quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

PEDRA CAÍDA, A MARAVILHA ECOLÓGICA DE CAROLINA

Impossível conter gritos e palavras de admiração. A água cai soberba, trazendo consigo uma lufada de vento frito e um agradável barulho que se mistura ao canto de pássaros e...

Após o texto de Ademir Costa, matéria de Edmilson Sanches que recebeu menção honrosa em concurso de reportagem

Por Ademir Costa

Estivemos no Recanto Tutístico Pedra Caída, uma das maravilhas do Parque Nacional das Mesas, no último dia 5, eu, minha mulher Maria Luisa Vaz Costa e minha filha Débora, junto com o casal João e Fátima Sousa, nossos amigos de São Luís. O balneário é situado no km 70 da Rodovia BR 010, que dá acesso a Carolina (Sul do Maranhão, Brasil). Possui como principal atração a cachoeira de 30 metros de queda, ocupando uma área de 700m com vegetação de cerrado, plantas candifólias e subcandifólias, em terreno de formação samambaia constituído de rochas frágeis datadas de 145 milhões de anos, conforme os guias Nivaldo Sousa e Marcos Maranhão Braga.

Ali já foram catalogadas 48 cachoeiras e mais de 400 nascentes. Antes de desembocar no rio Tocantins, o rio Pedra Caída forma um lago de 700 metros. O parque nacional está sob os cuidados do Ibama. Além de Pedra Caída, a na mesma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), tem a Cachoeira da Pedra Furada com 48m de altura, mas só acessível em condições especiais, quando o proprietário (Pedro Iran, Fazenda Pipes) designa guias para acompanhar turistas ou pesquisadores.

Enquanto nos dirigíamos para a cachoeira que eles chamam de Santuário Ecológico, Nivaldo nos apresentava plantas e sua associação a usos e lendas da região. Murici e Pata de Vaca foram as primeiras. Segundo o guia, o Cajuí aumenta o apetite sexual da mulher. É para ela o que a Catuaba seria para o homem. Mostrou o Alecrim e o Pau de Leite. Este seria usado pelos índios como energético, antes de esportes que exigem força, como carregar troncos de árvores às costas, em competições. A Fava de Borboleta é usada como morada pelas abelhas e empregada na alimentação do gado. Já o Traim Rasteiro é usado pelas mães no trato de "sapinho" (salmonela) quando aparece a doença na boca das crianças. Por seu turno, o Pati-Coco fornece madeira para a construção de casas.

Os presentes fazem perguntas, curiosos, e são advertidos desde o início para não coletarem plantas nem escreverem nas rochas. Os guias são gentis e atentos ao cumprimento das regras. Chegamos, finalmente, a uma espécie de canyon por onde escorre o riacho. Descemos 114 degraus e nos deparamos com águas que caem em bicas, brotando das rochas. O encantamento é geral. Todos cedem ao convite ao banho. Faz-se necessário proteger as câmaras fotográficas. Juntam-se a nós mais quatro discretos guias.

Após alguns minutos de banho, todos iniciam a caminhada rio adentro, percorrendo 280 metros de caminhada até a Cachoeira Grande ou Santuário Ecológico. Impossível conter gritos e palavras de admiração. A água cai soberba, trazendo consigo uma lufada de vento frito e um agradável barulho que se mistura ao canto de pássaros e morcegos. Em deteminada hora do dia, forma-se o arco-íris, com a separação das cores da luz na nuvem de gotículas formada pela queda d'água, conta-nos um dos guias.

A piscina que ali se forma é rasa, não oferece perigo. Todos se divertem a valer, a maioria com receio de se aproximar mais do pondo de queda da cachoeira. No retorno, comentários revelam o deslumbramento de quantos participaram da experiência.

A fama do lugar vai longe, pois é visitado constantemente por pessoas do Japão, Ucrânia, Alemanha, França, Estados Unidos, Coréia, Itália, outros países e, claro, dos quatro cantos do Brasil.

MAIS INFORMAÇÕES
http://www.santuariopedracaida.tur.br/
reservas@santuriopedracaida.tur.br
55 (99) 3531.2426
Endereço:
BR 010, Km 70
65980-000 Carolina MA
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No caminho de Carolina tem uma pedra (2)

Por
Edmilson Sanches, jornalista caxiense radicado em Imperatriz.

INTRODUÇÃO

Em 1989, o jornal O Estado do Maranhão promoveu concurso de reportagem com o nome do jornalista Odylo Costa, filho. O texto que enviei, após pesquisas e milhares de quilômetros rodados em Carolina, foi distinguido com menção honrosa.
A reportagem levava o título “No caminho de Carolina tem uma pedra” e foi publicada na primeira página do caderno “Alternativo” d’O Estado. A partir daí, ele foi republicado aqui em O Progresso e até mereceu as atenções do colega escritor e confrade de Academia Sálvio Dino, à época prefeito de João Lisboa e líder da associação dos municípios do sul do Maranhão. Soube até que iniciaram um “movimento” para me concederem o título de cidadania carolinense, pelo trabalho feito -- que se estendeu, anos depois, em palestras sobre a economia, o desenvolvimento e o futuro de Carolina.
Segundo registra O Progresso de 1º de julho de 1989, a sugestão de Sálvio Dino era a de transformar o texto em plaquette, termo francês que designa um livro de poucas páginas, com um cuidado gráfico e artístico especial.
O tempo passou e ninguém mais se interessou.
A propósito, a “pedra” do título não se refere tão-só à conhecida cachoeira, gruta e pousada de Pedra Caída, mas também -- senão sobretudo -- à “pedra” no meio do caminho mental de autoridades e empreendedores que demoraram a compreender que o município de Carolina ofertava há muito tempo condições para ser um grande destino turístico, de fruticultura e outras coisonas mais.
* * *
Não é nenhuma novidade municípios brasileiros pujantes de potencial não serem adequadamente explorados. Falta conhecimento, falta vontade, falta humildade nas ações para que uma comunidade atinja com mais velocidade os patamares de desenvolvimento que já deveriam ter sido galgados pela população.
O sul maranhense é extraordinariamente rico. Seu potencial apresenta um variado cardápio de opções econômicas (sem descuidar do ambiente).
Abrir-se para essas potencialidades, ter o timing exato para a decisão, a discussão e a implementação de projetos -- eis o que se espera, mais e mais.
Com a qualidade de solo, a riqueza hídrica, o vasto território, a localização estratégica e tudo o mais que tem, não era -- decididamente não era, há décadas – para este estado e esta região ainda amargarem as referências socioeconômicas que destilam.
As pessoas, os maranhenses, os imperatrizenses, têm o direito de sair do estado de dependência e atingir o status de competência.
(E. SANCHES)

UM SER INTRATERRESTRE - Contam-se estórias e histórias acerca da gruta de Pedra Caída, em Carolina. Tem as que falam das "sensações" que a gruta e especialmente o salão despertam no visitante. Sabe-se de casos de demonstração de medo, deslumbramento, choro, risos nervosos e de pessoas que ficam "em estado de beatitude", como se referiu Renato de Carvalho Rego, que foi testemunha de um dos registros mais insólitos (e desconhecidos) sobre Pedra Caída, ocorrido em 1974.
Renato e seus irmãos, Flávio e João, foram até o salão da gruta. Flávio ia tirar fotografias. Sem equipamento adequado, a lente de sua máquina tinha de ser limpada rapidamente e constantemente. Após a revelação do filme, constataram que, na foto da grande cachoeira, aparecia, com boa nitidez, "um ser com capacete de viseira, parecendo um astronauta, que ia subindo (sic) pela cachoeira", como se estivesse levitando em pé.
A história poderia parecer fantástica demais, não fosse a credibilidade de que desfrutam as pessoas nela envolvidas: Flávio Carvalho Rego, o fotógrafo, é engenheiro civil e diretor de Planejamento do DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento); João Odolfo Medeiros Rego na época era escrivão, titular do cartório do 2º Ofício e, hoje [1989], prefeito da cidade; Renato de Carvalho Rego, detentor de vasta cultura histórica mundial e brasileira, é coronel da Aeronáutica, presentemente [1989] servindo na Base de Alcântara.
Estive na residência deles e conversei com os dois últimos, mas a fotografia, "de tanto ir daqui pra lá e de lá pra cá" -- explicaram-me -- não foi localizada. Acreditam, mesmo, no seu extravio. O coronel Renato é da opinião de que os seres alienígenas vêm mesmo é de dentro da terra. E conta muitos fatos, cita diversos autores que defendem a mesma hipótese. Assim, para o militar, o alienígena fotografado na gruta estaria vindo de debaixo da terra.

O VENTO E A LENDA - Quanto ao vento forte e uivante da gruta, recolho em "Folclore Brasileiro - Maranhão", de Domingos Vieira Filho, a "Lenda do Lago Vermelho", que trata da ocorrência de "fatos estranhos" em um lago "situado no Vale do Tocantins": (...) "As águas do lago subitamente se encrespam, em redemoinhos sinistros, ruídos esquisitos se produzem que enchem de pavor os moradores das adjacências".
Não se trata da mesma coisa, mas há algumas semelhanças com o lago que se forma no salão da gruta de Pedra Caída: ambos ficam no Vale do Tocantins, adquirem tom avermelhado e, quanto ao vento forte e seus "ruídos sinistros", lembro que, após convencer-se de que eu não estava a serviço de políticos (ele relutava em dar informações -- que, afinal, quase inexistem), o proprietário do recanto Pedra Caída, Jaime Queiroz, convidou-me a passar uma noite em um dos chalés, "para ouvir o barulhão da gruta".

AS PEDRAS DO CAMINHO - As fotos do interior da gruta (tiradas pelo fotógrafo profissional que me acompanhava) foram para o álbum das lendas -- não prestaram: o salão não se revelou para olhos mecânicos.
Comparei as amostras de pedras e rochas com as fotografias do livro Rochas e Minerais, do alemão Walter Schumann. Identifiquei (ou acredito ter identificado) apenas três: pedra-pomes (ou pomito), trass e lapilli. O trass tem propriedades hidráulicas, é muito importante em construções embaixo da água e é resistente a produtos químicos. O lapilli, como o trass, é de origem vulcânica e mede entre 5 milímetros a 5 centímetros. A pedra-pomes é muito conhecida, vendida nas boas farmácias e drogarias, tem propriedade abrasiva, é rica em sílica e forma-se por resfriamento rápido de lava. O grande número de poros, sua estrutura esponjosa, deu-lhes o nome, que vem da palavra latina que significa "espuma".

TEM POLÍTICA NO MEIO DO CAMINHO - Peço a Jaime Queiroz sua opinião sobre a possibilidade de transformação da área em reserva ecológica. Ele não sabe ainda que uma emenda (nº 090/89, de 30/03/89, apresentada pelo [o à época] deputado Raimundo Cabeludo -- que de repentemente surgiu lá em Pedra Caída e no meio deste trabalho) quer adicionar ao texto da nova Constituição maranhense [aprovada em 5 de outubro de 1989] um artigo que trata da criação da Reserva Ecológica do Tocantins, com "início no Rio Farinha até o Rio Itapecuruzinho", rios da região. Jaime responde rápido: "Seria o fim da Pedra Caída". E justifica: "Onde o governo entrou, está-se perdendo tudo".
Procurei ouvir o deputado autor da emenda, que nos olhava de longe: "Meu medo -- confessa ele -- é o de que os donos das áreas onde se localizam os diversos pontos turísticos da região resolvam vendê-las para grupos exploradores do Centro-Sul". "Como se sabe -- continua o deputado -- , esses grupos visam fundamentalmente ao lucro, lucro acima de tudo, e iriam explorar essas dádivas de Deus a peso de dólar, deixando o nosso povo sem acesso às belezas naturais de sua própria terra".
Ele esclarece que a reserva não tira a propriedade; não é desapropriação, é preservação.
Procurei saber como o proprietário de Pedra Caída via essa ressalva: "Assim é diferente. Mas é dispensável".
Pergunto qual o preço das terras, ali na região. "Não avalio -- responde --; os donos são donos dos morros, das montanhas".
Jaime Queiroz mostra-se magoado com a política e os políticos: "Teve um tempo que eu pedia à Prefeitura tratores, pá mecânica, para fazer alguns serviços aqui. Nunca fui atendido. Talvez tenha sido melhor; depois os políticos iriam me cobrar e ficaria mais caro. Também não pleiteei empréstimos subsidiados; eles só sairiam com intervenção política. Aí resolvi continuar do mesmo jeito: fazendo tudo devagarinho, com recursos próprios".
Ouvi o prefeito de Carolina: "As administrações passadas nunca se voltaram para a parte do turismo; tudo sempre passou em brancas nuvens. Mas, agora, vamos trabalhar em cima disso, pois uma das nossas fontes de riqueza é o turismo".

PEDRA NO CAMINHO - A "Serra Pelada" de Carolina é, decididamente, o turismo. É quase certo que terão retorno os investimentos que se fizerem ali, na sadia exploração do lazer e da diversão. Tem belezas naturais variadas, há acesso, há hospitalidade e há muita tradição e história -- Carolina completa, em julho, 130 anos de sua elevação à categoria de cidade [em 1989]. Outra coisas: há anos não se registra qualquer violência no município. "Nem mesmo um tapa tem-se registrado aqui", assegura o prefeito.
João Maranhão Moreira, pintor local, divulgador das belezas da região, chama Carolina de "Cidade do Sol". Mas cabe também "Cidade das Águas". O coronel Renato Carvalho prefere, místico, "Vale dos Sonhos" ou "Morada do Deuses".
É necessário um trabalho sério, um estudo técnico, um levantamento criterioso das belezas naturais e das potencialidades turísticas da região. Até agora [1989], vingam a primariedade empresarial, o desprezo político, a pouco ou nenhuma consistência das informações mais superficiais.
Os próprios autores da terra ainda não acolheram devidamente em suas obras -- pauca, sed bona -- as coisas e loisas sobre seus rios, riachos e ribeirões, seus banhos e balneários, praias, cachoeiras e grutas, morros e montanhas e sabe-se lá mais o quê. São só escritores, sei bem; não são técnicos. Mas às vezes também os locais podem ser as personagens principais. Sobre Pedra Caída, então, os registros são poucos: li rápidas menções, feita assim en pasant, em duas crônicas de Ruy Alcides Carvalho [farmacêutico-bioquímico e cronista carolinense, já falecido].

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No caminho de Carolina tem uma Pedra Caída.
No caminho do reerguimento de Carolina outras pedras se alevantam, e esperam ser removidas.
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O táxi fretado que me traz de volta pára no meio do caminho e pega um passageiro, representante comercial do Sul, atualmente morando em São Luís. Ele dividirá as despesas da corrida. Sem ser consultado, fala das belezas da região carolinense e diz que com muito menos outra regiões do país estão se dando muito bem. Ele dá a receita: "O segredo é explorar o turismo sem explorar o turista".
Fico pensando nisso, mas aí, exaustos, meus cílios e pálpebras iniciam uma briga de amor umas com os outros, e nessa luta íntima fecham-me os olhos, fazendo-me dormir.
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Nota do Editor Ademir Costa

Em 2006 foi criado o Parque Nacional Chapada das Mesas, administrado pelo Ibama, que abrange o Recanto Tutístico Pedra Caída.

5 comentários:

  1. esta cachoeira é simplismente mara vilhosa... amei este lugar. foi muito bommm!

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  2. Nossa! realmente um paraíso, encantador, um contato direto com a natureza,simplesmente incrível...muitoo lindo, vale a pena conhecer essa maravilha que a natureza nos oferece...faça uma visitinha você também...

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  3. Marcia Pedroso

    Realmente muito lindo.A queda d' água nossa encantador, o canto dos pássaros divino.Tudo lá é maravilhoso...Nós seres humanos somos muito equivocados, precisamos é conhecer primeiramente os encantos em que nossa cidade, ou país nos oferece, para depois conhecer outros lugares...pois se lá existe encanto, maravilhas, aqui também se tem...pensem nisso...aproveitem as maravilhas que o Brasil nos oferecem...

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  4. JOSE ERNANI DA SILVA PINHEIRO12 de outubro de 2009 às 17:39

    JOSE ERNANI DA SILVA PINHEIRO,
    NA SEMANA SANTA 1994,EU CONHECIR PEDRA CAIDA COM UMA TURMA DE AMIGOS,DE IMPERATRIZ-MA,CIDADE QUE MEROVA ATE 1996,CHEGAMOS NA SEXTA FEIRA DA PAIXAO E FICAMOS ATE NO DOMINGO SE DIVERTINDO,EM PEDRA CAIDA,CAROLINA E ITAPECURU. DEPOIS QUE CONHECIR SEMPRE QUE TENHO OPORTUNIDADE EU VOU LAR PARTICIPAR DAQUELA MARAVILHA QUE DEUS DEIXOU PARA NOS USUFRUIRMOS.HOJE MORO EM CANAA DOS CARAJAS-PA,ESTOU JUNTANDO UNS AMIGOS PARA IRMOS LAR A QUALQUR MOMENTO,MEU ENDERECO E FAR-CONFIANCA@HOTMAIL.COM

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  5. la é mara e ta melhor agora depois que meu pais assumiram a pedra ta tudu muito bom...
    =)

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