José Lemos*.
Nos dois últimos sábados
apresentei algumas sugestões para reflexão dos leitores deste jornal acerca de
idéias que formei e que, na minha modesta avaliação, poderiam ser analisadas
com o objetivo de construir planos para tornar a nossa capital mais humana. Este
é ano de eleição de prefeito da capital e precisamos construir uma agenda de
debates acerca do presente e do futuro da nossa cidade, de uma forma
participativa. O faço na honrosa condição de cidadão maranhense, que viveu
parte da vida nessa cidade e que tem vínculos fortes com ela porque, além do
umbigo estar enterrado nas suas imediações (está na Baixada Ocidental), tem
parentes e pessoas a quem dedica muita afeição. Não apenas por isso que
ouso expor as idéias. Acho ser obrigação de quem tem o privilegio de desfrutar
de um espaço formador de opinião, utilizá-lo em beneficio de uma boa causa, como
esta.
Eu havia sugerido a implantação
de metrô de superfície em São Luis, aproveitando o leito da antiga RFFSA,
chegando até Bacabeira, Santa Rita e Miranda. Nas grandes cidades o transporte
coletivo de massas é a solução mais buscada. Em nossa terra não pode ser
diferente. Uma linha de metrô, com trens circulando numa freqüência compatível
com o tamanho da população urbana, desafogará bastante o transito da cidade. A
transferência da Estação Rodoviária para Bacabeira ou para Santa Rita, interligada
à rede ferroviária, tira os ônibus intermunicipais e interestaduais de circulação
de São Luis e ainda estimula negócios numa daquelas cidades, no comércio,
hotelaria, gerando empregos fora da capital.
A construção de um amplo terminal
de descarga em Miranda, onde deixariam as suas cargas para serem
transportadas por um comboio específico para a função, com freqüência
compatível com o fluxo de chegada, daria uma folga ao cinturão de saída da
capital, que precisa ser urgentemente duplicado, ao menos até aquele
município. De quebra, reduziria o número de acidentes numa das áreas mais
perigosas do estado.
Sabemos que isso iria de encontro
aos interesses particulares de empresários do setor de ônibus urbanos. Mas os
interesses da população estão acima dos negócios de quem quer que seja. Eles,
os proprietários das empresas de ônibus urbanos, poderiam construir sociedades
e viabilizar os investimentos para a construção do metrô em parceria com o setor
publico, e se credenciariam para explorar a linha por um prazo definido, que
poderia ser renegociado. O que não pode é a cidade ficar engessada e a sua
população imobilizada ou com dificuldade de deslocamento para o trabalho ou
para o lazer.
Também sugerimos a construção de
“alças de escapamento” nos viadutos da Cohama e da Cohab, acabando de vez com
aquelas preferenciais que causam estrangulamento no trânsito de São Luís em
qualquer hora do dia. Mas as alternativas vão bem mais além. São Luis é uma
cidade que não tem áreas de lazer, não tem espaço para se fazer caminhada,
correr, andar de bicicleta. Os pedestres não encontram espaço para se
deslocarem, pois as calçadas estão sempre lotadas de carros ou se transformam
em extensões de bares. Tem de ser feito um projeto de ordenamento urbano.
Sinto falta em São Luís de um
Jardim Botânico, ou um Bosque em que as pessoas possam ir para namorar, jogar
conversa fora, caminhar, correr, contemplar a natureza. Eu, quando estou em São
Luís, dou as minhas corridas nas imediações da reserva do Itapiracó. Pensei que
para ali poderia ser feito um projeto de Jardim Botânico. Há professores dos cursos
de Agronomia e de Biologia da Uema e da UFMA que poderiam ser requisitados para
opinarem, fazerem um projeto de implantação de um equipamento desses.
Um bosque, ou um Jardim Botânico,
é também um espaço de difusão do saber. Onde os estudantes dos cursos de
Agronomia e Biologia, orientados por professores, poderiam catalogar e
identificar todo o acervo vivo que se encontra por ali. Seria um espaço de
troca de conhecimento com o prazer de desfrutar de ar livre e de odor de natureza.
Um ambiente de pesquisa, de lazer. Lúdico, para onde todos iriam com segurança.
Há ainda o que restou da reserva
do “Rangedor” que também poderia ser outro espaço para construir algo assim.
Como a Assembléia Legislativa está instalada ali, poderia partir dos deputados
uma proposta para construção de um espaço assim, espécie de extensão da Casa do
Povo. Eles estariam trazendo as pessoas para perto, sobretudo os jovens. Um
público irreverente e que se deleita em ambientes onde exercitem a inteligência.
Ficam as sugestões de quem não
tem qualquer pretensão, a não ser aquela de exercitar a cidadania e de poder,
ao menos, contribuir para o debate. Se o conjunto de sugestões que eu fiz,
contiverem algum sentido prático, já estarei satisfeito.
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*Professor Associado III na
Universidade Federal do Ceará. Escreve aos sábados para O Imparcial. Publicado aqui mediante autorização.