quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Seminário Discute Serviços Ambientais e Urbanismo

O 2º Seminário Internacional sobre Serviços Ambientais parece ser uma tentativa de a Prefeitura de Fortaleza limpar sua imagem. Se foi esta a intenção, haja desastre. No sétimo ano de seu mandato, Luizianne Lins não conseguiu sair da mesmice de seus antecessores e o meio ambiente de Fortaleza continua a ser destruído. Ontem, no primeiro dia, pessoas denunciaram aterramento de riachos onde está projetado o Parque Rachel de Queiroz, nenhuma lagoa com mata ciliar original, inúmeras lagoas aterradas no passado e outras sendo aterradas hoje, em plena administração do PT junto com partidos ditos de esquerda (PSB e PC do B) e conservadores como o PMDB. Fala-se em 300 árvores cortadas por mês, dado a ser confirmado. Neste cenário, haja discursos sobre serviços ambientais e promessas de se realizar um Plano Diretor de Arborização de Fortaleza, plano cujo planejamento se arrasta há anos, no Fórum da Agenda 21 de Fortaleza, um esvaziado espaço integrado pela Prefeitura de Fortaleza, empresários, universidades e movimentos sociais. São mais de 40 entidades representadas, mas a última vez que compareci em julho, estavam presentes 8 pessoas. No seminário internacional, o secretário de Meio Ambiente, Deodato Ramalho, queixou-se de não ter fiscais, dos empresários que constroem sem respeitar o ambiente e da população em geral. Em outras palavras, admitiu que o poder público é refém dessas forças, quando tem a função de impedir os excessos desses dois lados e impor o respeito às leis ambientais, no interesse da coletividade. Anunciou a iniciativa de uma cooperativa plantar milhares de árvores como compensação por emissão de carbono durante evento nacional em Fortaleza como se fosse uma maravilha de ocorrência. E deitou dúvidas em cima de afirmações do Inventário Ambiental de Fortaleza, feito por encomenda da prefeitura. O documento afirma que Fortaleza tinha naquela data apenas 7% de sua cobertura verde original. Entre 1968 e 2003, a cidade perdeu, portanto, cerca de 90% de verde, conforme o estudo. O Inventário foi editado em 2003 pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Como só em um ano, entre 2010 e 2011, a construção civil cresceu 30% em Fortaleza (dado que Deodato Ramalho me forneceu em entrevista), agora a cidade deve ter bem menos que 7% de seu território como área verde de origem. Fiz uma intervenção no seminário para dar a referência correta do Inventário Ambiental sobre a perda de 90% do verde de Fortaleza, entre 1968 e 2003, pois a Profa. Dra. lúcia Mendes, agrônoma da Uece, pediu ajuda nesse sentido, ao fazer sua palestra sobre "Arborização e Áreas Verdes de Fortaleza, uma Abordagem Histórica". Ela retirara o dado do síte do Movimento Pró-Parque Rachel de Queiroz e não sabia precisar a fonte. Falei que em 20 anos, do Prefeito Cambraia, passando por dois mandatos de Juraci Magalhães até os outros dois de Luizianne Lins, "a cantiga da perua é uma só: é de pior a pior" a situação ambiental de Fortaleza. Sucessivas administrações inoperantes, as construções "comendo" o verde e a sociedade civil gritando por justiça ambiental. Um quadro lamentável que continuou na promissora administração Luizianne, disse eu. Fiz coro a um senhor que falara antes de mim, no sentido de que a prefeitura precisa profissionalizar-se para debelar a hecatombe ambiental que se abate sobre Fortaleza. Terminei com o verso da música que canta: "isso tudo acontecendo e nós aqui na praça dando milho aos pombos".

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