quarta-feira, 2 de julho de 2008

Mulher, você quer matar seu filho???

Por
Ana Echevenguá

Claro que não! O instinto maternal sempre fala mais alto! E envolve a mulher-mãe num sistema integrado que estabelece laços afetivos entre ela e o filho.

Se isso é verdade por que o Brasil quer legalizar o aborto?

João Baptista Herkenhoff, juiz e professor, ao concluir seu artigo "Aborto: o legal e o existencial", alega que, em razão deste conteúdo existencial, o aborto carece de tratamento jurídico diferenciado. Para tanto, "um conjunto de medidas sociais, pedagógicas, psicológicas, econômicas, médicas deveria proteger o direito de nascer". Afirma ainda que "a sociedade tem o dever de socorrer com empenho e eficácia a mulher grávida; todo o esforço social deve ser desenvolvido para que a mulher não seja compelida ao aborto".

Grande mensagem nessas palavras! Quantas pessoas já tiveram a coragem de dizer/escrever/expor que as mulheres são compelidas ao aborto? Raras.

Nesse Brasil em que uma bolsa-família* é considerada uma maravilha (rima de um jingle da campanha Lulinha paz-e-amor), as mulheres são "pressionadas" pela ignorância, pela pobreza, pela miséria, pelo macho que a emprenhou, pela mídia que vulgariza o aborto como solução contraceptiva ideal - a matar seu filho antes de vê-lo fora do útero. E, se cruzarmos os braços, essas mães serão induzidas a matar seus filhos por uma nova lei, absurda e inconstitucional, cuja aprovação está nas mãos dos - Eleitos por Nós -, em Brasília.

Mas, afinal, o que é este tal de aborto? A mulher fica grávida e, por motivos vários, precisa interromper o processo de gestação, dando "um jeito" na gravidez indesejada. Esse jeito (aborto) nada mais é do que matar o próprio filho antes do parto.

Então por que não se chama isso de homicídio, de assassinato..? Afinal, isso é matar alguém, é crime contra a vida? Sim. Previsto no Código Penal.

Morto o filho, foi eliminado o problema? No meu entender, não. E se criaram vários outros. As seqüelas da morte de um filho – de qualquer idade, de qualquer tamanho - acompanham a mulher-mãe por toda a vida. Ainda que ela não esteja atrás das grades de uma prisão convencional, a "masmorra da consciência" é a punição constante, martelando em sua cabeça a cada minuto.

Mesmo que não tenha pegado no colo, sentido o cheirinho, o calor da pele, um filho deixa marcas na mãe; deixa saudade... Para Chico Buarque, saudade "é arrumar o quarto do filho que já morreu".

De "masmorra" e de "saudade" eu posso falar porque matei uma filha dando a ela um medicamento errado. Acidente? Negligência? Obra do destino? Não importa a causa; o resultado fala mais alto e não cala com o passar do tempo.

Gente!, as mulheres do Brasil não precisam de leis que as induzam a matar seus filhos. Precisam de educação para o sexo seguro porque sexo seguro é bom, é saudável e deve ser praticado com freqüência (apesar de todas as contrariedades hipócritas reinantes). E de respaldo estatal para garantir aos seus filhos todos os direitos elencados no artigo 227 da Constituição Federal: "o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".

Claro que a concretização desses direitos não se consegue com a falaciosa bolsa-família (cujo valor é de R$15,00 a 95,00, de acordo com a renda per capita e o número de filhos). Tampouco é um conto de fadas: todos os direitos que elenquei foram transcritos do texto constitucional que não saiu do papel ainda.

E não sairá enquanto estivermos nas mãos de governantes que apresentam alternativas homicidas para a resolução dos nossos problemas.

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