoria jornalista é o “moinho satânico” chamado capitalismo, a tirar nossa última gota de sangue e transformá-la em lucro. Mas esta não é uma especificidade de nossa categoria, pois várias outras estão na mesma. Esta é uma realidade da classe trabalhadora. Resta saber se nós diplomados assumimos nosso nome comum de trabalhadores ou se nos vemos como elite. Ora, porque não nos aceitamos enquanto trabalhadores (Michael Jackson é nosso protótipo), maquiamo-nos de tudo, assumimos os discursos da classe dominante, somos instrumentos dela, viramos as costas para nosso povo-nação (mas nos achamos “éticos”!!!) e, ironia das ironias, não sendo solidários uns com os outros jornalistas e muito menos com a classe trabalhadora em geral, com as raríssimas exceções de praxe entre jornalistas, caminhamos para a autodestruição. Porém, diferente de Michael Jackson, seremos sepultados em cova rasa e o mundo não assistirá um show apoteótico de despedida para nós-pessoas nem para nós-categoria – kkk.
Você viu algum protesto da sociedade contra a “queda” do diploma? Se viu, me mande a fotografia, o filme, o recorte de jornal ou a imagem de tv via e-mail. Se não viu, que pena... deve ser ingratidão dessa sociedade.
É por aí – ou não, caetanamente.


PS.: Se o leitor quiser mandar para esta postagem para alguém, está autorizado. Se alguém pensar depois de ler, ficarei satisfeito.

Jornalista Só com Diploma
A deputada federal Rebecca Garcia (PP/AM), que coordena a formação da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Obrigatoriedade do Diploma, está recolhendo assinaturas dos colegas. São necessárias 198 assinaturas de parlamentares, deputados e senadores. Precisamos ajudar!! Ela quer lançar essa Frente até dia 15 de julho. E ainda faltam muitas adesões. Que tal se todos nós ajudássemos?

Vamos ao trabalho!! Escreva agora para o parlamentar ou assessor de parlamentar com quem você tem relações... (e dos com quem não tem também) e peça adesão à frente.

Visite Jornalista, só com diploma! em: http://jornalista-so-com-diploma.ning.com

Um comentário:

  1. Gostaria de saber se o MEC vai exigir diploma de jornalismo para um professor do curso de graduação - habilitação em jornalismo, já que o diploma não e mais obrigatório. Logo não teremos jornalistas graduados para lecionar.

    ResponderExcluir