quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Mais que serviços ambientais

O presente texto não é uma crítica aos ambientalistas atuais, mas um convite à reflexão sobre até onde realmente podemos – e precisamos – ir, em nossa missão de tornar o Planeta Terra um lugar melhor para todos, afinal, não estamos cuidando do planeta somente para nós humanos, mas para todos os seres que aqui vivem. O pensamento ambiental evoluiu muito nas últimas décadas e os movimentos ambientalistas vem alcançando e sensibilizando cada vez mais pessoas pelo mundo afora. Essa evolução, no entanto permanece limitada, circunspecta à lógica antropocêntrica mantida há milênios, desde que o homem criou a agricultura e domesticou algumas espécies animais. Essa lógica, que considera que a Natureza está aí para nos servir, não pode assegurar a perpetuação da vida no planeta, não evitará que o avanço desenvolvimentista termine um dia com a vida na Terra, ele no máximo trará uma sobrevida, porém, a destruição e a escassez nessa sobrevida continuarão a aumentar. Tal visão antropocêntrica faz com que a maioria de nós humanos queira cuidar da Natureza apenas por medo de perder as vantagens e os ganhos materiais que ela pode oferecer. Por isso hoje o debate ambientalista gira em torno dos negócios verdes, dos chamados serviços ambientais e outros ganhos que pessoas e empresas tem e poderão vir a ter por preservar. As discussões e as decisões sobre proteção ambiental – sob o guarda-chuva do Desenvolvimento Sustentável – são feitas em salas climatizadas, por pessoas que não tem quase nenhum contato com a Natureza e com a multidiversidade de seres que a compõem. Defender a Natureza de verdade é considerar aqueles que defendemos, é enxergar e respeitar cada uma das belas formas de vida que coabitam a Terra conosco, é reintegrarmo-nos com eles, para voltarmos a nos sentir-se parte da grande Teia que conecta todas as formas de vida. Isso requer um processo de mudança interior, onde cada um terá de questionar o conceito de vida e de sacralidade preponderante na sociedade ocidental, que vê a Natureza somente como um amontoado de bichos e plantas sem alma, deixados por Deus para usarmos como quisermos. Essa mudança de pensamento felizmente já está em curso. Muitas pessoas pelo mundo já estão sendo sensibilizadas a esse nível e revendo suas atitudes mesmo no âmbito das ações ambientalistas. É um chamado interior, um apelo que a Terra Viva e Pulsante faz a cada um de nós, um chamado à reconexão com essa Grande Mãe que nos acolhe e nos alimenta. Isso já aparece nos movimentos de permacultura, ecovilas, veganos e adeptos da chamada “simplicidade voluntária”. Alguns requerem atitudes radicais, que seriam inacessíveis para a maioria das pessoas, mas podem inspirar atos mais simples para o cotidiano de todos e também inspirar aqueles que tem o poder de decidir pelo coletivo. Um exemplo simples, de cidadãos comuns, está nos defensores de animais abandonados. Essas pessoas não fazem seu trabalho para ganhar hoje ou no futuro, fazem por pura doação, para o bem dos seres que defendem. Para os tomadores de decisão, o exemplo de Butão, uma pequena nação asiática que trocou o conceito de Produto Interno Bruto pelo de Felicidade Interna Bruta, evitando que o país ingressasse na onda desenvolvimentista e consumista que domina hoje o planeta. São atitudes que transcendem o atropocentrismo e vão além dos limites da visão mercadológica. Estão em sintonia com os princípios que nortearão a Nova Era em que estamos devagarinho adentrando. Antonio Eli Barbosa Terapeuta Holístico ::: 85 9917.8560 www.antonioeli.com.br | twitter.com/antonioeli

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