segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aquecimento Global e Eleições

Uma semana! Duas semanas!
Por:
Alexandre A. Costa

Car@s Amig@s,

Faltando uma semana para as eleições (03/10) e duas semanas para a mobilização mundial por 350 ppm de CO2 (10/10), quero dirigir-lhes esta mensagem. Nela, torno público meu voto e faço um chamado, em particular, para influenciar na qualidade das bancadas de deputados (estadual e federal). Também convido para nos manifestarmos na semana seguinte.

Vivemos uma conjuntura mundial em que nunca as dimensões ambiental e social andaram tão intimamente ligadas uma a outra. Desconhecendo fronteiras, os componentes do clima - atmosfera, oceano, chão, gelo e biota - se posicionam hoje no holofote de uma grave crise. É verdade que já assistimos há muito a contradição fundamental entre o crescimento exponencial da acumulação capitalista e a não-renovabilidade, ou renovabilidade a um ritmo limitado, dos recursos naturais. Mas hoje não se trata de uma situação em que se possa imaginar substituir um recurso exaurido por outro, na produção dos bens de consumo.

Não há uma segunda atmosfera. Na única que temos, as emissões associadas à queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) nos levou a 390 partes por milhão de CO2. Isso é 40% Acima da era pré-industrial, 30% acima do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos, praticamente o dobro do que havia durante as eras glaciais e talvez mais do que já se teve na Terra em 20 milhões de anos. Essas 390 ppm impõem uma vigorosa pressão sobre o sistema climático terrestre, ao mudar substancialmente as trocas de energia na escala do planeta, que, em termos simples, passa a reter mais calor.

É ao mesmo tempo terrivelmente doloroso saber que é sobre as populações, espécies e ambientes mais vulneráveis (ou vulnerabilizados) que os impactos da mudança climática tendem a recair com vigor redobrado. Ainda que não se possa, numa posição rigorosamente científica, atribuir cada evento meteorológico/climático extremo à mudança climática e ao aquecimento global, não se pode deixar de olhar para as tragédias em Niger (seca severa seguida de enchentes fora de época), no Paquistão (enchentes), na Rússia (onda de calor recorde e incêndios) com preocupação.

À Natureza, não interessa o destino de alguns de nós, ou mesmo de nossa espécie inteira ou mesmo da vida como a conhecemos. Na verdade, nosso planeta todo é apenas um insignificante pontinho azul, na perspectiva do Universo inteiro. Mas não é insignificante para nós. Só nós, uma minúscula fração do cosmos que evoluiu ao ponto de pensar, refletir, sentir, amar, podemos responder de outro modo que não seja com indiferença. Sim, é a nós que cabe zelar por nós mesmos, nossos filhos e netos e as gerações depois deles, por nossa família ampla, de tantos primos de DNA, ancestrais comuns da primeira tira. Só posso, com isso, pensar que é necessário agir para cuidar daqueles que amamos, da grande irmandade humana, dessa grande família de homens, gibões, tartarugas, sequóias e borboletas.

Neste momento (uma semana/duas semanas), faço uma pausa, pois esse meu pensar traz dois desdobramentos muito, muito práticos.

Primeiro, quero dizer que faço questão de contar, nos parlamentos, como tribunos, na disputa em torno da opinião pública e das leis, com pessoas sensíveis a estas questões, que as compreendem no patamar necessário para que eu possa chamá-los, com orgulho de "meus representantes". Estivesse em São Paulo, encontraria facilmente em Ivan Valente um nome assim (especialmente ao combate que ele travou contra Aldo Rebelo e sua nefasta revisão do código florestal); no Rio de Janeiro, as figuras de Chico Alencar e Marcelo Freixo me vêm à mente, de imediato. Mas estou, assim como a maioria dos que receberão esta mensagem, nesta terra singular, de semi-árido e de caatinga, de praia e manguezal, de serra e flor, de sol e vento, antes batizada de Siará. E fico feliz que, nesta Seara, eu possa, daqui a uma semana, votar com orgulho, dizendo-lhes o nome em som e em tom, altos, claros e bons. Voto nessa querida e destemida ambientalista chamada Soraya. Voto - e gostaria de chamá-los a todos a fazê-lo, em nome da necessidade de que esse tipo de discussão que fiz - em dois lutadores extremamente atuantes: meu candidato a dep. federal, Renato Roseno (5050) e meu candidato a dep. estadual, João Alfredo (50.050).

Segundo, diz respeito a uma semana depois, dia 10/10/10. Em vários locais do mundo ocorrerão manifestações pela redução das emissões de gases de efeito estufa e por 350 ppm de CO2. Estou querendo que façamos um grande encontro, no Parque Rio Branco, no domingo dia 10, após as eleições, em que possamos ter arte, música e debate! Está lançada a proposta!

Grande abraço a todos.
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Alexandre A. Costa, Ph.D.
Professor Titular
Mestrado em Ciências Físicas Aplicadas
Universidade Estadual do Ceará

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