quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Seminário Sobre Agrotóxicos em Quixadá, Ceará

Comunicação da Profa.
Raquel Maria Rigotto

Com a greve dos trabalhadores da Delmont, que abriram uma janela para a sociedade enxergar o que acontece num empreendimento como este e de quê desenvolvimento se trata, encontramos a região do baixo Jaguaribe realmente com novos ares, como profeticamente foi batizado o nosso Seminário sobre agrotóxicos pela Soraya.
Contamos com mais de 300 pessoas nos três dias de trabalho - auditório da FAFIDAM lotado de estudantes do CENTEC, da própria UECE, professores da rede pública, profissionais de saúde, lideranças de ONG e movimentos sociais, trabalhadores. As exposições e os debates foram construindo naquele coletivo um olhar ampliado sobre as transformações em curso naquele território, contexto em que se agrava o problema da contaminação ambiental e humana pelos venenos. Os depoimentos dos trabalhadores, que romperam com o medo apesar das 170 demissões realizadas pela Delmont no dia 21.8, colocaram a história viva no palco e mexeram com as pessoas e instituições.Assim como a fala e o vídeo da comunidade de Lagoa dos Cavalos, do Esplar, das Bananeiras, mostrando que existe um caminho sustentável sendo trilhado por eles, como já adiantara o Prof. Hidelbrando, ao realçar os trunfos do vale.
Ao final, a comissão de encaminhamentos propos a constituição de um Fórum Permanente, composto pelas entidades que organizaram o evento - Ministério Público Estadual, Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos–FAFIDAM, Cáritas, Núcleo Tramas/UFC, Diocese de Limoeiro, Via Campesina, Articulação do Grito dos/as Excluídos/as da Diocese de Limoeiro do Norte, Instituto de Educação e Política em Defesa da Cidadania - IEPDC, Esplar, CENTEC, 10ª CERES- Limoeiro do Norte. Representantes dos estudantes e outras entidades/movimentos poderão aderir. Este Fórum debaterá também as propostas surgidas durante o Seminário e encaminhará.
Entre estas propostas está o envio de uma carta ao Ministério da Saúde, propondo que a região seja incluída nas prioridades de projeto sobre os impactos da transposição do São Francisco sobre a saúde da população. E também para incluir a região como piloto do Plano de Ação Integrada em Vigilância dos Agrotóxicos, que também está sendo preparado pelo Ministério da Saúde.
Paralelamente, tivemos reunião com autoridades públicas do setor saúde dos municípios de Limoeiro, Quixeré e Russas, na presença das Dras. Sheila Pitombeira e Bianca Leal, promotora pública de meio ambiente em Limoeiro. Foram definidos alguns encaminhamentos para ajudar os municípios na tarefa de controlar a contaminação/qualidade da água consumida pelas comunidas da Chapada, e para implantar as ações de saúde do trabalhador e vigilância ambiental no SUS, num esforço conjunto.
Pudemos ainda iniciar o estudo do caso de um dos trabalhadores - Sr. Valderi, bem como anotar contatos com outros trabalhadores, colher informações preciosas sobre os agrotóxicos utilizados e as condições de trabalho, manifestar apoio aos trabalhadores grevistas e aos demitidos, apoiar a negociação das demissões, pela feliz coincidência da chegada na cidade da Promotora do Trabalho, Dra. Hilda Leopoldina, para participar do Seminário; boa cobertura da imprensa = Diário do Nordeste... Enfim, muita luz!
Entre as tantas pessoas que ajudaram nestes avanços, ficam aqui agradecimentos especiais à Soraya e à Pastora, da Cáritas de Limoeiro, mães de boa parte destas luzes.
Atenção, agora, ao movimento dos trabalhadores lá.


A Autora:
Raquel Maria Rigotto
Profa. do Departamento de Saúde Comunitária
Núcleo TRAMAS - Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade,
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

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