sábado, 7 de fevereiro de 2009

Centenário do Pastor da Paz

Transcorre hoje o centenário de nascimento de D. Helder Câmara, maior filho de Fortaleza. A meu ver, Helder Câmara Causa inspiração e encantamento.

Ele inspira a ser gente, a ser pessoa
Ele inspira o cristão a ser solidário
Ele inspira a Igreja a ser cristã
Ele inspira jornalistas a serem verdadeiros.

* Ele encanta por encarnar tudo isso.
* Ele encanta por seu poder de articular: na hierarquia (ainda padre, ele articulou bispos na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e no Conselho Episcopal latino-americano), no meio das autoridades (particularmente no campo da educação e da política) e no meio dos leigos, incentivando-os na Ação Católica e, por exemplo, na Cáritas, instituição internacional que ele trouxe para o Brasil.
* Ele encanta pela coragem. Membro da hierarquia, ele assume papel que, em tempos normais, seria mais adequado para os leigos.
* Ele encanta pela sintonia com seu tempo: sabe que na ditadura os leigos não poderiam elevar a voz sem serem eliminados pela tortura ou por uma bala. Outro exemplo: sabe usar a mídia. Aperfeiçoa o francês e o inglês para falar aos jornalistas durante o Concílio Vaticano II.
* Ele encanta pelas suas propostas. No Concílio Vaticano II, incentiva o estudo e a reflexão de que resultam o Pacto das Catacumbas e a Opção da Hierarquia pelos Pobres na constituição pastoral Gaudium et Spes (Alegrias e Esperanças). Aquele pacto levou bispos a abandonarem o "tom principesco" e abraçarem a simplicidade. Na América Latina os bispos abandonaram os palácios, as liturgias suntuosas e outras atitudes que afastavam o clero do povo simples.
* Ele encanta por saber trabalhar em grupo: sempre ouviu um grupo de leigos do qual participava e que o assessorava nas grandes questões.
* Ele encanta pela mística. Homem que ora de madrugada, reflete. Ele próprio, encantado com o Cristo, transborda espiritualidade em seus poemas, em sua prosa ("Se discordas de mim, tu me enriqueces") e em sua oratória. Homem de pequena estatura, agiganta-se quando fala, pois suas palavras são acompanhadas por gestos largos.
* Ele encanta por sua opção pelos pobres. Enfrenta a lama de Recife nas grandes enchentes, defende-os e propõe, no final de sua vida, em um brado internacional: "Cheguemos a 2000 sem fome!"

Em resumo, ele encanta por sua vida.

Ademir Costa

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