domingo, 19 de outubro de 2008

Estelionato Eleitoral

Por
Adalberto de Alencar,
Educador

Qualidade e universalidade: como garantir os servicos públicos que a população necessita, tendo em vista a atual BASE ECONOMICA FRAGILIZADA nos municípios brasileiros??

Praticamente temos por encerradas as eleições municipais na grande maioria dos municipios brasileiros.
E o que podemos dizer é que, se tirarmos como média o que vimos pela televisão, não se discutiu os problemas reais de cada município.
Vimos um lado aqueles que estão nos Governos Municipais procurando os melhores marqueteiros para "mostrarem" o melhor que foi feito durante os ultimos 4 anos. Do outro lado uma "oposição", em grande parte, que não tem outro objetivo se não assumir os governos para reproduzirem, com uma outra logomarca e possivelmente novos fornecedores, a velha forma de administrar os municípios brasileiros -com pouca eficiência, endividamento público, corrupção e pouca geração de economia real-.
Todo mundo fazendo campanha e promessas SEM LASTRO FINANCEIRO. Sem âncora no orçamento municipal.
Um tremendo "Estelionato Eleitoral". O que se promete não tem condições reais de se cumprir. A eleição parece mais um conto de fadas. Lamentável é que milhões de brasileiros estão excluídos desta fantasia.
E a Crise Financeira Mundial? Não atinge a realidade dos nossos municípios??
O Brasil tem, hoje, boa parte de sua economia ancorada à economia Americana, que está em crise e começa entrar em um longo processo de recessão.
Venderemos menos para nosso maior importador. Isto significa menos emprego, menos economia, menos investimentos nos municipios brasileiros. O mesmo já comeca acontecer na Europa, nosso segundo maior mercado importador. Ou seja estamos chegando ao final de mais de uma década de aquecimento da economia capitalista. Desta forma as ações e os negócios irão diminuir de forma significante nos próximos anos. Em resumo: menos atividade econômica.
Hoje o turismo e os servicos empregam uma grande parte de brasileiros. Com a iminente recesssão e o desemprego, também este setor entrará em retração.
Menos emprego, menos economia, menos consumo, menos ICMS, menos Fundo de Arrecadação dos Municipios. Sem esquecer de falar da previsão de arrecadacao municipal, estadual e federal, que se reduzirá nos próximos anos. Nada disto se discute na eleição. Ao que parece, a elite política brasileira vive "um conto de fadas" que possue uma "varinha-máquina" para imprimir dinheiro para realizar sua obras fantasióticas.
O período de dinheiro fácil do governo federal, ao que tudo leva a crer, está por findar.
Temos ainda, para agravar mais a problemática, o financiamento da produção e do consumo que ficará mais caro com o aumento das taxas de juros.
Não dá mais para financiar a produção e o consumo com juros "subsidiados e sem lastro real" = Crise Financeira.
Os fundos de pensão - grandes investidores da economia atual -, perderão milhões nos próximos meses. Nossa dívida externa crescerá com o aumento das taxas de juros. Para os prefeitos e prefeitas eleitos, pareceu não ter importância a questão do custo da máquina administrativa, da eficiência na gestão, do combate ao desperdício e a corrupção. Ou seja, pareceu nao ser importante discutir e pensar numa forma mais barata, mais justa e mais correta de administrar uma prefeitura.
Temos um auto Custo-Brasil no que se refere as máquinas municipais.
Basta ver o relatório dos Tribunais de Contas dos Municípios apontando as irregularidades nas gestões públicas municipais.
Como financiar as necesidades de um município?? Como produzir uma economia real em cada municipio?? Como garantir qualidade nos serviços que a população necessita, tendo em vista a atual BASE ECONOMICA FRAGILIZADA nos municípios brasileiros??
Como escolher prioridades em um período de recessão??
Pelo que se viu, parece que esta agenda não faz parte das eleições e nem das prioridades dos atuais e futuros prefeitos.
Para alguns a saída será mais individamento, dinheiro do BID, Banco Mundial etc. Porém, até mesmo esta forma fácil de conseguir recursos diminuirá com crise financeira mundial, e a capacidade de pagamento de economias em recessão diminuirá.
Nossa sociedade parece estar tão pouco informada, e bem menos ainda consciente desta realidade econômica dos municípios.
Já temos grandes desafios em época de boa e estável economia: milhares de jovens que querem emprego; demandas de saúde; educação; habitação etc. Reflita-se: e agora, com recessão e crise financeira internacional??
NÃO, NÃO! ISTO NÃO DEVE FAZER PARTE DO DEBATE ELEITORAL E DA GESTÃO MUNICIPAL!!!!!
Os gestores públicos brasileiros já estão preparados, com uma varinha mágica para PRODUZIR UM NOVO MUNDO, UMA NOVA ECONOMIA!
Iniciamos uma crise dramática para milhões de traballhadores em todo o mundo, e em particular no terceiro mundo. Mas isto parece não fazer parte do mundo dos gestores municipais brasileiros. Ou seja, não fazemos parte desse "mundo"???
Eles só terão seus empregos ameaçados daqui há 4 anos. E um bom marqueteiro, com uma boa dose de poder econômico e articulação política, pode resolver o problema de ganhar as eleições. Mas, certamente, não resolverá a crise das economias municipais.


Adalberto de Alencar
Estocolmo/Suécia, 8 de outubro 2008

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