quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Do "Deixa pra Lá" ao "Chega pra Somar"

Esta mensagem não é uma peça incendiária. É um chamado à reflexão, ante o (aparente?) "deixa pra lá" da juventude. Aviso: não estou zangado, nem acabrunhado, pelo contrário: alegre, sorridente e otimista.

Sei que há pessoas do "deixa disso" cheias de boa vontade e que todos querem ajudar, mas lembre-se do dito popular: "de quem muito se abaixa alguma coisa aparece". Ser prudente é bom, mas humilnar-se, jamais. E jovens não devem ser muito prudentes, senão envelhecerão muito rápido, e a Terra precisa ser salva pela juventude de vocês. Se vocês se curvarem diante de um só ou de um punhado de grandes, como é que vocês terão garra para apagar esta Terra na qual Nero está tocando fogo?

Pelas reações observadas, acho que entendi tudo errado. Vejam: não era para a juventude estar emo protesto, ante tanto descalabro? Desculpe, estou errado?

Ora, se é assim, como colocar debaixo do pano o que está acontecendo mundo afora, e calar? Lembrem-se: velhos é que saem com a idéia de "deixar pra lá" e só reagirmos diante de novas truculências. Como diz o cearense: Diábéisso? Não fica todo mundo "iraaado" quando sai uma notícia ruim na TV? KKK Por que se dissolve tão rápido nossa indignação?

Compreendo adulto colocar termos mais diplomáticos, assim: em lugar de "você é mentiroso", posso escrever "Vossa Excelência faltou com a verdade". É fácil fazer isso. Agora não se pode, diante de uma violência, não fazer referência à violência, não se reagir contra ela, se escondê-la. Aí é pedir que os jovens façam como a rede Globo, na ditadura. kkk. Para não dizer que a inflação fora alta, ela informava que o rendimento da poupança fora estrondoso (a maior parte correção da corrosão inflacionária)!!! KKK

Que é isso, companheiros? Não sou jornalista da Globo daquela época (hoje está melhorzinho, mas continua ruim o jornalismo dela). Voltando ao nosso universo: há quem diga que "pior do que o surgimento de um conflito, é alimentá-lo". Alto lá. O conflito pode ser criador. Ignorar o conflito é os jovens meterem o rabinho entre as pernas, como se fôssem garotinhos e garotinhas do jardim de infância, amedrontados, longe de nossos pais, sem saber nem poder enfrentar a "monstra" da professora transgressora.

Em meu tempo de jovem minha turma não deixava para lá. Partia pra cima, em situação similar!!!! Que é isso companheiros e companheiras? Sugiro mudarem o raciocínio. Ou vocês não se sentiram agredidos com a brutalidade da sociedade em que vivem? Calemo-nos e ela se sentirá no direito de amanhã, fazer pior... Pensem nisso.

Vocês vão criar problema? Que problemas? O problema já foi criado, e por esta situação que está aí. Vocês jovens têm até o direito de se excederem. É da idade! (natural, portanto) Mais obrigação de mostrar juízo tinha e tem a estrutura adulta, da sociedade. Ou não, pessoal?

Bem, acho que a juventude está tentando resolver os conflitos do momento atual "de forma passiva", e até de forma suicida, pelo álcool e outras drogas mais pesadas. Não concordo, mas devo admitir que o suicídio e sempre uma posição possível, na base do "grito desumano, que é uma maneira de ser escutado", de Chico Buaarque. Aliás, outra atitude é nada fazer e esperar as próximas truculências, como naquele poema de Berthold Brecht cuja moral é "porque não gritamos, agora cortaram-nos a garganta".

Talvez a juventude esteja reagindo por outras formas e minha miopia me impeça de ver -- daí estas minhas palavras. Se, porém, sua opção é pelo niilismo, pela inação, pela agressão, pelo não-razão, fico impotente ante o seu direito de pensar diferente e até o contrário de mim. Estou frio. Se não quiserem, nada façam, se quiserem, façam diferente de minha geração. Melhor ainda, apontem novos caminhos, escrevam outra história, melhor, mais luminosa, estejam à vontade, pois, como disse o poeta Gonzaguinha, "eu acredito é na rapaziaaadaaaa!"

Ademir Costa

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