sábado, 10 de novembro de 2007

HOJE, TRABALHO INFANTIL É CRUELDADE

Li no jornal O Povo, de Fortaleza, e até me emocionei com a carta do Sr. Vitoriano Bezerra de 14.set.2007. Quero externar aqui minha admiração e aplauso por sua história, a mesma de milhares de sua geração.

Casos como os dele já não se aplicam como modelo para o mundo de hoje. É forçoso reconhecer que os tempos são outros, as oportunidades de sobrevivência nos empregos e trabalhos autônomos bem simples exigem sempre mais capacitação, torna-se cada vez mais difícil viver sem qualificação adquirida com dedicação total aos estudos. Não se trata só de possuir diploma, mas de desenvolver competências mínimas de comunicação e domínio de um ciclo tecnológico muito superior ao da geração de nossos pais.

No contexto atual, permitir que crianças e adolescentes trabalhem oito horas e estudem à noite não é o ideal. Se este fosse o melhor modelo, os filhos da classe média e da elite adotariam este esquema. Não é o que se vê. Criança fora da escola e trabalhando constitui violência. Se a sociedade aceitou tal situação antes, aquele tempo é página virada.

Se autoridades e jornalistas advogam a favor daquele paradigma, estão equivocados e fazendo a defesa de quem, de alguma forma, ainda hoje tira proveito daquela situação. Hoje, crianças e jovens trabalham e conseguem destaque na vida, são a minoria que chega ao pódio, são exceção. A regra é um futuro de pobreza extrema, miséria e, até, de delinqüência.

Quem deseja este futuro para as crianças e adolescentes de hoje? Quero escola para crianças e adolescentes pobres -- e escola de qualidade. Em tempo integral. Dinheiro nossa nação tem. Povos menores e menos influentes que o Brasil fizeram esta opção há 20 ou 30 anos e hoje colhem os frutos. Pressionemos os que se apropriaram do poder para que usem o poder em benefício da maioria da população, também pela perspectiva educacional. Por que haveríamos de condenar nossos filhos e os filhos de nossos contemporâneos a um futuro sem futuro? Parece-me, seria muita crualdade.

Jornalista Ademir Costa

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